domingo, 1 de abril de 2007

Já comeu seu animal em extinção hoje?















Estas receitas foram tiradas de um suplemento da Revista Cláudia, década de 60 (aproximadamente) e ensinam como preparar pratos com carne de animais hoje em vias de extinção (um deles já extinto)! Para vegetarianos, nem pensar... Mas um carnívoro ou onívoro, "aceita a sugestão do chef"?

01. CAPIVARA
A capivara tem a gordura entre o couro e a carne.
É preciso muito cuidado para retirar o couro sem deixar a gordura entranhar na carne (caso em que a carne fica insuportável).
Se houver água corrente, amarre a capivara sem gordura e sem o fato por uma corda ou cipó e deixe na água a noite toda ou, pelo menos, três horas. Não havendo água corrente, fervente numa vasilha bem grande, com bastante água e folhas de mandioca.
Lave depois na água fria. Separe os quartos e tempere com sal, alho e pimenta, bastante cebola.
Fure a carne com a faca, bem furadinha, e deixe três horas no tempero. Afogue na gordura bem quente e junte água.
Cozinhe e deixe apurar bem.

02. TATU ASSADO
Pegue um tatu-bola, folha, veado, galinha ou verdadeiro e corte pela barriga, de fora a fora.
Retire as vísceras.
Despregue, com a faca, as paletas internamente e encha os vãos com sal. Salgue também por dentro.
Faça um furo de cada lado das partes abertas e introduza um espeto de dentro para fora, forçando o casco, que é maleável. Depois, meta o espeto pelo furo, de fora para dentro, e leve às brasas. Asse batata-doce ou mandioca no borralho, no mesmo fogo. Sirva junto.

03. FAROFA DE TATU
Pegue um tatu (bola, folha, veado, galinha ou verdadeiro) e desfate.
Retire toda a carne e ponha para ferventar bastante tempo.
Na panela vão gordura, sal e pimenta.
Desfie, com a mão, toda a carne e coloque na panela. Corte dentes de alho ao meio e junte na panela, retirando-os assim que fritem.
Ponha rodelas de cebola e espere que amoleçam.
Jogue farinha de mandioca, aos poucos, e siga mexendo, até dourar.

04. GUISADO DE MIÚDOS DE VEADO
Pegue o fígado, o coração e o bofe do veado-mateiro ou catingueiro e corte bem fininho.
Esquente gordura na panela e junte o guisado.


05. VEADO ASSADO
Perfure muito bem o quarto traseiro ou o lombo de um veado-mateiro e enfie toicinho de porco, que a carne è muito seca.
Tempere com gengibre cortadinho, pimenta-bode (verde), sal, alho e cebola, limão azedo e louro. Coloque numa assadeira untada com banha de porco (nunca óleo, que resseca mais ainda) e leve ao forno.
Faça um molho frio (não vai ao fogo) com limão-galego, pimenta-bode, cebola, alho e azeite. Depois de assado, corte as fatias, leve ao molho e sirva.

06. JACARÉ
Pegue o jacaré (tinga, porque o arura não existe mais) e corte a traseira.
Da cauda, chamada catana, retire a peça de carne.
Corte ao longo para fritar os filés, ou em postas, em sentido contrário, para fazer ensopado.
Para fritar, usa-se apenas sal e gordura, quase fria, porque na gordura quente a carne espirra. Para o ensopado, o molho é de cebola, picada, alho socado com sal, pimenta-de-cheiro e do reino, além de tomatinhos.
Leve as postas à panela e cubra com o molho, nova camada de postas, outra de molho.
Fogo sempre brando e não vai água, porque a carne dessora no fogo brando, dando caldo.

07. TARTARUGA À CARAJÁ
Pegar uma cunha (tartaruga pequena, nova), puxar a cabeça para cima do casco e ir martelando no pescoço para que morra lentamente (caso contrário, ela sofre muito, esperneando por muito tempo). Lave, faça um jirau com varas verdes e fogo lento. Coloque a cunha de barriga para baixo.
Depois de uma hora, quando o casco, em cima, está amornando, desvire-a. Espere mais outro tanto. Retire o fato inteiro e faça um molho com sal, pimenta-de-cheiro e tomate de tempero. Passe as porções no molho, à medida que for comendo.

08. TARTARUGA DE CRISTÃO
(Os índios chamam qualquer branco de cristão.) Tome uma tartaruga grande e corte a cabeça.
Ela esperneará um dia inteiro e, para evitar isso, enfie um estilete de taquara pela espinha dorsal até que cessem os movimentos. Com um machado, corte e tire parte óssea, por baixo da tartaruga.
Retire o fatame e separe as tripas.
Retire as postas de carne (que estarão escuras).
Jogue, rapidamente, em água fervente (exatamente para que fiquem claras e bonitas).
Então, faça como quiser: asse, frite, refogue ou prepare um bom ensopado.
Com um cuidado: tartaruga não aceita pimenta-do-reino nem vinagre.
Das tripas, bem lavadas e picadas (assim como dos miúdos), faz-se um refogado ou uma farofa.
Dizem que a fêmea – chamada viração – é mais gostosa do que o macho – capitari.



Fonte: Suplemento Culinário da Revista Cláudia - década de 60


A última receita requer requintes de crueldade...

PREFIRO FAZER UMA "VERDURICINA" NA MINHA COZINHA (veja a foto).



2 comentários:

Anônimo disse...

Rapaz estas receitas são de um livro chamado Sabores de Goiás...
bergamelli@terra.com.br

Vera Falcão disse...

Interessante, bergamelli... vc tem esse livro? caso afirmativo, poderia colocar as referências dele? Na matéria da Cláudia não havia referências à fonte.