Saturday, June 27, 2009

Lata-de-lixo


Há muito já somos um dos países que serve de lixeira para o Primeiro Mundo enviar produtos obsoletos: vacinas com thimerosal, tecnologia ultrapassada, brinquedos perigosos, alimentos tóxicos, remédios vencidos, enfim, toda a sorte de mercadorias que os "ricos" descartaram e têm a cara-de-pau de comercializar com os mais "pobres".

Nada demais, muitos dirão, regras do capitalismo selvagem... Muitos nem acreditam que isso seja feito, que as pessoas não possam ser tão cruéis e insensíveis ao ponto de vender lixo para seus semelhantes (se considerarmos que somos todos seres humanos...).

Mas a falta de escrúpulos ultrapassa todos os limites da razão e da emoção, quando importamos lixo, literalmente falando: caixas metálicas contendo banheiros químicos prensados, preservativos, seringas, cartelas de remédios, pilhas, baterias e material orgânico.
Mais: tambores com brinquedos estragados e sujos, acompanhados de um singelo bilhetinho pedindo para que sejam entregues às crianças pobres do Brasil e com a orientação "favor lavar antes de usar".


Essa "mercadoria" (740 toneladas de lixo acondicionado em 40 contêiners) chegou ao porto de Rio Grande, importada por uma empresa de Bento Gonçalves, descrita como "polímeros de etileno para reciclagem" e vinda do porto Felixtowe, da Inglaterra. Também descobriram em Caxias do Sul, no Porto Seco da Serra gaúcha, mais 8 contêiners com mercadoria descrita na nota que não confere com o recebido e 16 contêiners com o mesmo problema no Porto de Santos (SP).

Citaram a existência de uma "máfia" na Europa, que estaria desviando lixo para outras nações e, naturalmente, com envolvimento de brasileiros, pois alguém tem que ser responsável pelo recebimento da carga.
Agora a briga é burocrática: vai ocorrer a devolução do "presentinho europeu"?
Vemos os envolvidos agarrando-se na legislação, cada um querendo tirar o seu da reta.

E tudo isso foi descoberto devido a uma denúncia anônima feita à Receita Federal... o que nos faz conjecturar se esse procedimento já não é antigo, mas vazou devido a obra de um alcaguete.

Que tristeza... não há mais nada que seja alvo de respeito ou dignidade...

Sunday, June 21, 2009

Déjà vu


Selecionei esse texto dos meus arquivos para que percebam a similaridade com o atual alerta de pandemia - ele foi escrito em março de 2006, na Isto É online; onde lê-se gripe aviária leia-se gripe suína.

Verão que a conversa é a mesma... assim como os procedimentos.

"Pandemia que ameaça matar 50 milhões de pessoas deve se espalhar em 18 meses.
No Brasil, vírus chega em setembro."

Essa frase é até engraçada; será que reservaram passagem aérea com data marcada para ele vir do exterior até nós? hehehehe

(...) E nos seus sinais, há características típicas de uma pandemia - espécie de epidemia global, sem fronteiras e generalizada, que além de matar, poderá levar, no extremo, o planeta ao caos socioeconômico.
O mundo já passou por uma epidemia de gripe em 1918, a tragicamente famosa gripe espanhola. Essa pandemia de agora pode ser ainda mais catastrófica.
(...) "A pandemia de uma gripe virá e a medicina não sabe como combatê-la. Virá em poucos meses. Isso é certeza, disse a ISTO É, Michael Ostherholm, diretor do Centro de Pesquisas sobre Doenças Infecciosas e professor da Escola de Medicina da Universidade de Minnesota. Soma-se á sua voz a do secretário-geral da ONU, Kofi Annan: "Quando ocorrer a primeira transmissão homem para homem, teremos apenas algumas semanas para evitar a sua disseminação. Milhares de pessoas morrerão, os sistemas de saúde ficarão sobrecarregados, famílias serão dizimadas, transportes e comércio serão interrompidos, o progresso econômico e social regredirá. É a isso que se chama pandemia".

*********

Atenção, isso foi dito em 2006 e a gripe era a aviária!

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Continuando:

(...) O Brasil, como o resto mundo, não tem a princípio qualquer estrutura para enfrentar uma onda pandêmica. O governo federal comprou 90 milhões de doses de Tamiflu, até agora o único medicamento disponível contra o vírus da gripe aviária, mas que nem sempre atua com eficácia.

Se entendi bem...

O Brasil já havia comprado em 2006 um estoque enorme de Tamiflu e não tivemos problemas com a gripe aviária (ela não chegou em setembro...), logo o Tamiflu ficou guardado, esperando usuários; porque compramos novamente uma quantidade enorme desse medicamento, com a expectativa de uma nova pandemia (a suína), se já tínhamos em estoque (da aviária)?

Em frente:

(...) Pouco antes do Carnaval, o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique, interpelou pessoalmente o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues: "Quando é que vocês vão tratar a ameaça dessa pandemia como uma questão de segurança nacional? Precisamos ser mais ágeis ou seremos vítimas de uma catástrofe social sem precedentes." Santa Catarina é sede das maiores agroindústrias brasileiras, responsáveis por 60% do mercado interno e 70% das exportações.
A preocupação não era com a saúde da população, mas com os negócios...

(...) Transmitido ao homem através das aves contaminadas, o H5N1 é ápenas um dos vírus de gripe que compõem o amplo e diversificado leque do vírus Influenza - assim chamado porque se acreditava, na época do fundador da medicina, Hipócrates (nasceu na Grécia em 460 a. C.), que a gripe era uma "influência dos espíritos".
Saliente-se que a expressão "fundador da medicina" está incorreta - Hipócrates foi fundador da medicina OCIDENTAL - a ORIENTAL, nessa época já estava anciã, de barbas brancas...
Tanto as aves quanto os homens se infectam, principalmente se entrarem em contato com fezes e secreções contaminadas, pastos, estercos, rações e bebedouros que estejam infectados ou se comerem ave doente. Detalhe: numa ave infectada, o vírus aviário morre em até 3 horas se ela for cozida a 56 graus centígrados, morre em até meia hora se for cozida a 60 graus, mas dura até um mês na ave congelada - ou seja podem comer aves se tais cautelas forem tomadas (o ideal é fervê-la, isto é, submetê-las a 100 graus centígrados).
Outros cuidados:
lavar as mãos com sabonete frequentemente, tomar a vacina contra a gripe comum (propaganda enganosa), evitar aglomerações (atitude nada fácil quando se vive num mundo superpovoado...).

Mas, instaurada uma pandemia, essas providências serão paliativas.
"Ocorrendo uma mutação genética no vírus, se dará a transmissão de ser humano para ser humano, o que poderá detonar uma pandemia", diz o virologista Celso Granato, professor de infectologia da Universidade Federal de São Paulo. Assim, se ocorrerem tais mutações (o risco é altíssimo porque diversos vírus Influenza mudam geneticamente), aí o vírus aviário será transmitido também pelo ar, da mesma forma que se transmite o vírus da gripe comum. A diferença é que o H5N1 é infinitamente mais lesivo ao organismo humano, atingindo rapidamente diversos órgãos, como pulmões, rins, estômago e intestino. (...) Não estamos preparados para uma pandemia que está chegando. Para se proteger, os EUA têm estocados dez milhões de doses de Tamiflu, até agora o único capaz de agir, ou pelo menos, tentar agir, contra a gripe aviária. (...) Nada se sabe, porém, se ele será eficaz no caso de uma pandemia, mesmo porque nela, o vírus já sofreu mutações. (...) Mas há quem diga que em seu território, um rigoroso trabalho de desenvolvimento e armazenamento de novos remédios se dá sob sigilo de Estado e até cavernas estariam virando laboratórios em nome da segurança de seus cidadãos.

Já temos vacinas quentinhas saindo do forno...
Quem se habilita?


Não esqueçam de substituir, na leitura, o nome dos bichos: galinha (2006) vira porco(2009).

Friday, June 19, 2009

Amanhã é dia do Zé Gotinha...


Pólio oral Sabin(OPV)
Vírus vivo atenuado, cultivado em células de rins de macacos.
Reações: anafilaxia, S Guillan Barré, asma, S de West, miopatias, polineurites, poliomilite vacinal


A paralisia infantil tornou-se rara no mundo ocidental, onde existem mais casos de pólio provocados pelas vacinações que pela própria doença.
O vírus atenuado pode sofrer mudanças no organismo, sendo eliminado como germe contagioso pelas fezes por até 8 semanas, causando paralisia pelo vírus vacinal, motivo pelo qual a Sabin foi substituída pela Salk (injeção de vírus mortos) desde 1998, na maioria dos países europeus e americanos.



A OMS não recomenda a vacina oral em regiões onde ocorreu a erradicação da doença e os reservatórios de vírus da pólio estejam sob controle, mas seguir essa recomendação pode ter um risco muito alto.

A dose da vacina oral custa em torno de US$ 0,03 e a dose de Salk US$ 2,50, o que leva a política de imunização nos países pobres a avaliarem mais os aspectos financeiros que os médicos.

Referência desse trecho do trabalho:
XIAOFENG L e al. An outbreak of poliomyelitis caused by type 1 vaccine-derived poliovirus in China. Jour Infec Dis 2006 sept; 194 (5):545-551

Trabalho de revisão "Vacinas: uma postura homeopática" - Dra. Liliane Maria Schuch de Azambuja - Médica formada pela PUCRS, especialista em Pediatria e Homeopatia, docente do curso de especialização em homeopatia para médicos da Fundação Centro Gaúcho de Estudos e Pesquisa em Homeopatia - CEGEPH, vinculada a SGH.

Thursday, June 18, 2009

Jornalismo sem diploma


Folha Online - 17/06/09

Por 8 a 1, o STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou hoje a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Só o ministro Marco Aurélio Mello votou pela manutenção do diploma.

O presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Maurício Azêdo, criticou a decisão. "A ABI lamenta e considera que esta decisão expõe os jornalistas a riscos e fragilidades e entra em choque com o texto constitucional e a aspiração de implantação efetiva de um Estado Democrático de Direito, como prescrito na Carta de 1988", disse ele em nota.

Na nota, Azêdo diz esperar que a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) recorra ao Congresso Nacional para "restabelecer aquilo que o Supremo está sonegando à sociedade, que é um jornalismo feito com competência técnica, alto sentido cultural e ético".

Ele informa que a ABI organizou o 1º Congresso Brasileiro de Jornalistas em 1918 e aprovou "como uma das teses principais a necessidade de que os jornalistas tivessem formação de nível universitário".


Concordo que um diploma não garante que o profissional seja eficiente...
... que tirar A em todas as provas não garante que você seja um gênio...
... que muitas escolas de nível superior são de baixa qualidade...
... que o ensino superior tem várias deficiências...
... que passar no vestibular não demonstra que você domina determinados conhecimentos...
... que há pessoas sem diploma que são mais competentes do que muitas que o possuem...

Há muitos outros argumentos que poderíamos incluir nessa lista; se seguirmos essa lógica simplista, todos os diplomas de todas as profissões deveriam ser eliminados!

Logo, a argumentação do Supremo é altamente abusiva e manipuladora - me sinto vivendo em clima de ditadura!

Não foram os quatro anos de faculdade que me transformaram numa jornalista, não foi na faculdade que aprendi a discernir, a ler, a escrever, a questionar, a observar os dois lados de uma questão e a ser honesta - considero o curso que fiz fraquíssimo (mesmo sendo considerado o melhor, na época) e com altas mensalidades, mas o diploma era necessário para poder exercer a profissão, mesmo sabendo que muitos a exerciam sem tê-lo! E havia um mínimo de controle de qualidade...

Mídia atrelada ao empresariado - agora liberou geral!

Qualquer empresário da área da comunicação pode contratar seus marionetes para articularem suas falas prefabricadas e editadas, sem preocupação com o aval de ninguém (controle de qualidade zero)!

Wednesday, June 17, 2009

Inverno, gripes e resfriados - xô, muco!


É muito difícil passar incólume pela estação do inverno sem ter pelo menos um probleminha respiratório.
Mesmo que você esteja bem alimentado, cuidando do sistema imunológico, acontecem aquelas derrapadas: uma pizza com muçarela (sim, a grafia correta dessa palavra é com Ç) ali, um chocolatinho quente aqui, aquele doce maravilhoso de abóbora cheio de açúcar... enfim, o organismo intoxicado tem que liberar esses veneninhos de alguma forma e, ajudado pela queda da temperatura, vai eliminar, possivelmente, por uma gripe - o muco tem que sair!

Abaixo seguem algumas receitas, todas elas de inspiração macrô, aprendidas por mim na década de 70, quando fui iniciada nos mistérios dessa maravilhosa filosofia oriental - mais tarde, abandonei o radicalismo da sua dieta e preferi a fusão com outras maravilhas, igualmente eficientes - como o vegetarianismo e o crudivorismo.

São elas para serem utilizadas, preferencialmente, ao sentir os primeiros sintomas, aquele cansaço, a sensação de que alguma coisa não vai nada bem dentro de você e que seu corpo e sua alma querem sossego, uma cama quentinha, um chazinho, um afago...

Chá de tansagem (ou tanchagem) - a tansagem é pau-pra-toda-obra: resfriado, gripe, dor de garganta, dor de ouvido, inflamação nos olhos, má digestão - o chá é feito com uma colher de sopa para meio litro de água fervente - coloque a erva num bule de louça ou esmaltado, verta a água por cima, aguarde de 5 a 10 minutos, coe e tome uma xícara 3 ou 4 vezes ao dia.
Para gargarejos, a quantidade da erva é duplicada, o chá tem que ser mais forte.
Atenção: o chá para crianças é sempre bem fraquinho - uma pitada de erva para uma xícara pequena de água fervente.

Chá de flor de sabugueiro: essa florzinha amarela e delicada controla a febre com presteza, faz o corpo suar e eliminar as toxinas rapidinho. Também ajuda na cura das gripes e resfriados e pode ser usado, alternadamente, com a tansagem.
A maneira de fazer é igual e a dose, idem.

Gengibre - o chá feito com gengibre atua contra a gripe e também acaba com dores de garganta e rouquidão.
Para fazer o chá, use 3 a 4 fatias finas de gengibre, com a casca (é nela que está o princípio ativo, por isso prefira orgânico e caso não consiga, lave muuuuito bem) para meio litro de água; ferva 10 minutos, abafe, retire as fatias e tome uma xícara 3 ou 4 vezes ao dia. Pode adoçar com um pouquinho de mel de qualidade.
Para gargarejos, faça o chá mais forte.
Quando estiver pronto, também é possível adicionar à xícara algumas gotas de limão ou ralar uma casquinha dele (se for orgânico, ok?).

Ameixa umeboshi - a umeboshi hoje não é mais um artigo raro, como nos anos 70, quando existia aqui no Brasil só da importada, caríssima e difícil de achar; lembro que nessa época, um senhor que trabalhava na macrô aqui da cidade, me deu uma só (do estoque dele) para fazer um remédio... era um tesouro mesmo!

Essa japonesinha em conserva dura muito tempo e deve ser usada apenas para efeitos medicinais: gripes e resfriados, problemas gástricos e dores de cabeça.
É da família do pêssego e ainda verde é colocada para fermentar com sal e após um ano e meio a três, torna-se um remédio que equilibra a acidez do corpo, desentoxica, é antibacteriana, antiviral, antioxidante e desinfetante.

Ume é o nome da ameixa.
Boshi quer dizer conserva.


Ela funciona assim:

1) usada com banchá (folhas de 3 anos) e shoyu - as folhas verdes devem ser levemente tostadas e colocar uma colher de sopa para ferver em meio litro de água, por uns 10 minutos - quando sentir que a indisposição da gripe ou do resfriado está surgindo, beber o chá com uma colher de chá de shoyu (orgânico, sem açúcar, corantes e conservantes, não vale sakura) e uma umeboshi desmanchada;

2) banchá com gengibre e shoyu e ameixa umeboshi: dentro de uma xícara amassar uma ameixa pequena com caldo de gengibre ralado e espremido (um décimo da quantidade de ameixa) e uma colher (chá) de shoyu. Derramar banchá na mistura da xícara e beber em seguida;

3) para eliminar dores de cabeça, ela deve ser levemente tostada na chama do fogão e misturada ao banchá com gotinhas de shoyu;

4) com araruta: Ume-syo-Kuzu - uma ameixa japonesa salgada, uma colher de chá cheia de araruta, 3 colheres de chá de shoyu, uma de gengibre ralado e 3/4 de litro de água.
Esmagar a ameixa num quarto de litro e adicionar a araruta devagar; juntar o gengibre e o resto da água e ferver até a mistura tornar-se espessa (vá mexendo porque pode empelotar). Deixe esfriar um pouquinho e adicione o shoyu antes de beber.
Ótimo para resfriados, é reconstituinte e desintoxicante.
O caldo de araruta (Kuzu) é excelente contra diarréias e dores de cabeça provenientes de intoxicação: diluir uma colher de chá cheia da farinha de araruta em 2 ou 3 partes de água; adicionar, a seguir, um quarto de litro de água e ferver até ficar transparente (vá mexendo!) Adicionar gotas de shoyu. É um caldinho que combate a fraqueza, aquela moleza que nos derruba...
Atenção: a araruta que vendem no comércio, geralmente, é fake. Atualmente, a verdadeira está sendo plantada na Bahia, podem adquirir nesse site: Araruta da Bahia

Chá de raiz-de-lótus - essa raiz pode ser encontrada seca ou natural (crua). Recomendada, principalmente, contra tosses.
Coloque 3 ou 4 fatias (maior quantidade se for seca) para ferver em meio litro de água por uns 10 minutos, abafe, retire as raízes (dá para comê-las, se desejar) e beba uma xícara 3 ou 4 vezes ao dia.
Se usar o chá de lótus, tome somente ele como líquido, evitando outros.
Ele também é excelente para pessoas que estão deixando de fumar, ajuda na eliminação.

Missô - assim como o shoyu, esse alimento feito com soja fermentada, também é medicinal, tanto que foi bastante usado no Japão, logo depois que largaram por lá a bomba atômica - com a função de eliminar a radioatividade do organismo.
Quando for tomar um caldo ou sopa, coloque antes no prato uma colher de chá de missô e derrube por cima o líquido, misturando bem. O líquido pode estar quente quando misturado à pasta, mas nunca a ferva, porque perde as enzimas que são o seu benefício.
O missô desintoxica, principalmente os pulmões (recomendado também para ex-fumantes).
Única ressalva: como contém muito sal não deve ser consumido demais por hipertensos (nem o shoyu) - aliás, ninguém deve consumir em excesso, pois eles agem aqui como elemento medicinal, e sabe-se que a diferença entre o remédio e o veneno, é a quantidade!

Sunday, June 14, 2009

O sistema caiu


Quase todo mundo já deve ter ouvido essa frase em uma fila de banco ou serviço público, fato que nos faz esperar indefinidamente ou desistir e deixar tudo para outro dia...

Nesse fim-de-semana, fiz parte de um grupo de pais que levou suas crias ao cinema - aventura cansativa e perturbadora, se realizada aos sábados e domingos, quando todo mundo parece ter a mesma ideia!

Longas filas, barulho, confusão, o ar pesado e quente típico dos shoppings, mas enfim, chegamos ao caixa.
Muitos minutos para escolher os lugares (aliás, já restavam poucos), cálculo do preço dos ingressos, quem vai sentar com quem e, enfim, com o cartão de crédito na mão, um pai vai fazer o pagamento.
Mas a balconista avisa: o sistema está demorando pra funcionar!
Após inúmeras tentativas passando o cartão pra lá e pra cá, ela desiste e assume a derrota: não estou conseguindo...
Nos olhamos estarrecidos, faltam só dez minutos para a sessão começar, ainda temos que encarar a fila da pipoca... então, como abomino esses retângulos plastificados que nos ajudam a gastar compulsivamente e fujo deles, abro minha bolsa e tiro lá de dentro, cédulas, dinheiro feito de papel, artigo que está tornando-se raro nas relações comerciais.

Aquelas notas salvaram o dia, conseguimos comprar os ingressos, pagar a pipoca e as bebidas e as gurias assistiram ao filme da Hannah Montana (eu não, porque já tinha ido à estréia e dose dupla de filme teen da Disney não dá para engolir...).

Fiquei matutando sobre a superpopulação, o excesso de uso da tecnologia, a dependência do sistema, as senhas e chips tomando conta de nossas transações, o cheiro ruim e artificial que o os shoppings exalam, em como criamos isso tudo e chamamos de progresso...

Saturday, June 13, 2009

Corrida para produzir vacina


Finalmente! criaram a vacina...
Todo o esquema para o "lançamento da vacina" funcionou: o vírus modificado, o pânico espalhado e, finalmente, logo após a declaração da OMS de que há uma pandemia - vapt-vupt! - sai a notícia de que a vacina está pronta!


Nossa, que campanha bem sucedida de marketing!

"Até setembro, uma vacina contra a nova gripe A (H1N1), a gripe suína, estará no mercado.
O anúncio foi feito pela empresa farmacêutica suíça NOVARTIS, um dia após a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado a pandemia, epidemia em escala global.
Segundo a Novartis, o primeiro lote será usado para avaliações clínicas e testes já no mês de agosto.
A vacina foi produzida em uma fábrica da empresa em Marburgo, Alemanha.
A indústria afirmou que a instalação poderá produzir milhões de doses por semana.
Uma segunda fábrica está sendo construída na Carolina do Norte (EUA)."

Fonte: Correio do Povo/ 13-06-09

A indústria vai "forrar o poncho", "encher o bolso", enfim, faturar hororres...
E o povo, mais uma vez, servindo de cobaia - sem descartar a possibilidade de que o vírus sofra mais uma mutação e que essa vacina já esteja caduca, antes de começar a ser vendida!


Matéria veiculada em ZH de hoje, sábado:

"Com a gripe A agora declarada uma pandemia, os laboratórios entraram nuam corrida para produzir uma vacina contra a enfermidade.

A GlaxoSmithKline disse na quinta-feira, após a OMS declarar a gripe A uma pandemia mundial (helooo! pandemia é uma epidemia mundial... logo dizer pandemia mundial é o mesmo que dizer "subir para cima"...), que em algumas semanas deverá começar a produzir em larga escala uma vacina.
A Sanofi-Aventis também informou que começou a trabalhar na sua vacina e ontem a suíça Novartis anunciou que criou uma proteção experimental que ainda não foi testada em pessoas (quem se habilita????????).
A vacina da Novartis foi feita com uma tecnologia que poderá se mostrar mais rápida do que a maneira tradicional de fazer esse tipo de produto.

Muitos países ricos como Grã-Bretanha, Canadá e França assinaram contratos com indústrias farmacêuticas, o que garante a essas nações acesso à vacina contra a pandemia. A OMC e especialistas estimam que em 12 meses estarão disponíveis 2,4 bilhões de doses contra a doença.

A possível disputa pelas vacinas poderá deixar muitas pessoas nos países pobres com as mãos vazias. Até agora, a gripe A tem se espalhado mais por locais desenvolvidos como Estados Unidos, Grã-Bretanha, Espanha, Japão e Austrália. 18:16 (12 minutos atrás) excluir Vera Falcão
– Nós não sabemos como esse vírus se comportará sob condições típicas encontradas no mundo em desenvolvimento – disse a dirigente da OMS, Margaret Chan, na quinta-feira.

Margaret Chan disse que a OMS espera por um cenário “mais sombrio” quando o vírus fizer seu caminho pela África e Ásia. Em maio, médicos liderados por ela e pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediram à indústria farmacêutica que separasse uma parte da futura produção de vacinas contra a gripe A para os países pobres.

Algumas empresas concordaram em ajudar. O laboratório britânico GlaxoSmithKline Plc ofereceu a doação de 50 milhões de doses à OMS, para serem distribuídas nos países em desenvolvimento.

Durante a gripe aviária, a Sanofi-Aventis prometeu à OMS 60 milhões de doses contra o vírus H5N1.

O porta-voz da OMS, Gregory Hartl, disse que os funcionários estão preocupados com as pessoas que vivem nos países mais pobres e com aquelas que lutam contra doenças como malária, tuberculose, pneumonia e são mal nutridas. Segundo ele, essas pessoas podem ser mais suscetíveis ao vírus da gripe A.

Ontem, a OMS informou que 74 países reportaram quase 30 mil casos da doença, com 145 mortes. Até agora o vírus parece não ser muito forte. Mas pode ter um efeito mais devastador sobre pessoas que já têm problemas de saúde.

Sugestão: cuidar do corpo, da mente e da alma - boa alimentação, exercícios, leituras inspiradoras, manter distância do consumismo desenfreado, praticar solidariedade e amor ao próximo - tudo isso ajuda a manter a saúde e ficar longe das doenças!

Thursday, June 11, 2009

Sombra e Luz


Durante a semana, assisti a dois filmes que têm uma temática semelhante: ambos abordam o nazismo e o holocausto dos judeus, mas de uma maneira que nos leva a ver a questão sob outros prismas, não só aos que estamos acostumados a focar: os malvados soldados da SS e a dos infelizes prisioneiros dos campos de concentração.
Ambas as histórias investem na versão de que nem todos os alemães sabiam o que estava ocorrendo nesses lugares de horror e que aqueles que discordassem da política adotada pelo governo do Führer, teriam igualmente um fim terrível.

São eles: O Leitor e O Menino do Pijama Listrado.

Confesso que o segundo me emocionou mais, por envolver crianças e o ponto de vista inocente que, até uma certa idade, elas têm de tudo (antes de serem contaminadas pela realidade que os adultos criaram). Mas como esses adultos também já foram um dia crianças e inocentes, quem deu início à contaminação? ...

Em O Leitor, questiona-se a participação dos trabalhadores alemães envolvidos na administração dos campos (não militares, mas guardas civis, responsáveis pela rotina diária desses lugares e recebendo ordens de superiores - numa época em que era difícil conseguir emprego).
Se observarmos a situação, sem julgarmos ou tomarmos partido, a mulher que recebeu a maior parte da "culpa" no julgamento, cumpria o que ela julgava ser sua obrigação e isso ela transmite de uma maneira bem objetiva, na pergunta que faz ao juiz, quando este questiona suas atitudes: "o que o senhor teria feito?"
Silêncio. O juiz não soube responder prontamente. E depois disse: "Existem coisas a que não se pode simplemente dar consentimento e às quais temos que nos recusar, se não custarem o corpo e a vida." Numa situação de guerra, a desobediência envolve o preço da própria vida...

Como ver atrocidades cometidas à sua frente diariamente e permanecer impassível, cumprindo regras? Creio que naqueles locais, cada um tratava de salvar a sua pele da melhor maneira possível (no filme do menino, observamos que judeus presos ajudavam a transportar os colegas para os fornos, lacravam as portas, enfim, colaboravam com o "serviço" - poderiam ter dito não e certamente, já estariam mortos).

O que fica fortemente registrado em ambas as películas é o limite tênue que existe entre o Bem e o Mal (a própria definição do que seria cada um deles não é precisa e transparente) e de que a espécie humana tem em si guardada - pronta a explodir - a bestialidade.

Assisti ao O Menino do Pijama Listrado novamente, na segunda vez com minha filha de 10 anos; antes, dei a ela uma panorâmica da situação política da época na Europa, a decadência econômica e social do povo alemão e alguns motivos pelos quais ele teria endeusado Hitler - ela ficou perplexa de como uma única pessoa conseguiu manipular milhares! O filme é uma aula de História não tradicional - mostra a versão de cada envolvido naquele momento histórico: o soldado de carreira em ascensão acreditando que estava lutando para fazer a Alemanha voltar a ser grande, sua mãe que era contrária ao que estava acontecendo e repudiava o filho, a esposa que desconhecia os horrores e quando descobre, enlouquece aos poucos, o filho que achava que o campo era uma fazenda e lá passavam o dia jogando e brincando, o soldado que não denunciou a insatisfação política do pai e por isso foi punido, o menino de pijama listrado que tinha muita fome e julgava que queimavam roupas velhas nos crematórios.

São filmes para assistir com a mente aberta, livre de posicionamentos; procurando não limitar-se a conceitos de "certo" ou "errado" - obviamente, crimes bárbaros foram cometidos - mas ter uma visão geral, distanciada e singular, ajuda a entender como tudo começou, evoluiu e terminou.

Para assimilar porque um garoto diz: "Engraçado como os adultos não conseguem decidir o que querem ser. É como o Pavel. Ele era médico mas desistiu de tudo para descascar batatas" (Pavel era um judeu prisioneiro e que trabalhava na casa onde a família do garoto alemão estava alojada, situada ao lado do campo de extermínio).

E um fragmento do que pensava Michael Berg, de O Leitor, anos após assistir ao julgamento de Hannah e outras guardas de um campo de concentração: "Ao mesmo tempo me pergunto e já me perguntava naquela época: o que a minha geração deve e deveria fazer com as informações sobre as atrocidades do extermínio dos judeus? Não devemos ter a pretensão de compreender o que é incompreensível, não temos o direito de comparar o que é incomparável, não temos o direito de investigar, porque quem investiga, mesmo sem colocar nas perguntas as atrocidades, faz delas objetos da comunicação, não as tomando como algo diante do que só se pode emudecer, horrorizado, envergonhado e culpado.
Devemos apenas emudecer, horrorizados, envergonhados e culpados?
Com que fim?
Não que o ímpeto da revisão e do esclarecimento em que eu tomara parte no seminário simplesmente tivesse se perdido. Mas uns poucos sendo julgados e condenados e nós, a geração seguinte, ficando mudos, horrorizados, envergonhados e culpados - deveria ser assim?"
(O Leitor - Bernhard Schlink - Editora Record )