domingo, 28 de dezembro de 2008

Parto de cócoras



Médico Moysés Paciornik morre aos 94 anos

O corpo do médico Moysés Paciornik, que morreu sexta-feira (26) de parada cardíaca em São Paulo, será enterrado neste domingo (28), em Curitiba . Ele estava com 94 anos e ficou conhecido em todo o país como um dos maiores defensores do parto de cócoras.

Nos anos 70, Paciornik percorreu aldeias e descobriu que as índias, mesmo com mais filhos, tinham uma musculatura mais firme. Tornou-se, então, entusiasmado defensor do parto de cócoras. Era reconhecido em todo o mundo por suas descobertas científicas e foi também um dos primeiros médicos do país a começar o trabalho de prevenção contra o câncer ginecológico.


Para o presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Paraná (Sogipa), Hélvio Bertolozzi Soares, a morte de Moysés Paciornik representa uma perda irreparável para a medicina paranaense. “O professor Moysés era uma pessoa brilhante, desde o campo médico até as Letras”, diz. “Ele sempre deixou uma grande lembrança por onde passou e, por isso, vai fazer muita falta.”

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Matéria veiculada na Gazeta do Povo

O paranaense Moysés Paciornik era um médico reconhecido internacionalmente por suas descobertas. Na década de 70, percorreu o sul do país e através de estudos científicos descobriu que as índias da tribo caingangue tinham uma constituição física melhor que as mulheres da cidade, mesmo tendo mais filhos.
Para ele, o estilo de vida moderno, com o repouso constante em bancos e cadeiras, causava mais envelhecimento e por isso as índias levavam vantagem quando o assunto era musculatura pélvica e boa saúde. Daí surgiu a defesa do parto de cócoras, em 1975.

Paciornik nasceu em 4 de outubro de 1914 em Curitiba e se formou em Medicina na Universidade Federal do Paraná em 1938. Foram mais de 70 anos dedicados à profissão. Após a faculdade, especializou-se na área de Ginecologia e Obstetrícia e foi trabalhar no Hospital de Crianças. Quinze anos depois fundou a Casa da Saúde Moysés Paciornik.
Foi um dos pioneiros na luta contra o câncer ginecológico e ajudou a fundar o Centro Paranaense de Pesquisas Médicas, que estudava a doença. Também foi professor universitário e fundou na Universidade Federal do Paraná a cadeira de Higiene Pré-Natal, em 1952.

Na década de 60 o Centro Paranaense de Pesquisas Médicas passou a fazer exames de prevenção de câncer do colo do útero e Paciornik e sua equipe encontravam muitas mulheres que tinham preconceito e vergonha de fazer o exame papanicolau. Na época, o câncer era uma das principais causas da mortalidade feminina. Com a difusão do exame, o número de mortes caiu.

O médico era conhecido por sua inseparável gravata borboleta e sempre estava com roupas brancas. Ele foi colunista dominical da Gazeta do Povo por vários anos e as crônicas renderam a publicação de oito livros, além de dois inéditos, prontos para publicação. Há quinze anos ingressou na Academia Paranaense de Letras ocupando a cadeira número 35. Entre os principais títulos estão Brincando de Contar Histórias, Histórias da Terra, Erros Médicos, Aprenda a Nascer com os Índios, Aprenda a Viver com os Índios, Mafiosos de Branco e Conflitos Psicossociais em Consultório Médico.

Até os 90 anos de idade Paciornik subia e descia as escadas de seu prédio, intercalando os exercícios da “ginástica índio-brasileira” se agachando e levantando diversas vezes. Eram 19 andares. Nos últimos anos a saúde permitia que ele “somente” descesse. Sempre praticou caminhadas e tinha uma dieta alimentar especial, sem açúcar e gorduras.

Recebeu diversas homenagens em vida, entre elas o título de Cidadão Benemérito do Paraná e Destaque em Prática Médica da Associação Médica do Paraná. A última foi o prêmio Estado do Paraná, no início de dezembro, em comemoração aos 155 anos da Emancipação Política do estado.

Apesar de criticar bastante a medicina alopática, para ser imparcial tenho que elogiar alguns de seus praticantes, que procuram adicionar aos métodos tradicionais a inventividade Fora do Manual... Parabéns, doutor, pela vitalidade e pelo diferencial que plantou em vida!


quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

São tantas emoções...



É brega, é meloso de tão romântico, é careta, caricato e convencional: são algumas das críticas que pode-se ouvir sobre o tradicional e global show de Natal de Roberto Carlos, o mito.
O espetáculo é apresentado todo dia 25 de dezembro e isso é tão certo quanto 2 e 2 são quatro e o sol vai nascer amanhã de manhã.
O real é que o artista, ex-Rei da Jovem Guarda, é sucesso após tantos anos de carreira e lota qualquer lugar em que se exiba: estádio, salão ou transatlântico.
É inegável a existência do seu carisma e do seu talento como compositor e intérprete.
E as mulheres seguem apaixonadas por ele, as balzaquianas e as garotas, fãs da nova safra - qualquer uma sonhando em pegar uma das rosas vermelhas que ele atira para o público no final das apresentações.

Pois é. Esse ano senti algumas mudanças.
Não teve rosa lançada para a platéia.
Não teve Erasmo e Wanderléa.
Não teve nenhuma musa vestida de branco.

ROBERTO CARLOS INOVOU!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Bem, ele já tinha dado alguns sinais de mudança ao fazer shows e gravar com Caetano Veloso, um projeto relacionado com os 50 anos da Bossa-Nova.

Caetano, no seu look terno-de-executivo-despojado, marcou presença no evento natalino.
Neguinho da Beija-Flor trouxe uma fatia do elenco da Escola para cantar samba-enredo com Roberto, meio nervoso e deslocado, lendo a letra do samba (parecia coisa pra inglês ver...).
Rita Lee arrasou com rock malicioso e brejeiro, mas o maridão e o filhote ficaram na sombra.
Zezé Di Camargo e Luciano deram o toque rural.
Esqueci de alguém?

No final, músicas religiosas (afinal, é Natal, não?), mas na medida certa, sem aquele ranço missionário que Roberto vinha apresentando nos últimos anos.
Milagrosamente, Roberto Carlos inovou (repito...).
Devido a esse fenômeno, aumenta minha esperança de que outras coisas que pareciam imutáveis e estáticas também possam sofrer alterações.
Amém!


Confesso: sou fã do Rei! hehehehehehehehe

domingo, 14 de dezembro de 2008

Feliz Natal e Próspero Ano Novo!

Essa mensagem não é a mensagem típica natalina...
Não está ligada ao consumo desenfreado que leva às visitas perdulárias aos shopping centers, em busca de um presente, muitas vezes sem significado espiritual, mas como uma obrigação social.
Não está ligada ao exagero de comida e bebida, quando tantos passam fome.
Não está ligada a um sentimento que se manifesta apenas uma vez por ano e se dilui, aos poucos, nos outros 300 e tantos dias.
É uma mensagem de "boas festas" Fora do Manual.


"A renovação do nosso espírito, e a satisfação da vida material, se dá com o nascer do sol: com uma planta que nasce, com o brotar da flor, com o aparecimento do fruto, com cada folha que renova, com o canto dos pássaros, com as matas povoadas de animais, com o encanto das florestas, com os rios, lagos, ou lagoas cheios de peixes, com o barulho das cachoeiras, com a água pura que mata a nossa sede, e que nos banha, com as nossas roças produzindo alimentos, para saciar nossa necessidade de perpetuação, com o entardecer, com a lua que surge para nos encantar, com as estrelas, que servem para nos guiar, com o novo amanhecer, com o nascer de uma criança, com o respeito e, o cuidado com os nossos semelhantes, com o direito de viver, e, com a nossa partida para o mundo espiritual. Enfim, com o amor e a proteção que nos relacionamos com a Mãe Natureza.

Somos parte da Terra, pedaços de torrões!

Não queremos um Natal e Próspero Ano Novo, que é medido de ano em ano, onde as pessoas são levadas a acreditarem que é só nesses momentos, que o espírito precisa de renovação e paz, que se redime de todos os tipos de atrocidades cometidos ao longo de um ano, que deve se colocar a melhor roupa, o melhor sapato, ter o melhor alimento, amar, sonhar, tolerar, perdoar, presentear, reunir os membros da família, e que depois de passado surgem as incertezas, o desespero, o egoísmo, o orgulho, a prepotência, a vaidade, o rancor, o ódio, a desesperança, a ganância, a sede do poder, a cegueira, a desilusão etc..;. Que transforma o homem, em um ser avilte.

Não queremos um Feliz Natal, e um Próspero Ano Novo de quem faz parte de um Sistema, ou aceita ser dominado por conveniência, e que deixa seus próprios irmãos: com fome, com sede, sem teto, sem pátria, sem direito a uma boa educação, à saúde, a um trabalho digno, sem acesso ao conhecimento dos direitos e deveres de cidadania, sem rosto e sem voz, que fomentam a guerra (a disputa e a discórdia),

Queremos sim, comungar sempre, com aqueles, que enxergam a humanidade como um todo, que não precisam de retórica, e nem se dizem intelectuais para seduzir e enganar seus irmãos, que não possuem olhos vendados, e que tem a plena consciência de que somos todos iguais perante a Natureza. A diferença é unicamente cultural. E, acima de tudo possuem a consciência de que precisamos preservar e cuidar do meio em que vivemos, se deseja para nossas futuras gerações uma vida digna!"


Yakuy Tupinambá

Auere!
Yakuy Tupinambá
yakuy@indiosonline.org.br

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Morte pela Medicina
























O Sistema Médico Norte-americano no Banco dos Réus

"Morte pela Medicina" (Death by Medicine) é um trabalho para abrir os olhos daqueles que acreditam que o futuro da medicina está na alta tecnologia.
Foi publicado em março de 2004 na Life Extension, um revista mensal dedicada a cobertura dos últimos avanços médicos e científicos ao redor do mundo.
Como o título agressivo sugere, o artigo explora os perigos de medicina convencional nos Estados Unidos, analisando a literatura relacionada às lesões e mortes atribuídas à medicina.

Em sua apresentação, os autores anotam: "Nunca foram apontadas estatísticas completas das múltiplas causas de iatrogênese em um artigo. Ciência médica acumula dezenas de milhares de artigos anualmente – cada um destes mostram um pequeno fragmento do quadro todo.
Cada especialidade, cada divisão da medicina, mantém seus próprios registros e dados como pedaços de um quebra-cabeça. Nós agora completamos o trabalho esmerado de revisar milhares e milhares de estudos. Finalmente, ao terminar de compor o quebra-cabeça, nos deparamos com algumas respostas perturbadoras."

As respostas perturbadoras que os cinco pesquisadores descobriram são uma autêntica acusação ao sistema médico norte-americano:

"O número total de mortes causado pela medicina convencional é surpreendente: 783.936 por ano."

"O número das pessoas hospitalizadas que apresentam reações adversas a medicamentos prescritos pelos médicos 2.2 milhões por ano."

"Em 1995, o número de antibióticos prescritos desnecessariamente para infecções virais era 20 milhões. Em 2003, o número chega à casa das dezenas de milhão."

"O número de procedimentos cirúrgicos desnecessários anualmente é 7.5 milhões."

"O número das pessoas hospitalizadas desnecessariamente anualmente é 8.9 milhões."

"É evidente que o sistema médico americano é a principal causa de morte e lesões nos Estados Unidos."

Os autores revelam uma outra preocupação: “cerca de 20% dos atos iatrogênicos jamais são informados."

Eles também projetam que os custos associados com mortes causadas por intervenções médicas somam aproximadamente 282 bilhões de dólares por ano, e a estimativa de custo para procedimentos médicos e hospitalizações desnecessárias somam 16.4 milhões de dólares por ano.

Como se esta informação não bastasse, o artigo ainda discute o mundo da indústria farmacêutica. Os autores discutem os perigos de muitos tipos de drogas e como seu uso excessivo afeta nossa saúde e nosso ambiente. Em seguida, discutem os perigos dos procedimentos cirúrgicos, a falta de relatório dos erros e das hospitalizações desnecessárias. O artigo termina com uma discussão sobre como as mulheres são maltratados pela medicina, e os perigos que esperam os idosos: "Um total de 20% de todas mortes de todas causas ocorre em asilos."

Leia o texto completo (em inglês): www.lef.org/magazine/mag2004/mar2004_awsi_death_01.html
Mais de 150 referências e um apêndice extenso apoiam as conclusões apresentadas pelos autores.

O link acima leva ao site da TAPS, que é um dos mais confiáveis na internet com referência a fatos pouco conhecidos do grande público - são informações preciosas.

Referência:

1. Gary Null, PhD, Carolyn Dean, MD ND, Martin Feldman, MD, Debora Rasio, MD, Dorothy Smith, PhD. "Death by Medicine." Life Extension March 2004 (Web exclusive).

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Batique e violência

Domingão ensolarado, marcando mais de 30º no termômetro, saí animada para visitar a BioNat, uma exposição de empresas e produtos naturebas montada no Cais do Porto, na área central da cidade.
A animação também era por conta de uma oficina de batique e tye-die da qual iria participar. Já tenho algum conhecimento dessa técnica mas estava particularmente interessada porque iríamos aprender a usar somente corantes e fixadores naturais, como cúrcuma, urucum, erva-mate, beterraba, couve, cana-de-açúcar, pata-de-vaca...
Ficamos quase três horas recebendo informações, teóricas e práticas e me sentia ansiosa para adquirir o material e fazer minha produção personalizada.
A professora, simpática, os participantes, interessados, o tempo correu depressa.
Para encerrar, um suco de couve com limão me deixou nas alturas e instalada nessa dimensão, fui caminhando de volta para casa.
Estava desplugada do momento real, relembrando o que tinha aprendido, pensando nos materiais que usaria, o suco verde me inebriando e quando percebi, um cara muito alto se postou na minha frente dizendo "me dá essa bolsa agora!".
Nesse momento, desci da minha nuvem distante e aterrisei, violentamente, nos paralelepípedos.
Dois caras enormes atracaram-se comigo numa luta feroz pela posse da minha bolsa e, obviamente, como não sou treinada em artes marciais nem em defesa pessoal, tive que largar a dita para não ter meu braço quebrado.
Saí gritando atrás dos assaltantes e o estardalhaço atraiu a presença da cavalaria (que, geralmente, chega uma fração de segundos atrasada...). Porém, gentilmente, me levaram no dorso de seu corcel branco a rodar pelas vias onde, talvez, os sujeitos estivessem trafegando e pudesse identificá-los.
Mas, era dia de passe livre nos ônibus e algum evento na Usina do Gasômetro trouxera centenas de pessoas para a região e assim, seria o mesmo que procurar uma agulha perdida no palheiro - sou fã de citações clássicas como esta - logo, vou usar mais uma: vão-se os anéis e ficam os dedos!
E tenho que me conformar com esse aforismo, pois ser assaltada e perder alguma coisa, que você obteve dispendendo esforço e energia, para um estranho que pratica a lei do menor esforço, é regra no meio urbano - banalizou.
Como disseram os policiais que me ajudaram: "ainda bem que não estás morta nem gravemente ferida..." - isso vai ter que me servir de consolo, talvez até interceda pelos agressores nas minhas preces diárias, visto que, bondosamente, me deixaram a vida intacta.
Lastimo que a "Operação Papai Noel" tenha começado somente hoje no centro da capital, com o aumento do contingente repressor à ação dos bandidos, para que os portoalegrenses possam fazer calmamente suas compras de Natal...
Poderia ter começado no domingo e então eu teria direito a sair pelas ruas, caminhando com a cabeça nas nuvens, tranqüilamente, sem ter que enxergar um monstro atrás de cada sombra que se move.
Um pequeno prazer que já não podemos desfrutar: caminhar sem lenço e sem documento.
Ontem, uma amiga estava fazendo isso no Parque Marinha e teve que voltar para casa calçando meias, pois os tênis que usava... o meliante levou!
Seria cômico, se não fosse trágico (uma última citação, para não perder o hábito).
Mas o que, inesperadamente, me fez rir, aconteceu quando fui registrar a ocorrência na delegacia e o escrevente anotou na folha o seguinte: "furto mão grande consumado." Achei hilária a descrição do ocorrido...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Catástrofes e ética

















Muita gente está aproveitando-se da tragédia que acontece em Santa Catarina para se dar bem e além das pilhagens, estão praticando golpes, como o que ocorre em Blumenau, onde por telefone uma pessoa identifica-se como da Defesa Civil ou da prefeitura local; em seguida, pede depósito em dinheiro ou comprometendo-se a mandar um motoqueiro recolher a doação. A pessoa libera o dinheiro e o motoqueiro some.
Outro perigo do momento são os falsos sites da Defesa Civil, informando sobre contas bancárias que levarão sua contribuição solidária para bem longe dos flagelados...

Essas atitudes me levaram a pensar sobre ética, sobre valores como honestidade, solidariedade e amor ao próximo, que parecem estar em desuso no planeta (sem desmerecer a atitude de centenas de pessoas que estão colaborando).
Mas gostaria de refletir aqui sobre o comportamento de seres humanos que aproveitam a desgraça alheia para tirar proveito próprio, o que é bastante comum, não só durante catástrofes e tragédias coletivas, mas, por exemplo, empresas que comercializam produtos que prejudicam ao consumidor visando unicamente o lucro, sem importar-se com consequências desastrosas.

Então, para auxiliar a reflexão, reproduzo aqui um texto intitulado "O exercício da ética", com autoria de Eugenio Mussak, publicado originalmente na Revista Vida Simples:

“Ética é uma qualidade adquirida ao longo da vida? Se sim, como uma pessoa pode mudar sua relação com o mundo?”

"No filme Antes de Partir (imperdível), dois homens (os grandes Jack Nicholson e Morgan Freeman) na casa dos 70 anos são informados por seus médicos que têm pouco tempo de vida. Nicholson faz o papel de um milionário sem caráter e Freeman, o de um homem nobre e sábio. Este elabora uma lista de coisas que gostaria de realizar “antes de partir”, o outro gosta da idéia e ambos saem pelo mundo em busca das aventuras que não tiveram tempo ou condições de realizar ao longo de suas vidas.

Uma das cenas mais tocantes acontece quando ambos observam as pirâmides no Egito e o personagem do Freeman conta que os antigos egípcios tinham uma bela crença sobre a morte. Quando suas almas chegassem ao céu, os deuses lhes fariam duas perguntas, cujas respostam determinariam se eles seriam ou não admitidos. A primeira pergunta era: “Você foi feliz nesta vida?” E a segunda: “Sua vida fez outras pessoas felizes?” Bastava que uma das respostas fosse negativa para que a alma fosse condenada à danação eterna.

Olhando a cena mais de perto, notamos que ela trata exatamente do tema da ética, pois as duas perguntas definem com precisão o significado de uma relação construída sobre bons princípios – atender a seus próprios interesses sem prejudicar os interesses dos outros.
Ética é algo que pode – e deve – ser aprendido, pois, quando nascemos, só temos instintos, e estes defendem nossos interesses pessoais. Desenvolvemos ética enquanto amadurecemos e viramos pessoas que se relacionam com os outros. E aprendemos a partir do comportamento daqueles que nos servem de modelo, a começar por nossos pais, que inauguram a lista de influências que teremos ao longo de nossas vidas.

Depois virão os professores, os artistas, os ídolos do esporte, os chefes no trabalho e todo o conjunto de indivíduos que formam o que chamamos de sociedade. E aprendemos muito mais a partir de exemplos que começamos a imitar que a partir de instruções, pois estas, sem exemplos de conduta, são vazias. É claro que o estudo, a literatura e a história também são formadores de pensamento ético, pois através deles conhecemos exemplos de experiências anteriores, que servem de guia para imitações ou repúdios.

Em todos os ambientes, a ética é importantíssima, não construímos uma sociedade que não preste atenção nela. Mas, afinal, qual sua origem, sua explicação lógica?
Várias vezes já me pediram definições de ética e sempre procurei as respostas nas fontes clássicas. Os gregos diziam coisas variadas, de “lugar seguro onde convivemos com nossos iguais” a “código de conduta que dá harmonia aos relacionamentos” e a “estado da mente que nos aproxima dos deuses”. Criativos, os gregos. É que a palavra ética deriva do grego ethos, que significa tanto costume ou hábito quanto caráter, mas também tem o sentido de habitação. Portanto, poderíamos dizer que ética pode significar o conjunto de hábitos que permitem o convívio entre as pessoas.

Os romanos definiram ética como um código de conduta que facilita o relacionamento humano e permite a criação de um ambiente dotado de equilíbrio, justiça, progresso e harmonia. Era assim que eles queriam criar uma cultura que fosse a base de uma civilização inteira e Roma só entrou em decadência quando a ética passou para a categoria das coisas menos importantes, por culpa de alguns imperadores corruptos e devassos.

O cristianismo também foi importante nessa matéria, e acertou em cheio quando adotou o lema “faze aos outros o que desejas que façam a ti”. Estava, na verdade, falando de ética. Aliás, a ética, que é construída a partir de instruções e exemplos, tem três fontes bem definidas: a religião, as leis e a moral. De certa forma, a religião e as leis impõem uma conduta ética, pois estabelecem limites para as ações e definem castigos para a desobediência. Já a moral, essa considera a ética como uma virtude que se basta por si mesma. Nesse caso, referimo-nos à ética como uma espécie de “filosofia moral” – esse é seu melhor formato.

Em um dos Diálogos de Platão, Sócrates conversa sobre ética com Glauco e lhe diz: “Esse assunto diz respeito ao que há de mais importante: viver para o bem e viver para o mal”. A visão do filósofo era de que maneira como convivemos em conjunto será determinante para a criação da grande razão de ser de cada um de nós: a busca da felicidade. Esta, dizia ele, não é uma dádiva divina sem sentido. É uma espécie de recompensa a um esforço conjunto, em que a felicidade de um reflete-se na felicidade dos demais, alimentando um estado permanente de criação do bem-estar e da elevação espiritual. Esse é o campo da ética.

Ética boa, ética ruim

Sem dúvida, prestar atenção na ética vigente é uma condição indispensável quando convivemos com pessoas em um ambiente, em qualquer âmbito. Todas as organizações, por exemplo, trabalham em cima de uma ética, que às vezes está clara, às vezes não – nesse caso, ela existe de qualquer maneira, e os “habitantes” a praticam silenciosamente.

O que tem de ficar claro é que um código ético está sempre presente em agrupamentos humanos, o que não quer dizer que ele seja sempre bom. No crime organizado, por exemplo, há uma ética regendo as relações entre os participantes, ainda que em seu arcabouço encontrem-se comportamentos de contravenção.

Apesar disso, ética sempre existe, pois é próprio das ações grupais que se estabeleça o “código de ética”, a partir do qual as pessoas passarão a se comportar. Está claro, então, que um código existirá de qualquer maneira, por isso a preocupação com a criação de uma ética boa, moral, saudável, em ambientes controlados, como escolas, empresas associações e, claro, famílias.
Seu reflexo será sentido na sociedade como um todo.

De fato, há empresas nas quais a ética não é exatamente exemplar. Mas uma empresa assim, com uma ética não moral – ou aética –, não deve servir para se trabalhar. E ponto. A construção de uma carreira deve ser maior que um emprego, por isso o alinhamento com uma ética adequada é fundamental. No filme Conduta de Risco, com George Clooney, há um exemplo espetacular sobre o tema.

Clooney representa um advogado chamado Michael Clayton. Ele trabalha em um grande escritório de Nova York, especializado em defender empresas que, para atingir seus objetivos, não pensam duas vezes antes de agredir a natureza, os interesses coletivos ou a lei. Os advogados que trabalham nesse escritório são considerados “faxineiros” – limpam a sujeira dos outros.

É claro que nosso herói acaba deparando com um desses momentos da vida em que os valores estão em jogo mais que os interesses mundanos. Em meio a uma imensa crise pessoal, ele se vê diante da grande decisão de sua vida: defender os interesses de uma empresa/cliente, e assim favorecer seus acionistas, ou optar pela verdade e privilegiar a sociedade. Não vou contar o fim – veja o filme.

Sim, as organizações têm influência sobre o comportamento das pessoas, mas, independentemente disso, deve ser preservada a ética individual, representada pela maneira como as pessoas devem tratar umas às outras e como devem se portar diante da organização ou categoria profissional em que estão inseridas.
O comportamento ético pode provocar choques culturais, especialmente num país como o nosso, onde vigorou durante muito tempo uma tal “Lei de Gerson”, baseada em um comercial de cigarros que dava como sinal de competência o “levar vantagem em tudo” – ou, traduzindo: interesses pessoais acima dos interesses coletivos.

Temos um senso comum, desde a época do descobrimento do Brasil, de que cometer pequenos delitos é perfeitamente justificável, como sinal de esperteza ou de inteligência. É uma característica da moral dicotômica de nosso país, mas que vem sendo modificada felizmente – e isso está ocorrendo por iniciativa dos cidadãos, que estão cada vez mais conscientes.

Sabemos que somos éticos de acordo com algumas pistas.
Pense sobre o que você prefere:

• Ser honesto em qualquer situação;
• Assumir sua responsabilidade em qualquer circunstância;
• Agir sempre de acordo com os seus princípios e valores;
• Usar de humildade, considerando que você pode errar e que seus acertos nunca serão apenas seus;
• Considerar as verdades dos outros, evitando emitir juízos precipitados.

Acredite, o exercício da ética boa dignifica o ser humano.
Sem ela, o mesmo embrutece.
A importância da conduta ética em todos os tipos de relações é cada vez maior, pois a ética organiza o comportamento, torna possível a convivência e forma o substrato para o desenvolvimento das pessoas em sociedade.
E é também a ética que, em sua manifestação espontânea e justa, determina as bases da felicidade, que nunca pode ser individual, egoísta, solitária.

Como disse Einstein: “A relatividade se aplica à física, não à ética”.
E ponto final!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A cavalaria não vai chegar a tempo...


"Fomos alertados.

Não demos atenção.

Agora, não há como escapar."



Acabei de assistir ao filme Fim dos Tempos, de M. Night Shyamalan e perdi o fôlego com a veracidade do roteiro e o final anti-hollywoodiano, isto é, não é um final feliz, o herói não fica com a mocinha, a cavalaria não aparece a tempo de salvar todo mundo, nenhum cientista descobre rapidamente a cura para a epidemia devastadora... enfim, é um final para pensar depois que desligamos o dvd ou saímos da sala de cinema.

Aleatoriamente, assisti nessa semana a mais dois filmes seguindo a linha do final não-feliz: O Nevoeiro e Toque de Recolher.

O primeiro é uma refilmagem, baseada num conto de Stephen King, mas assemelha-se ao original apenas pelo nevoeiro e o restante do roteiro apresenta um problema bastante verossímil (se levarmos em conta como andamos tratando nosso meio ambiente), que cria um clima permanente de tensão, que vai crescendo e... não termina no final! O filme acaba e ficamos ainda tensos, preocupados, porque o problema não foi resolvido. E os heróis, porque eles morrem nesses filmes? Geralmente, heróis sobrevivem até o the end, não importa por qual perigo tenham passado!

O segundo, também apresenta um problema surgido pelo descaso dos seres humanos com seu planeta: o dia nasce normal (aparentemente) e, de súbito, algo incontrolável começa a acontecer, sem que herói nenhum consiga pôr um freio na situação.

Não apresentei maiores detalhes sobre cada filme, para não tirar totalmente o sabor do ineditismo, caso vocês queiram assisti-los, mas a questão básica que me levou a escrever esse texto é que todos os três filmes seguem as palavras impressas na abertura: "Fomos alertados. Não demos atenção. Agora, não há como escapar."

Não acredito em coincidências.

Me parece que esses filmes fazem parte de uma tendência que está se alastrando - mostrar situações realistas, criadas pelo nosso descaso e que estão tornando-se incontroláveis, não podendo ser solucionadas por nós, seres humanos - ficamos reféns do planeta.
Ou seja: apesar de todos os avisos, de todas as campanhas, da disseminação de informações sobre como preservar a Natureza e de como tentar reverter os estragos já feitos até agora, não estamos fazendo o suficiente, não estamos levando a sério as consequências que, certamente, virão e, muito em breve. E, o pior, de forma irreversível.

Importante também verificarmos como surge nossa real natureza - o instantâneo comportamento humano - quando todas as regras caem por terra, quando não há a repressão da lei para nos manter racionais - tal visão pode ser tão ou mais assustadora do que as catástrofes do mundo exterior.

É o que esses três filmes estão dizendo (para quem quiser ver e ouvir).

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Mudanças


Mudar é um processo que necessita de calma: esperar pelos resultados exercita nossa paciência, há pessoas que arrancam a todo instante a semente plantada para verificar se já está brotando.

Difícil largar nossos antigos hábitos, difícil acreditar que eles estão velhos e precisam de reciclagem.

Muitas vezes a mudança surge em nossas vidas sem pedir licença: quando alguém muito próximo morre ou vai embora, quando somos obrigados a abandonar nossa casa ou trocar de cidade, quando a situação econômica entra em parafuso, quando perdemos o emprego... são tantas as mudanças que podem chegar subitamente, nos obrigando à adaptação forçada e rápida ao novo.

E quando a mudança é planejada? Então temos tempo de pesquisar, pensar, pôr na balança os prós e contras, discutir com outras pessoas, montar projetos e esquemas.
Desenhada a planta, juntamos todo o material necessário para empreendê-la e nos julgamos muito fortes para a empreitada. Mas muitas vezes, desistimos no início da jornada.

Porque?

Talvez porque ainda não era a hora de mudar, não estávamos preparados.
Talvez porque não havia fé suficiente no teor da mudança.
Talvez porque mudar dá um certo trabalho e queremos distância do estresse.

Particularmente, prefiro a mudança planejada.
Mas nem sempre é assim que acontece.
Aos 46 anos, com dois filhos adultos, sem compromisso afetivo com ninguém, com uma razoável poupança e a cabeça cheia de planos de viagens, fui surpreendida por uma fantástica mudança, no meu corpo e na minha alma.
Descobri que... estava grávida!
Certa de que estava entrando no ciclo da menopausa, fiquei sabendo que havia um feto de 3 meses desenvolvendo-se no interior do meu organismo. Minhas gestações anteriores foram muito tranqüilas, não engordei demais, não vomitei, não tinha desejos estapafúrdios, então confirmar a existência dessa criança foi realmente uma surpresa, já que não havia recebido nenhum sinal e não contava absolutamente com a chegada dela na minha vida.
Tive que desmanchar o alicerce dos castelos que estava construindo.

Ser mãe novamente depois de tantos anos foi um exercício de renovação.

Quando tive minha primeira filha, era uma "mãe normal", das que levam o bebê ao pediatra, fazem tudo que ele manda, vacinam, dão leite em pó, mamadeira com leite de vaca, amamentam ao seio até os 4 meses (pasmem, mas nos anos setenta a amamentação ao seio não era estimulada, nem se cogitava em falar sobre os benefícios do leite materno e era indicado começar com os suquinhos e frutas já aos quatro meses de idade), dão antibiótico e deixam na casa da avó pra ir trabalhar.

Nessa época, já tinha tentado ser macrobiótica, depois de ler muitos livros sobre o assunto, mas na prática não me senti confortável e então adotei alguns itens, como mudar para alimentos integrais (principalmente o arroz), substituir o açúcar refinado pelo mascavo, comer soja (acontecia o boom desse grão) e abandonar a carne (principalmente depois de ler alguns livros do Ramatis). Havia pouquíssimos vegetarianos pelas redondezas (ser VEG ainda não era um modismo) e estava incluída nessa dieta beber leite de vaca, não se falava sobre os malefícios do leitinho bovino.
Hoje encontramos farta literatura provando que o leite da vaca é para ser dado ao bezerro, assim como deve-se evitar os excessos do consumo da soja, excetuando-se a forma fermentada.

Então, como mãe iniciante no naturalismo e bebedora de leite sem maiores preocupações (a não ser uma constante sinusite, que jamais imaginaria ter como uma das principais causas o consumo de laticínios), criei minha primogênita nos parâmetros citados acima, até engravidar novamente quatro anos depois.
Durante esses anos, mudei muito, em vários sentidos e direções, mas principalmente a maneira de pensar sobre saúde.

Larguei o pediatra e troquei pela homeopata.
Decidi não vacinar.
Com exceção do leite, que não era ainda criticado com fundamento científico, minha alimentação já estava bastante transformada e incluía menor quantidade de lixo (poucos industrializados, verduras com agrotóxicos – orgânicos praticamente não existiam) e MUITA leitura, minha biblioteca expandiu-se no setor de nutrição.
Meus filhos não comiam carne em casa, mas comiam na casa dos avós. Lá também consumiam muitas porcarias, que, como hoje, as pessoas acham que “fazem bem”. Eu trabalhava muito, estudava, namorava, não podia controlar totalmente o que eles ingeriam, pois dependia da ajuda de outras pessoas para criá-los.
A única doença que tiveram na infância foi bronquite, que conseguimos curar com homeopatia, mas muitas vezes as crises voltavam devido à alimentação láctea.

Essa narrativa pessoal tem a intenção de mostrar que “não nasci pronta”, isto é, também cometi muitos erros alimentares e de saúde, por falta de informação, mas não deixei que isso me impedisse de mudar, de procurar caminhos alternativos, que me levaram a resultados fantásticos e positivos.

Quando minha terceira filha nasceu, possuía um enorme conhecimento sobre nutrição e saúde, que certamente fez dela uma criança mais saudável e equilibrada.
Meu parto foi normal, amamentei até ela completar 1 ano e 8 meses, não dei carne, leite de vaca, danoninho, leite ninho, latinhas, caixinhas, embalagens coloridas e enfeitadas com eca dentro, não vacinei, consultei com homeopata, dei florais, amor, carinho, apoio e uma visão integral do mundo: estamos todos ligados, enquanto um elo da cadeia estiver quebrado o Todo não irá funcionar perfeitamente, logo somos responsáveis por ajudar na manutenção desse equilíbrio.
O que aprendi até agora formou meu posicionamento, mas sempre estou disposta a revisar, a repensar, a dialogar.

Se houver comprovação de que algo está incorreto, não tenho vergonha em assumir que também estou agindo incorretamente e prontamente refaço meus passos, corrigindo as falhas.

Por exemplo, atualmente estou interessada em crudivorismo, a alimentação viva é uma meta que pretendo alcançar progressivamente. Minha dieta já é composta de 60% de crus, entre sucos, frutas, saladas, cremes, musses e muitos pratos feitos sem auxílio do cozimento. Mas ainda não consegui abandonar o arroz com feijão, os bolos de cacau e fubá, o pão e tantas outras variedades da culinária de forno e fogão. Talvez eu nem chegue aos 100%, mas acredito que uma boa percentagem de crus é saudável.

Estou experimentando. Estou mudando. Estou em busca de.

Estou viva e ligada.

Estou aqui para compartilhar com vocês tudo que aprendi durante esses anos.
E aprender coisas que ainda não sei, que desconheço.

domingo, 9 de novembro de 2008

Obama e o vira-latas


Fiquei muito satisfeita ao saber que o novo presidente dos EUA vai adotar uma cão de rua para dar à sua filha, conforme promessa feita durante a campanha eleitoral (bem, pelo menos uma ele já cumpriu...).

Ainda bem que a white house não vai ter correndo por seus gramados um lulu enfeitado e com pedigree, adquirido por uma sacola de dólares em alguma petshop sofisticada.

Aguardemos as próximas atitudes de Obama, o resultado em carne e osso das preces esperançosas da população mundial!

Muita gente fala em nova era, novo mundo, nova ordem, mas continua se comportando do mesmo jeito de sempre. Tomemos distância dessas pessoas que promovem o perigoso conceito de tudo continuar igual, mas com uma roupagem diferente.
TOMARA QUE BARACK OBAMA NÃO SEJA UMA DESTAS PESSOAS!

domingo, 26 de outubro de 2008

Vc pensa que a TV brasileira é violenta?



Acabei de receber a última edição da Superinteressante e um pequeno texto me chamou a atenção, falando sobre um desenho infantil que faz parte da programação da TV palestina: se nós achamos que nossa programação é muito violenta, certamente mudaremos de idéia ao ler esse artigo (resumido aqui):

Jihad para crianças
Texto de Cíntia Bertolino - edição 258 da Superinteressante

"À primeira vista, ele parece inofensivo - apenas uma imitação tosca do Mickey Mouse.
Mas não é: com sua voz fininha e inocente, o rato Farfour ensina as crianças a odiar os judeus e convida a galerinha a se engajar na guerra santa contra os inimigos de Alá.
Farfour é um personagem do inacreditável programa Os Pioneiros do Amanhã, transmitido na Palestina pela TV Al-Aqsa, emissora controlada pelo partido político/grupo terrorista Hamas.
Depois de apenas 5 episódios, Farfour foi "martirizado" (o personagem morreu espancado por um soldado israelense), mas o programa ganhou um amiguinho ainda mais radical: a abelhinha Nahoul, cuja missão é vingar a morte de Farfour.
Como a vida em Gaz não está nada fácil, ela também acabou martirizada. É aí que entra em cena o coelhinho Assud - cujo lema é levar "alegria para as crianças da Palestina" (acabando com os judeus, é claro).
Esses personagens dividem o cenário com Saara Barhoum, de 11 anos, apresentadora do programa. A menina Maysa dos palestinos já sabe o que quer fazer quando crescer: morrer na luta contra os israelenses. "Todos nós somos mártires", diz. (...) A violência, aliás, é o grande hit da TV Al-Aqsa, que também exibe videoclipes estrelados por crianças (cantando músicas sobre atentados suicidas) e até um show de marionetes no qual o presidente dos EUA é assassinado."

Se a Xuxa, a Angélica, a Mara Maravilha e a atual queridinha dos programas infantis, Maysa, foram ou são imperfeitas educadoras das nossas crianças, péssimos modelos a serem copiados, o que pensar dessa programação e das criaturas que ela está influenciando?
Já comentei em outro tópico que alguma coisa está muito errada com uma civilização, quando suas crianças são agredidas com tanta crueldade (física ou mental).

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A GRIPE



"Chamei de ação purificadora ao processo de eliminação das toxinas solidificadas.

Quando se contrai uma gripe, o primeiro sinal é a febre.

A Natureza serve-se da febre para dissolver e liqüefazer as toxinas, a fim de facilitar a sua excreção. Essas toxinas liqüefeitas infiltram-se imediatamente nos pulmões (...) Se a gripe dissolver as toxinas solidificadas de uma ou duas áreas do organismo, os sintomas serão leves. Mas quanto maior o número de áreas, mais pesada será a purificação. É assim que um resfriado inicialmente leve pode transformar-se numa gripe muito forte.Depois de liqüefeitas, as toxinas mais delgadas podem ser eliminadas imediatamente dos pulmões. As mais grossas, ali estacionam temporariamente, aguardando o bombeamento mais enérgico da tosse, para serem expelidas.

A tosse expele o catarro da mesma maneira como o espirro expele o muco nasal.

De modo análogo, as dores de cabeça, de garganta, a otite, amigdalite, dores nas juntas dos pés e das mãos, nas virilhas, etc. são sintomas de que as toxinas que estavam solidificadas nessas áreas se dissolveram e começaram a movimentar-se procurando uma saída, irritando, conseqüentemente, o sistema nervoso.

Também aqui as toxinas liqüefeitas podem ser grossas ou delgadas. As grossas se transformam em catarro, muco, diarréia, etc.; as mais delgadas são eliminadas sob forma de suor ou urina.

Assim, a ação purificadora se processa de maneira lógica e natural.

Admirável técnica do Criador! Quando se permite que a gripe siga o seu curso natural sem opor-lhe nenhum tratamento, a purificação é perfeita e a recuperação é normal, aumentando a saúde do indivíduo."


Meishu Sama (A Gripe)

Selecionei o trecho que considero mais importante deste texto escrito por Meishu Sama, onde vemos a confirmação de que a gripe (e todas as suas manifestações sintomáticas) fazem parte de um processo de depuração (eliminar o lixo ingerido por várias formas: alimentos, remédios, poluição etc), que deve percorrer o seu caminho.

Observamos que a febre e a tosse são passos que ajudam na eliminação e ao tentarmos aboli-los com drogas invasivas e procedimentos agressivos, prejudicamos o andamento desse processo; então, eliminar violentamente a febre e tentar parar a tosse, durante o caminho natural de limpeza, são atos que agem contra a natureza da cura.

Claro, toda regra tem sua exceção, como a febre despertar uma convulsão ou uma tosse seca intermitente, mas aí serão casos fora do contexto aqui avaliado que é a gripe como um processo de purificação.

Para mim, as palavras acima são breves e contém a sabedoria necessária para entendermos o porquê de uma doença tão comum, para a qual a medicina oficial ainda não descobriu "a cura" e como podemos tratá-la naturalmente, deixando o rio seguir o seu curso.

sábado, 11 de outubro de 2008

O relógio do corpo humano




Aproveitando uma pergunta que me fizeram sobre comer frutas à noite, achei interessante criar um texto sobre os ciclos que o nosso organismo atravessa diariamente, executando funções que independem da nossa vontade e outras movidas por ela.


Essa informação é baseada em conhecimento da MTC (Medicina Tradicional Chinesa) , que afirma que cada meridiano de energia integrante da Grande Circulação apresenta duas horas de máxima atividade diária, período em que o órgão correspondente a cada meridiano se manifesta (funcionando involuntariamente).


Obviamente, com o ritmo desregulado de vida que hoje levamos, fica difícil seguir o que pede cada ciclo, mas podemos mudar alguns hábitos e nos adaptar a alguns reajustes, ou pelos menos procurar seguir as regras quando nos sentirmos doentes ou levemente desequilibrados, para podermos retornar mais rapidamente ao estágio "normal".

Com um pouco de boa vontade, podemos, pelo menos, deixar o corpo livre de alimentos ou atividade, nos momentos em que ele está programado para se desintoxicar.


03h00min a 05h00min - o pulmão tem seu pique máximo (razão das crises de tosse, asma etc serem quase sempre nesse horário da madrugada); é o momento em que esse órgão faz sua limpeza. Quem levanta bem cedo, pode aproveitar para fazer exercícios respiratórios, que alcançarão muito mais resultados nesse momento.


05h00min a 07h00min - horário do intestino grosso, momento para realizar a evacuação desse órgão; qualquer pessoa que estiver em equilíbrio, perto das 7 horas da manhã, fará a eliminação dos resíduos alimentares (já ouviram alguém dizer "meu intestino é um relógio, todos os dias à mesma hora, sinto vontade de evacuar..." - lembrem que é a situação ideal, formada por uma série de fatores, como alimentação equilibrada e outros).


07h00min a 09h00min - horário do estômago: depois de limpo o tanque, vamos enchê-lo de combustível para o dia que está nascendo.
É o horário da Grande Alimentação, em que o corpo pede e aceita melhor e naturalmente os alimentos.

09h00min a 11h00min - horário do baço e pâncreas, onde são produzidos ácidos para a digestão do almoço.
Nesse período, não comer nem beber, pois assim estaremos enfraquecendo os ácidos digestivos.


11h00min a 13h00min - horário do coração, a circulação ativa-se bastante, procurem não irritar-se nesse período (razão pela qual dizem que não devemos discutir durante as refeições, geralmente o almoço, quando muitas pessoas estão reunidas - tradicionalmente - e pode surgir a discussão estressante de problemas).

Por essa intensa atividade circulatória, melhor comer a metade do que ingerimos no desjejum matinal.


13h00min a 15h00min - entra em funcionamento o intestino delgado, que auxilia na digestão - nesse horário não beba nem coma.


15h00min a 17h00min - é a vez da bexiga; no fim desse horário, aconselha-se beber líquidos (será a origem do chá das cinco inglês?).


17h00min a 19h00min - os rins trabalham com os líquidos tomados no período anterior.


19h00min a 21h00min - horário da circulação-sexo (esse é um meridiano/órgão que a medicina ocidental não reconhece); nesse período, quem está bem de saúde quer agitação (inclusive, sexo) e estando mal, sente cansaço (a circulação não está funcionando corretamente).

Aproveita-se para fazer a última refeição do dia, mais frugal que as anteriores, preferencialmente, às 19 horas.


21h00min a 23h00min - horário do Triplo Aquecedor (também não identificado pela medicina ocidental) - período em que o sistema de limpeza do corpo irá funcionar (hora da faxina) - acionado pelo aparelho digestivo, o aparelho respiratório e o aparelho excretor.


23h00min a 01h00min - horário da vesícula biliar - a reserva de bílis é jogada para auxiliar o trabalho do Triplo Aquecedor.

Importante (na medida do possível, conforme cada um puder e/ou desejar): não tomar líquidos ou comer das 19 horas até as 07 horas do dia seguinte, para não atrapalhar o processo involuntário de purificação de nosso corpo.


01h00min a 03h00min - horário do grande chefe, o maestro e comandante do processo de formação do corpo: o fígado.Nesse período é importante permanecer deitado, para deixá-lo trabalhar em todo o organismo. Por isso quem comer ou beber tarde da noite ou ficar acordado nesse horário, acordará de "ressaca", pois o fígado reflete-se nos olhos (na MTC, os órgãos relacionam-se em dupla: assim, se tivermos algum distúrbio no fígado isso refletirá em problema de visão e vice-versa; o funcionamento do intestino grosso reflete no estado dos pulmões etc).


E, novamente, o ciclo reinicia e segue a vida...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Como diminuir a ingestão de agrotóxicos

Sabe-se que o nível de agrotóxicos e defensivos agrícolas contidos nos vegetais que ingerimos é excessivo e extremamente prejudicial à saúde.
São venenos que, na maioria das vezes, pelo exagero de pulverizações, chegam a nós em altas dosagens.

O mais indicado, para evitar ingerir esses compostos venenosos, é seguir a tendência mundial de dar preferência a produtos orgânicos certificados, que hoje são encontrados até nos balcões dos supermercados.

Graus de contaminação de frutas e hortaliças

Folhas (alface, agrião, almeirão, rúcula, couve-manteiga, tempero verde etc.)
Apresentam ciclo de vida curto e são os vegetais que recebem um número menor de pulverizações.

Raízes, bulbos, tuberosas (beterraba, cenoura, alho, cebola etc.)
Apresentam um ciclo de vida intermediário e, por esse motivo, recebem maior número de pulverizações.
Alerta: batatas e cebolas, por serem consumidas em grande escala, são exceções, recebendo cerca de 30 pulverizações de agrotóxicos, durante o ciclo da cultura.

Legumes (tomate, pimentão, berinjela, pepino, abobrinha etc.)
São os mais delicados para produzir, ficando mais sujeitos ao ataque de pragas e doenças.
Alerta: o tomate, sendo um dos campeões de venda, também é campeão em resíduos: recebe em média 36 pulverizações.

Frutas:
Por terem um ciclo ainda mais longo, em geral, recebem maior número de pulverizações. Podemos selecioná-las conforme o grau de contaminação:

Baixo risco de contaminação - caqui, pitanga, abacate, acerola, jaboticaba, coco, bergamota comum, bergamota polkan, nêspera;

Médio risco de contaminação - banana, manga, abacaxi, melancia, laranja, mamão formosa, maracujá;

Alto risco de contaminação - morango, goiaba, uva, maçã, pêssego, mamão papaia, figo, pêra, melão, nectarina.

Algumas dicas para evitar e/ou diminuir a ingestão de agrotóxicos:

1) Dê preferência a frutas e verduras da época

Fora da estação adequada é quase certo que a fruta, verdura ou legume tenha recebido cargas maiores de agrotóxicos. É por isso que quando você não encontra tomate, cebola ou outros produtos na feira orgânica é porque não está na época deles. Escolha outro produto que os substitua em termos nutricionais.

2) Procure sempre descascar as frutas

Não sendo orgânicas, os resíduos de agrotóxicos ficam especialmente nas cascas das frutas; nesse caso, é importante descascá-las, principalmente os pêssegos e maçãs.

3) Lave bem as frutas e verduras

Use água corrente durante pelo menos 1 minuto, limpando sua superfície. Ou coloque-as numa solução de água (1 litro) com um pouco de vinagre (4 colheres de sopa), durante vinte minutos.

Alerta: como a atuação da maior parte dos agrotóxicos é "sistêmica" (quando aplicado às plantas, circulam através da seiva e por todos os tecidos), descascar e lavar as frutas não garante a eliminação total dos resíduos, somente sua diminuição.

4) Retire as folhas externas das verduras

Em geral, ali se concentram mais agrotóxicos.
Com sua retirada, a "carga mais pesada" é eliminada.

5) Diversifique nas hortaliças e frutas

Além de propiciar boa mistura de nutrientes, reduz a chance de exposição ao mesmo agrotóxico usado pelo agricultor.

6) Dê preferência aos produtos nacionais e de sua região

Alimentos que percorrem longas distâncias, normalmente, são pulverizados pós-colheita e possuem um nível maior de contaminação.

Texto baseado em informações do engenheiro agrônomo Moacir Roberto Darolt, autor do livro Alimentos Orgânicos - Um Guia para Consumidores Inteligentes.

domingo, 28 de setembro de 2008

A evolução da resistência das bactérias



Está se tornando mais difícil tratar doenças com remédios alopáticos... e a indústria farmacêutica continua, incansavelmente, a produzi-los em enormes quantidades!

Porque que é que as infecções resistentes aos antibióticos são perigosas?

Estes tipos de bactérias são particularmente perigosos, porque deixam freqüentemente o médico limitado a uma escolha muito restrita, ou mesmo sem escolha, em relação ao antibiótico a receitar para curar a infecção do seu doente. Os médicos vêem-se às vezes na dificuldade de tentarem encontrar uma combinação pouco vulgar de antibióticos, ou até agentes antimicrobianos experimentais para tratar a infecção.

Como é que as bactérias se tornam resistentes aos antibióticos?

Muitas pessoas pensam que a resistência aos antibióticos é somente um problema dos que abusam dos antibióticos, mas isso não é verdade. Quando as pessoas não fazem um uso correto dos antibióticos, é a saúde pública que está em risco. Mesmo que já não tome antibióticos há muito tempo, uma infecção causada por bactérias resistentes pode ser mais difícil de tratar.

Quando expostas a um antibiótico, as bactérias têm geralmente duas opções:

Mutação - as bactérias mudam a sua estrutura; o antibiótico já não consegue penetrar na bactéria nem acoplar-se à sua superfície.

Adquirir novos genes - as bactérias produzem novas enzimas (proteínas) que desativam ou destroem mesmo o antibiótico. Consequentemente, em vez de erradicar a infecção completamente, o antibiótico mata somente os organismos mais fracos e não resistentes, deixando os seus parceiros mais resistentes para se multiplicarem e espalharem os genes que inicialmente asseguraram a sua sobrevivência. A resistência desenvolve-se ao longo do tempo, enquanto as novas gerações de bactérias se tornam mais fortes - um problema agravado pelo abuso, uso errado e exagerado dos antibióticos.

Que tipos de resistência aos antibióticos foram já detectados?

MRSA - Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina

Estas bactérias tornaram-se resistentes à meticilina, à nafcilina, à oxacilina, à cloxacilina, à dicloxacilina, ao imipenem e às cefalosporinas, que são os antibióticos usuais para tratar infecções por Staphylococcus aureus. Consequentemente, têm de ser usados antibióticos mais tóxicos e mais caros (por exemplo, vancomicina).

VRE - Enterococcus Resistente à Vancomicina

Estirpes que desenvolveram a resistência a muitos antibióticos geralmente usados, mas mais especificamente, à vancomicina, que tem sido desde há muitos anos a última linha de defesa de encontro a estas infecções. Os enterococos são bactérias vulgares que se encontram naturalmente no nosso intestino, mas podem tornar-se prejudiciais se o corpo se encontrar já enfraquecido pela doença (ex.: doentes que se encontram internados no hospital por outros motivos, e ficam infectados por estas bactérias).

PR - Resistência à Penicilina

Bactérias resistentes ao efeito da penicilina Historicamente, o Streptococcus pneumoniae era uniformemente susceptível à penicilina (bactérias responsáveis pela meningite, pneumonia, otite média, sinusite e bacteremia – bactérias no sangue – nos adultos e nas crianças) Isto constitui um grave problema para as pessoas idosas, para os bebês, e todos os que têm problemas crônicos subjacentes ou sistemas imunitários enfraquecidos.

Pais deveriam pensar muito antes de ministrar
antibióticos a seus filhos: alguns basta a criança emitir O PRIMEIRO ESPIRRO ou manifestar-se UMA LEVE ALTERAÇÃO DE TEMPERATURA e já dão antibiótico, muitas vezes "receitado" por eles mesmos.

Esse também é um hábito regular em alas de atendimento emergencial e postos de saúde, sempre abarrotados de doentes, principalmente crianças e idosos, os mais frágeis e suscetíveis aos problemas apresentados no texto.

Seria eu totalmente CONTRA ANTIBIÓTICOS?

Não, em algumas situações eles são necessários, por exemplo, quando uma doença já fugiu do controle (o processo de cura utilizado não foi eficiente por N causas), ele pode cortar a infeceção, mas isso está tornando-se cada vez mais difícil, como os próprios médicos estão reconhecendo.Por isso, ultimamente, quando levam as crianças ao atendimento tradicional, o diagnóstico geralmente é "virose", ou seja, não conseguem mais identificar as doenças...

Aliás, vcs sabem a diferença entre bactéria e vírus?
Vou postar outro artigo escalarecedor.

Infecções bacterianas vs. infecções virais:
qual a diferença?


Tanto as infecções virais como as bacterianas fazem-no sentir doente, e muitos dos sintomas são idênticos.

Qual a diferença entre uma infecção viral e uma infecção bacteriana?

Uma doença provocada pelo vírus da gripe, ou constipação, geralmente dura apenas até 10 dias, enquanto as doenças causadas por bactérias geralmente duram mais de duas semanas.

Os sintomas da constipação e gripe, incluindo o nariz congestionado, olhos inflamados, tosse seca, dor de garganta, arrepios e dores, são causados por vírus e não por bactérias.

Adultos que têm uma garganta inflamada sem febre significativa e sem “pontos brancos”, muito provavelmente não têm uma infecção bacteriana? (O mais provável é que a doença tenha sido causada por um vírus.)

A maior parte das tosses não precisa de antibiótico. LEMBREM-SE – Se os seus sintomas sugerem uma infecção viral, os antibióticos não terão efeito.

LEMBREM-SE – Os antibióticos só devem ser usados quando forem realmente necessários - para curar uma infecção bacteriana - e receitados por MÉDICO; mas se vc quiser realmente afastar-se do uso de ANTIBIÓTICOS (mesmo que isso possa levar algum tempo), procure um MÉDICO HOMEOPATA UNICISTA.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Prevenção e Saneamento básico p/evitar doenças


... e mortalidade infantil.


O texto postado abaixo, comunga com minha visão sobre prevenção de doenças e uso de vacinas, ou seja, que os governos deveriam investir em saneamento básico como fator preponderante de prevenção da saúde e não fazendo o contrário, investindo milhões em vacinação em massa, como uma forma agressiva e invasiva de evitar a doença.

Alegam que a vacinação é necessária para evitar doenças, quando sabe-se que o tratamento de esgotos inexistente e o uso de água contaminada são berços da proliferação de agentes causadores de diárréia, cólera, tifo e poliomelite. Enquanto essa situação precária persistir no País, como podem dizer que "as doenças estão controladas e as vacinas são responsáveis por eliminar as doenças"? Será que os governos não investem em saneamento básico para a população porque não é uma obra grandiosa e nem atrai manchetes de uma forma sensacionalista, como por exemplo, perfurar o solo atrás de petróleo?

É assunto para pensar quando formos às urnas escolher nossos futuros governantes...


Falta de saneamento gera maior número de doenças

O Brasil apresenta uma triste estatística relacionada à falta de coleta e tratamento de esgoto.
Mais de 95 milhões de brasileiros não possuem rede de coleta de esgoto sanitário e 40 milhões utilizam fossas sépticas.
Nas zonas rurais, a coleta atinge apenas 4% da população
.
A consequência deste descaso das autoridades nas três esferas de poder (federal, estadual e municipal), principalmente nas periferias das grandes cidades do País, é o consumo de águas contaminadas pelos moradores e alta mortalidade de crianças, sobretudo até os cinco anos de idade.

O Presidente da Sociedade Brasileira de Parasitologia, Carlos Graeff Teixeira, destaca que o grande problema do Brasil em função da falta de investimentos nesta área são os casos de diarréia que proliferam em áreas sem saneamento básico. "São 210 crianças que morrem todo o mês em decorrência da doença, o que é uma vergonha".
Segundo ele, 80% do esgoto produzido no País não recebe nenhum tipo de tratamento e é despejado em lagos, rios mares e mananciais.

Para o presidente do Instituto Trata Brasil, Luiz Fernando Felli, sensibilizar a população sobre a importância e o direito de acesso à coleta e o tratamento do resíduo é fundamental.
A ONG realiza palestras com os moradores para organizar um planejamento e cobrar do poder público a aplicação de verba no setor. "O País só tem a ganhar com a aplicação de recursos em saneamento. A cada R$ 1,00 investido, o governo federal economizaria R$ 4,00 em gastos com saúde", explicou.

Além da diarréia, doenças como a cólera, tifo e poliomielite proliferam em águas contaminadas ou sem tratamento de esgoto.

Aproximadamente 40 milhões de pessoas que vivem na periferia das grandes cidades brasileiras bebem água de péssima qualidade. Nestes locais, além de não ter água potável, as moradias são precárias, a coleta de lixo não é realizada e não há rede de esgoto.
O alerta é do coordenador do Programa Água para a Vida da WWF-Brasil, Samuel Barreto: "Não adianta pensar o saneamento básico descolado de uma política de desenvolvimento, de ordenamento territorail, de habitação e de renda". O representante da entidade diz que as pessoas precisam morar e precisam de água. "Essa água será procurada em qualquer lugar", comentou.
Segundo ele, como no Brasil não são feitos investimentos em saneamento básico, o País não conseguirá cumprir algumas das Oito Metas do Milênio propostas pela ONU, que prevêem a redução pela metade - até 2015 - da proporção de pessoas que não têm acesso à água potável e ao tratamento de esgoto.

"A crise do setor é uma crise dos pobres", destacou. Na opinião de Barreto, "a classe política ainda não entendeu que água limpa e saneamento são os mais eficientes remédios preventivos para reduzir a mortalidade infantil no País".
BRAVO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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O Brasil possui 12% das reservas de água doce no mundo, mas ainda enfrenta problemas por não ter implantado uma política de uso racional e sustentávelç dos recursos hídricos. "Em 11 estados, menos da metade dos domicílios são atendidos por rede coletora de esgoto e 80% do que é recolhido é lançado sem tratamento em rios e lagos".

Resumo baseado em matéria publicada no Jornal do Comércio, em novembro de 2007.

domingo, 14 de setembro de 2008

Noivas de Frankenstein


Quando caminho pelas ruas, ando de ônibus, circulo pelos shoppings e parques, vou ao cinema, teatro e à feira ou na calada da noite, sou uma atenta e meticulosa observadora.
Misturada à multidão, encho os olhos e a mente da mesmice que movimenta-se à minha frente.
E uma das rotinas que mais tenho notado, entre as mulheres principalmente, é o perigoso e acrobático uso de sapatos de plataforma. Me impressiona a ginástica que moças e senhoras (e até algumas crianças!) executam para equilibrar-se naquele pedestal, além do esforço hercúleo que devem dispender para levantar o peso do artefato a cada passo.
Sim, sei que a vaidade grita mais forte do que o senso de estética ou a preocupação com o bem-estar da coluna vertebral.
Se querem ser mais altas, qualquer sacrifício é aceito para terem medidas de modelo, já que a indústria da moda pede que a cada ano, sejam maiores.
Particularmente, não tenho tal necessidade, pois sinto-me bastante satisfeita com meus 1,74 metros, mas lembro que na adolescência isso me causou muito sofrimento, já que não era hábito as garotas sonharem em ser top models. Então, eu era considerada uma "girafa", totalmente desengonçada perante minhas colegas com altura brasileira padrão.
Como os hábitos e costumes mudam com o transcorrer do tempo, hoje toda mocinha sonha em ser MUITO alta e se não foi beneficiada pela Mãe Natureza com esse atributo, a solução é a... plataforma!
Culpa dos estilistas, que ditam a moda e obrigam a mulherada a usar modelos estapafúrdios, cores escandalosas, padrões berrantes e otras cositas más, todas saídas das mentes impiedosas desses criadores que, certamente, não estão pensando intensamente na beleza e na saúde das mulheres.
E quando vi, pela primeira vez um sapato desses, me veio logo à mente a criação monstruosa e torturada do dr. Frankenstein, que usava... uma plataforma!
Se os estilistas conseguiram convencer as mulheres que elas ficam elegantes usando esse modelo de sapato, só posso dar meus parabéns ao poder hipnótico destes profissionais, pois iludiram milhares de criaturas no mundo todo.
“A partir de 3,0 cm de altura, o salto aumenta a pressão plantar sobre o dedão e o segundo dedo, deformando essas articulações, encurta a musculatura posterior da perna, aumenta a incidência de entorses e fraturas de tornozelo e pé, pois aumenta o desequilíbrio e diminui a velocidade do passo, fazendo com que a pessoa utilize mais energia para desenvolver uma distância. Há muitos registros de fraturas após quedas por causa de desequilíbrio de salto alto, ou escorregões."
Elegância, beleza, desenvoltura... será que temos nossos próprios conceitos ou somos macaquinhos seguindo a música do tocador de realejo?
Creio que não somos nada independentes em nossas escolhas, pois muitas vezes ao abrirmos algum velho baú com roupas antigas guardadas, damos um grito horrorizado e/ou envergonhado: "como pude usar isso um dia!"

sábado, 30 de agosto de 2008

Benemerência



Na edição de ZH de ontem, sexta-feira, 29, vem encartado um guia da Expointer 2008 - leia-se um guia para o circo de atrocidades contra animais - entre elas, um "leilão do bem":
"Na quinta-feira, 4 de setembro, às 19h30min, a Casa RBS será palco de uma noite solidária.
É o Leilão do Bem - Desfile de Moda em Couro.
O evento é uma parceria entre o Canal Rural, a estlista Liliane Richter e a Fenac. Na passarela, grandes nomes do jornalismo do Grupo RBS vão desfilar a coleção de inverno e tendências da moda em couro para o verão 2009. As peças serão leiloadas e a renda destinada a instituições de caridade.
Tânia Carvalho (foto) e Tatata Pimentel apresentarão o evento. As vendas serão comandadas por Alexandre Crespo."
Detalhe da foto (não registrada aqui) : a apresentadora veste um casaco feito com couro e tem um bicho (?) enrolado no pescoço (aparenta ser uma raposa...). Como jornalista, a referida senhora deveria estar mais bem-informada sobre a tendência mundial de evitar o uso de peles, que são literalmente arrancadas dos corpos dos animais, causando-lhes enorme sofrimento; não justifica-se o uso de peles para aquecer o pescocinho das madames num inverno nem tão rigoroso assim... mas é tão chic, não?
Pode ser até que ela venha com aquela manjada desculpa de que a pele é sintética, mas o casaco tenho certeza de que é do mais puro couro bovino (muuuuuuuuu!).
A notícia me levou a pensar sobre a incoerência de fazer caridade para uns utilizando a dor e o sofrimento de outros.
Tal Feira perpetua a cultura do uso e abuso de animais e as crianças, que adoram admirar as vaquinhas e os boizinhos nesse evento, será que permaneceriam saltitantes e sorridentes se os pais mostrassem a elas o que ocorre num matadouro, ou seja, como aqueles bichinhos fofos viram comida no prato? Lembro que quando era pequena e comia meu bife a milanesa, não tinha a menor idéia de como aquele alimento chegava à nossa mesa, aliás, nem pensava nisso, já que minha mãe escolhia o que julgava o melhor para a minha alimentação e eu, simplesmente... comia!
Ingenuamente, as crianças absorvem o ensinamento de que os animais são matéria prima para os hamburgers e milkshakes, sem nenhuma noção de ética embutida na lição.
Hamburgers e milkshakes são os principais itens do cardápio do McDonald's e a maioria das crianças são apaixonadas por eles - sem saber que o sofrimento das vacas proporciona a existência desses petiscos, também desconhecem o excesso de gorduras e aditivos artificiais que vêm como ingredientes das McDelícias.
E hoje, sábado, 30, circulando por um shopping center, vi que era um McDia Feliz, quando a renda obtida com a venda do Big Mac é revertida para instituições que tratam de crianças com câncer.
Como nossa civilização chegou ao ponto de ter um número tão grande de crianças doentes?
A resposta caberia em muito mais espaço do que esse post, mas uma parte dela seria que empresas como esta são causadoras de problemas de saúde que afligem a infância e a adolescência no mundo inteiro, já que o vírus mcdonaldiano foi exportado dos EUA para o resto do planeta, criando uma epidemia que ninguém pensa em extingüir.
Sabe-se que uma das principais causas de câncer é o junky food, nos moldes do disseminado por essas lancherias, sendo que há crianças que batem pé e só aceitam tal tipo de dieta.
Essa espécie de benemerência soa como tapar o sol com a peneira... ou desvestir um santo para vestir outro (dizia minha avózinha).
E, para minha surpresa, vejo no interior dessa lancheria, num palco improvisado, com cara de sono e a indefectível touca de lã, Nei Lisboa, incentivando o público a consumir muitos bigmacs, apadrinhando a campanha com melodias que as crianças não identificavam, mais interessadas nos balões e outros artifícios para atrair sua fugaz atenção.
Porque o espanto ao deparar com a cena?
1) vejo o cara que gravou Pra viajar no Cosmos não precisa Gasolina e Carecas da Jamaica, de repente ali, cercado por balões, cantando pra incentivar um projeto manipulador de uma multinacional sacana que vende lixo - ficou visível demais minha decepção?
2) pra quem não conhece o sujeito, uma vaga idéia ouvindo a crítica: "o nome de Nei Lisboa vem carregado de lendas, de histórias e de uma força quase mítica. O veterano trovador, que faz de Porto Alegre a principal personagem de suas canções, pode ser classificado, sem medo de errar, como uma espécie de Bob Dylan do Sul."
Não gostei de ver o Bob Dylan do Sul trovando no Mc Donald's... tá certo, ele pode alegar que é benemerente, assim como o desfile de casacos de couro é por uma boa causa, então, o que fazer se os fins justificam os meios?

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Little boxes 2


Aproveitando uma pergunta que me fizeram no post anterior (está nos comentários, mas muita gente nem os lê), sobre a existência de uma enorme variedade de cannabis e que apenas uma teria o THC, sendo que as demais poderiam servir como alimento:


Há poucos dias recebi um e-mail de um grupo/lista do qual faço parte, dizendo o seguinte:


"Tipo 1 - Leite de semente de maconha (kanhamo): Existem 36 tipos de maconha, somente uma tem THC, todas as outras se pode consumir como alimento. Aqui na Europa (a autora vive na Espanha) todas as lojas de produtos naturais vendem pois é 3 x melhor que a linhaça, pois além do +Omega 3 e o 6, o Kanhamo tem ômega 9.

Estudos nutricionais dizem que é o alimento mais parecido com o leite humano, tem cálcio e alto teor de proteína. Tem também gosto forte; necessariamente se deve colocar uma banana.


Receita do 'leite":
6 colheres sopa de kanhamo

2 copos de água

1 banana

Modo de preparo:


a) Bater em um liquidificador a semente e a água;


b) Coar num tecido fino, tipo fralda de bebê;


c) Limpar o liquidificador e bater o leite com a banana.


Detalhe: esse leite ela deu para seu bebê, que estava começando a experimentar alimentos novos, além do LM (e a criança aprovou o sabor).


Vivendo e aprendendo, não?


Aliás, esse grupo é muito legal, recomendo participar, tem dicas incríveis de alimentação.
Ver em: http://www.comidaecologica.com.br/ - Lista Receitas Ecológicas
***********************************
Site e blog de Portugal sobre o cânhamo, com informações nutricionais e venda de produtos, não só alimentícios:
Uma Receita para Leite de Cânhamo (do blog acima):
(Ingredientes Crus, Vegan, Sem Glúten nem açúcar)
Ingredientes:
100 g de sementes de cânhamo biológica com ou sem casca
25 g de amêndoas biológicas
1-2 colheres de chá de canela (opcional)
1 gota de extrato de baunilha biológica
Preparação: Coloque as sementes e amêndoas de molho 24 horas em ¼ de litro de água. Não precisa aquecer (aliás, não o faça). Depois triture as sementes e amêndoas no liquidificador, deve ficar tudo o mais triturado possível. Adicione depois mais ¼ de litro de água. Se desejar adicione agora a canela em pó (max. 2 colheres de chá) o extrato de baunilha (max. 1 gota, se puro). Filtre a mistura (através de um tecido ou outro filtro). Deixe repousar durante uma hora e está pronto. Dura 2 a 3 dias.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Little boxes


Little boxes on the hillside


Little boxes made of ticky tacky


Litlle boxes on the hillside


Little boxes just the same...




Quem já assitiu a Weeds, certamente conhece a melodia acima, que caracteriza essa série televisiva totalmente fora do manual!


Caixinhas espalhadas pelas colinas, feitas de ticky tacky (material usado na construção desse tipo de moradia fabricada em série lá nos EUA), casas como caixinhas todas iguais!


O subúrbio norte-americano, fenômeno surgido após a 2ª Guerra, pasteurizou a família classe média, que abandonou o centro das metrópoles para viver o sonho da casa própria, em colinas distantes dos arranha-céus. Casas iguais, carros iguais, comportamento idêntico, bando de ovelhinhas que na verdade escondem lobos no interior de seus lares, pois a aparência asséptica e bem-educada... não passa de mera aparência.


Pegando esse gancho, Weeds (leia-se erva, maconha, marijuana, diamba, cannabis, baseado, fininho, marvada, baura, marofa, jererê etc) usou a maconha como estandarte, mas o roteiro não é uma apologia ao seu uso, como muitos precipitados podem imaginar, mas aborda através dessa planta a hipocrisia.

Sim, a hipocrisia que prolifera no subúrbio, uma célula representativa da nossa sociedade: ênfase em manter aparências, sejam sociais, políticas, econômicas, comportamentais, sexuais etc.


A ideia-mãe: jovem e bela moradora de um subúrbio norte-americano, fica repentinamente viúva, com dois filhos para criar, contas a pagar, status para manter e não considerando-se habilitada para exercer alguma profissão, usa seus talentos comunicativos para traficar a erva entre os moradores de Agrestic (subúrbio fictício nos arredores de Los Angeles) - note-se que AGRESTIC é um anagrama de CIGAREST - droga bem mais letal, porém legalizada.

Bastante ingênua no início da trama, a doce viúva vai ficando esperta e absorvendo a malandragem de um universo desconhecido e a trama envolve inúmeros estereótipos, como os negros que fornecem a droga, os chicanos que traficam, os maridos e esposas que traem, os filhos que aprontam, mentem e se dão bem, algumas cenas realistas, outras totalmente incríveis, mas todas acabam levando à reflexão. Mesmo sendo uma comédia, Weeds faz o público usar os neurônios, se já nãos os tiver queimado todos...


A questão da marijuana é tratada de forma natural e fica-se com muita informação, como sobre os clubes de maconha medicinal (totalmente legalizados) e o uso da erva na culinária. Inclusive, o DVD da primeira temporada (que apresenta muitos extras), traz algumas receitas, onde na relação dos ingredientes, há sempre a seguinte indicação: 2 tablespoons of spice of your choice!


Traduzi uma delas, que pode ser feita com os temperos (ou condimentos ou ervas) à sua escolha:


BOTWIN BUDDHA BROWNIES


Ingredientes

1/2 xícara (chá) de manteiga sem sal

1 xícara (chá) de açúcar granulado

2 CS de água

100 g de cacau

2 ovos grandes

1 1/2 CS de extrato de baunilha

1 1/3 xícara (chá) de farinha de trigo

1/2 cc de bicarbonato de sódio

1/4 cc de sal

1/2 xícara (chá) de nozes picadas

2 CS de ervas à sua escolha


Como fazer

Pré aquecer o forno a 350º e untar uma forma de tamanho médio. Aquecer o açúcar, a manteiga e água numa panela até ferver, mexendo sempre. Tirar do fogo e juntar o cacau, mexendo até dissolvê-lo. Bater os ovos e adicioná-los, depois o extrato de baunilha - mexer bem a mistura.

Adicionar a farinha, o bicarbonato e o sal (mexer bem). Por último, colocar as nozes e os condimentos escolhidos.

Colocar a mistura na forma e assar por 15 a 20 minutos, inserindo um palito na massa para verificar se está no ponto (ele deve ficar seco). Espere esfriar antes de cortar a massa em quadradinhos.


Para quem ainda não assistiu, a primeira e a segunda temporadas já se encontram nas locadoras e também à venda nas lojas (precinho camarada: 39 reais cada, com 2 DVDs). No Brasil, a série passa no canal GNT e já está na quarta temporada (EUA).


Detalhe: autoria de Weeds é feminina (Jenji Kohan) e a trilha musical é excelente: 'Little Boxes' by Malvina Reynolds é provavelmente o tipo de música que você nunca ouviu antes... muuuuito interessante também é que na segunda temporada, a cada capítulo, essa música é interpretada por um artista diferente com um arranjo diferente, em diferentes ritmos!



sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A Ilha da Imaginação ou A Ilha de Nim


Nim vive em uma ilha perdida no imenso mar azul-turquesa com seu pai biólogo-marinho, Jack, um iguana-marinho chamado Fred, uma leoa-marinha chamada Selkie, uma tartaruga chamada Chica e uma antena parabólica para enviar e receber e-mails. Ela e o pai moram num endereço desconhecido para o resto do mundo. Mas quando Jack desaparece com seu barco a vela, na busca de um protozoário raro, a catástrofe ameaça sua casa e Nim tem de ser corajosa e executar tudo que aprendeu com o pai, já que a mãe foi engolida por uma baleia quando ela era bebê. Vai precisar da ajuda de seus velhos amigos, e de novos também, como a escritora de livros de aventura com seu herói preferido, Alexandra Rover, que vive também ilhada, mas num apartamento em uma grande metrópole, solitária e cheia de fobias.


Ok, pode parecer o roteiro de um filminho da sessão da tarde, mas é um dos melhores filmes "infantis" a que já assisti, cheio de arquétipos, o que faz com que nos identifiquemos com todos ou quase todos eles.
Coloco aqui alguns insights que tive com ele, compartilhando e esperando que os que também assistirem, deixem suas impressões. Na verdade, meu texto é um spoiler, então se pretendem ver o filme sem saber dos detalhes, leiam meus comentários mais tarde...

1) É básica a colocação de que ambas as heroínas do filme vivem em ilhas: uma delas, selvagem do ponto de vista da constituição física, com a Natureza nua e crua construindo a paisagem onde Nim e o pai se estabeleceram, sem alterar o ambiente, mas adaptando-se à geografia do local ("ecologicamente corretos"). Isolaram-se num universo particular, escondidos da civilização, usufruindo a Vida, não lutando contra ela.
A outra ilha é um ninho dentro da selvageria da metrópole, que engole seus habitantes através dos detonadores de stress constante: as doenças, a poluição, a violência, as máquinas em movimento permanente, fazendo com que Alexandra se isole em seu apartamento, com medo de enfrentar a agitação do exterior, praticando ali todas as suas atividades, mas escondendo-se da Vida.

2) Alexandra sofre de várias fobias e não consegue sair de sua ilha.
Nim é livre e feliz na sua ilha, nem passa por sua cabeça um dia abandoná-la.

3) Alexandra criou uma persona para viver as aventuras (Vida) que ela teme, mas ansia.
Quando rompe seu casulo para correr na direção de Nim, é o sentimento maternal que grita mais forte dentro dela: uma criança desprotegida, abandonada, ferida, precisando de ajuda, faz com que ela supere seus medos, abra a porta e se lançe no desconhecido.
O elo que une as duas é um sentimento tão forte quanto o que une Nim e o pai, que mesmo perdido em alto-mar, supera todos os problemas para voltar à ilha e encontrar novamente a filha.
Acho muito positivo que a força desses sentimentos seja mostrada às crianças, hoje muito desprovidas de valores, como o Amor Incondicional.

4) Quando um grupo de trambiqueiros descobre a posição da ilha e a invade pensando em negócios e lucros financeiros, percebemos o choque de interesses: o santuário natural prestes a ser agredido e poluído pelos procedimentos do capitalismo selvagem (a selvageria da civilização irrompendo na selvageria da Natureza).
A chegada da excursão de farofeiros é hilária (a parte mais divertida do filme), com personagens caricatos (mais arquétipos), cometendo toda a sorte de sandices e comportamentos destrutivos (não para eles, claro, mas para a ilha).
É nesse momento que Nim usa todas as habilidades que tinha suspensas dentro de si, procurando defender seus domínios e também tem um primeiro contato físico com outro ser humano, que não seus pais: um garoto tipicamente mundano.

5) Esse mesmo garoto é o único entre todos os passageiros e tripulação do navio-cruzeiro que tem contato com ela e que garante à Alexandra a existência da menina.
As crianças vêem aquilo que nós, adultos, não mais enxergamos, porque perdemos a fé a e a passagem para a dimensão da fantasia. Por isso, elas são sábias e sabem de muitas coisas que os adultos não conhecem (ou esqueceram, durante seu obtuso e truncado trajeto para a idade da razão).

6) É clara a observação da jornada de Alexandra: ela sai dos EUA com a mala cheia de latas de sopa, gel anti-bactericida, armaduras que supostamente a protegeriam dos flagelos do mundo. Mas, à medida que vai enfrentando desafios simbólicos - o vôo nauseante do avião, as dificuldades de comunicação, o helicóptero no meio da tempestade, o resgate pelo navio e o roubo do bote que a atira no meio do mar revolto - ela vai se despojando de objetos que apenas a serviam na sua ilha particular.
Quando finalmente ela consegue chegar na ilha natural, tem apenas a roupa (quase destruída) grudada em seu corpo. Todas as suas âncoras foram perdidas no trajeto e a nova âncora que surge é a mão de Nim que a retira, numa última etapa , de seu casulo protetor.
Ela desabrocha com uma nova identidade, como a borboleta que nasce.
Interessante notar que sua principal ligação com o mundo, o personagem de seus livros, Alex Rover, também desaparece, pois ela não precisa mais dele

7) Nim também sofre transformações, pois em sua jornada, precisou sobreviver sozinha, sem o amparo da figura paterna e teve seus primeiros contatos com o outro, o estranho, nascendo para um novo relacionamento, o amor materno, simbolizado na figura de Alexandra, que também necessitava manifestar esse sentimento.
Ao receberem Jack, também retornando de sua jornada de crescimento, completam o triângulo: o pai, a mãe e a filha, representando esse trio, os detonadores que impulsionam a criação de uma nova semente para perpetuar a espécie.

É maravilhoso perceber como as narrativas fantásticas contam de uma maneira fascinante a nossa jornada em busca do auto-conhecimento e da evolução.
Um item adicional: na trilha, músicas das bandas Talking Heads e U2.
E as imagens são belíssimas!

P. S.: O filme é baseado no livro A Ilha de Nim, de autoria de Wendy Orr, com ilustrações de Kerry Millard, sendo que algumas delas aparecem na tela. Vou comprar voando para minha filha (e para eu ler, é claro... rs).
Para quem quiser conferir:
http://www.brinquebook.com.br/livro.php?id=304