terça-feira, 28 de abril de 2009

Lobo Mau, cuidado! Os 3 Porquinhos pegaram a gripe...


Espalha-se a angústia, a ansiedade e o medo de morrer pelo planeta: que jogo sujo!

Esse joguinho das minorias manipulando a maioria acontece há muito tempo; o que mudou é que vivemos na aldeia global preconizada por McLuhan - algo que acontece no outro lado do mundo nos afeta rapidamente, pela facilidade de comunicação que a tecnologia nos trouxe.

Vamos supor que o vírus "surgiu" no México, num lugar densamente povoado, sem boas condições de higiene, com indivíduos mal alimentados e em más condições de saúde (esse quadro é bem comum em nossa atual sociedade) - logo no início, demoraram a diagnosticar, fazendo com que a doença se espalhasse - devido à fraqueza dos organismos atingidos, o vírus causou a morte - para quem estava em boas condições físicas, ministrado o tratamento com o "milagroso remédio da Roche" ou outro, em 7 dias (ciclo da gripe), a pessoa estará curada.

Claro que esperava-se a transmissão do vírus, justamente pelo constante trânsito das pessoas em viagens aéreas; por isso estão sendo registradas ocorrências da gripe em vários países do mundo e a produção do Tamiflu aguarda ansiosa para ser distribuída pelo planeta.

O número de casos comprovados é irrelevante, se levarmos em conta a população atual da Terra: 6,6 bilhões de almas... dá para falar em epidemia?
Vejo mais é o desespero dos cidadãos a tomar remédio sem necessidade e a andar mascarados - isso vai dar um bom lucro.
Sem falar de uma vacina que pode ser criada às pressas...

O medo embota o pensamento - não caiam nessa arapuca.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Medo de pegar a gripe aumenta...




Pois é, assim começa a espalhar-se o pânico e a paranóia... um espirro e o incauto já pensa em "gripe suína", como um dia pensou em Ebola, gripe aviária, a "volta da tuberculose"...

As pessoas lêem as notícias, assistem aos telejornais, pegam informações fragmentadas, manipuladas e superficiais, não aprofundam-se na pesquisa e saem comentando que "a gripe suína" já chegou no Brasil: um casal vindo de Cancum está internado com suspeita de ter contraído a dita...

E a indústria da alimentação, rapidamente, anunciou que PODEM comer carne de porco sem problemas, não é por aí que a doença vai nos atingir!
Lembram que na época da "gripe do frango", ninguém mais queria consumir o bichinho com medo de pegar a doença? Foi um grande prejuízo para os criadores de aves.

"O grupo farmacêutico suíço Roche informou nesta segunda-feira (27) que está pronto para fornecer 3 milhões de doses do medicamento antiviral Tamiflu, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) contra o vírus da gripe suína."

Bem, parece que estavam a postos, com toda a produção estocada, só aguardando o pânico ser estabelecido... o esquema planejado para desovar a produção está em funcionamento!

TAMIFLU está desaparecido dos balcões das farmácias, mesmo que deva ser indicado por médico e não tomado como picolé de frutas...

Agora à noite, vi na TV que um casal em lua-de-mel estava no check-in para Cancum e desistiu... e o governo prontamente alertou: não vai ressarcir ninguém que desistir de viajar para as "áreas de risco"... e o povo que chega do exterior, compra uma máscara na farmácia do aeroporto e vai pra casa up-to-date!

Para mostrar que TIRAMISU não é balinha de hortelã:

O governo dos Estados Unidos fez nesta sexta-feira (23) um alerta sobre eventos psiquiátricos observados em pacientes tomando os medicamentos Tamiflu, da Roche, e Relenza, da GlaxoSmithKline. Ambos os remédios são usados para tratar o vírus influenza, causador da gripe. Recomendações a respeito serão discutidas durante uma reunião na próxima semana.

Essa não é a primeira vez que a FDA (órgão americano que regulamenta a área de alimentação e medicamentos) faz uma reunião sobre problemas com esse tipo de medicamento. Há dois anos um encontro parecido foi realizado após relatos de mortes de crianças japonesas que tomavam Tamiflu. Os especialistas não conseguiram encontrar ligação entre as mortes e o remédio. Ainda assim, o órgão acrescentou na bula um alerta sobre comportamentos anormais, como delírio e propensão a autoflagelação.

Nos documentos preparados para a reunião da próxima semana e publicados no site da FDA, a agência recomendou que a bula fosse fortalecida para afirmar que “em alguns casos, esses comportamentos resultaram em ferimentos sérios, incluindo a morte, em pacientes adultos e pediátricos”.
A equipe da FDA também avaliou o Relenza, da mesma classe que o Tamiflu, e recomenda que a bula alerte para “casos de alucinações, delírio e comportamento anormal” observados em alguns pacientes tomando o remédio.
A FDA diz que não há provas sobre se os eventos são causados pela medicação, pela doença ou por uma interação entre os dois.

O Tamiflu é conhecido genericamente como oseltamivir e vendido como comprimido. O Relenza é o genérico zanamivir e tomado através de inalação.
O porta-voz da Roche disse que não há provas de uma relação causal entre o Tamiflu e os eventos psiquiátricos.
“A Roche investigou extensivamente o assunto e está conduzindo estudos clínicos e não-clínicos. A Roche leva todos os relatórios de efeitos colaterais muito a sério”, disse Terence Hurley, em nota.

Cerca de 48 milhões de pessoas já tomaram Tamiflu ao redor do mundo, incluindo 21 milhões de crianças, desde 1999, segundo Hurley.
A porta-voz da Glaxo diz que uma revisão de dados, obtidos antes do medicamentos ser colocado a venda e após os testes de aprovação, não mostraram qualquer sinal desse tipo de efeitos adversos.
A equipe da FDA avaliou cerca de 600 casos de eventos neuropsiquiátricos relatados por pacientes de Tamiflu e 115 de pacientes do Relenza.


Eu fico com o alho cru, a própolis, a equinácea, verduras, frutas e legumes crus, sementes germinadas, chás de tansagem, florais e outras práticas conhecidas, ainda, como alternativas...

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Gripe suína mortal



Uma variedade letal de gripe suína nunca antes vista vem atingindo o México, onde já provocou pelo menos 16 mortes e suscita o temor de que esteja se espalhando pela América do Norte.

A Organização Mundial de Saúde disse que está preocupada com o que chamou de 800 casos "semelhantes a gripe" no México e também com um surto confirmado de uma nova variedade de gripe suína nos Estados Unidos. A entidade anunciou na sexta-feira (24) que convocará um encontro de emergência para discutir o assunto.

Foram canceladas as aulas de milhões de alunos na capital mexicana, Cidade do México, e áreas vizinhas na sexta-feira, depois de as autoridades terem observado um número de mortes acima do normal nas últimas semanas por doenças semelhantes à gripe.
O Governo recomendou à população evitar beijos e apertos de mão.

"É um vírus suíno que sofreu uma mutação e em algum momento foi transmitido a humanos", disse à rede Televisa o ministro da Saúde mexicano, José Angel Cordova.

Cordova vinculou a doença no México a um novo tipo de gripe suína que já atingiu sete pessoas na Califórnia e no Texas.

Portal de Notícias da Globo
24/04/09

A notícia não me causa espanto, já estava prevista: aumento desenfreado da população, falta de higiene (animais convivendo com humanos) e péssima qualidade de alimentação, enfim, causas para que as bactérias e vírus se proliferem em alta velocidade.
Além disso, chamar a atenção para essas "epidemias" faz muito bem para os cofres da indústria farmacêutica, pois parece que em breve, teremos vacinas para tudo (até para unha encravada, como comentei num post antigo: http://foradomanual.blogspot.com/2008/06/isso-preveno.html

A cada nova denominação da doença que surgir, a indústria farmacêutica, bravamente, vai arregaçar as mangas e sair em busca da "cura"... que sempre estará bem perto de nós, em procedimentos básicos e simples - mas que não trazem lucro, apenas a manutenção da saúde - mas com todo mundo saudável, o que farão com os antibióticos, as vacinas, os frascos e comprimidos, os exames invasivos, os hospitais, enfim, com todo esse sistema de "saúde"?
É só espalhar o pânico que o povo sai correndo para tomar a vacina indicada, chegando ao exagero de tomar duas ou três doses seguidas, "para reforçar"...
As aves, os suínos, os mosquitos - eles são apenas condutores do mal projetado e construído pelo próprio Homem.


As causas da doença serão sempre as mesmas, ela só vai mudar de nome e ficar mais voraz e forte, a cada adaptação. Preparem seus sistemas imunológicos!

Aqui, os cientistas já previam a adaptação do vírus, das aves para os suínos:

O vírus H5N1 pode estar a adaptar-se a suínos
08-04-2009

Investigadores do Japão e da Indonésia descobriram, no decurso de uma investigação, que o vírus da gripe aviária H5N1 pode estar adaptando-se aos suínos e pode estar ficando menos patogénico para os mamíferos em geral.

Ao longo da investigação foram recolhidas amostras de vírus em aves e em suínos, na Indonésia.

Posteriormente, as amostras foram cultivadas em laboratório e inoculadas em ratos.

Após observação dos ratos, os investigadores, concluíram que os vírus recolhidos dos suínos eram menos letais para os ratos que os vírus recolhidos das aves.

Os investigadores acreditam que a diminuição da virulência do H5N1 nos suínos se deve à atenuação do vírus durante a sua replicação.

Segundo os investigadores, os suínos podem ser utilizados como hospedeiros intermediários do vírus, o que ajudará o vírus a adaptar-se aos humanos, pois as células epiteliais da traquéia dos suínos podem ser infectados com as variantes aviária e humana do vírus.

As infecções de suínos com o vírus H5N1 raramente são confirmadas, porque os suínos infectados não apresentam sinais da doença, no entanto, os investigadores afirmam que foram detectados suínos infectados com este vírus entre 2005 e 2007, na Indonésia.

Fonte: QUALFOOD - Base de Dados de Qualidade e Segurança Alimentar


Veja sobre a gripe aviária:
http://foradomanual.blogspot.com/2008/01/ltimas-notcias-sobre-gripe-aviria-oms.html

A primeira foto postada mostra imagem de infectados pela GRIPE ESPANHOLA, de 1918, com o vírus-origem de todos os demais que circulam por aí...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

50 Maneiras de comemorar o Dia Mundial da Terra


1. Apoiar e fortalecer projetos de desenvolvimento sustentável que prevêem a satisfação das necessidades imediatas e prementes da humanidade, sem que se comprometa a sobrevivência das gerações futuras, por meio do gerenciamento racional, comedido e inteligente dos recursos naturais.

2. Informar-se sobre a política ambiental das empresas que você contrata.

3. Cozinhar sempre com fogo mínimo e, de preferência, em panelas e na pressão. Manter as panelas tampadas, para manter o calor e tornar mais rápido o cozimento, diminuindo assim a quantidade de CO2 (dióxido de carbono), principal gás responsável pelo efeito estufa, emitido no meio ambiente pela queima de gás de cozinha.

4. Procurar retirar da geladeira todos os ingredientes necessários de uma só vez, para economizar energia.

5. Não colocar geladeira ou freezer perto de fogão para evitar superaquecimento. Os aparelhos devem ser descongelados sempre que necessário, porque o excesso de gelo reduz a circulação de ar frio.

6. Diminuir o consumo de carne vermelha. Muitos cientistas consideram a criação de bovinos uma das maiores responsáveis pelo efeito estufa, graças ao metano, um gás inflamável e poluente, e à enorme quantidade da água necessária a produção da carne vermelha.

7. Para poupar seu tempo e a energia gasta nos transportes, sempre que possível use telefone, ou Skype, ou os demais recursos de comunicação que evitam o deslocamento desnecessário.

8. Não trocar o celular enquanto estiver em bom estado. O celular utiliza metais pesados em suas batentes e sua produção, muitas vezes, baseia-se em mão de obra barata dos países em desenvolvimento.

9. Poupar energia com o uso de ventiladores de teto e correta manutenção (limpeza e/ou troca de filtros) dos aparelhos de ar condicionado.

10. Evitar o uso de pilhas, conectando os aparelhos na corrente elétrica. Uma pilha, além de gerar lixo, consome mais energia para ser fabricada do que a energia que obtemos dela. Quando estritamente necessárias, optar pelas recarregáveis.

11. Usar lâmpadas fluorescentes, que gastam menos energia que as incandescentes.

12. Comprar eletrodomésticos de baixo consumo energético, identificados com o selo do Procel. Desligar os aparelhos ou desconectá-los da tomada quando não estiverem em uso.

13. Usar a lavadora de roupas ou de louças apenas quando estiverem cheias. Quando acionadas com a metade de sua capacidade, selecionar os modos de menor consumo de água.

14. Pendurar a roupa para secar e usar a secadora apenas em casos especiais.

15. Diminuir o tempo do banho e dar preferência ao chuveiro, que consome menos energia e menos água.

16. Fazer compostagem orgânica. Sua horta agradecerá!

17. Plantar árvores, pois elas absorvem toneladas de gás.

18. Economizar papel significa poupar florestas. O papel não deve ser jogado fora antes de ter sido completamente utilizado. De preferência, usar papel reciclado.

19. No computador, ler os textos sem imprimi-los. Se a impressão for necessária, imprimir frente e verso.

20. Alguns livros podem ser encontrados gratuitamente na Internet, através, por exemplo, da Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/

21. Sempre que possível, utilizar os livros das bibliotecas ou comprá-los em sebos.

22. Não pegar folhetos na rua se não for de seu real interesse.

23. Solicitar às empresas que enviam malas diretas que não interessem que retirem seu nome da lista de envio.

24. Preferir toalha e coador de pano ao papel.

25. Substituir a cafeteira elétrica pela de fogão.

26. Simplificar o consumo de alimentos, dando preferência aos frescos, produzidos em sua região, não só para economizar combustível como também para fortalecer o desenvolvimento de sua comunidade. Comprar alimentos nacionais na estação e evitar o consumo de industrializados, assim como os importados, que costumam conter grande quantidade de agrotóxicos.

27. Consumir alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, que respeitam os ciclos de vida dos animais e absorvem mais gás carbônico da atmosfera do que os produzidos pela agricultura "tradicional".

28. Evitar alimentos congelados.

29. Evitar comprar alimentos embalados em isopor. O isopor é uma espuma de poliestireno, obtido a partir do benzeno, produto reconhecidamente cancerígeno. O benzeno é convertido em estireno e depois injetado com gases que lhe dão consistência de espuma. Os gases mais usados nesse processo são os clorofluorcarbonos (CFCs), responsáveis pelo buraco na camada de ozônio. A espuma de poliestireno é totalmente não-biodegradável, sendo assim, o isopor é uma grande ameaça à vida, porque contaminam os alimentos. Além disso, ao partir-se em pequenos pedaços, pode ser ingerido por diversos animais.

30. Reduzir o uso de embalagens, dando preferência àquelas com refil ou reutilizáveis.

31. Não comprar aerossóis, como sprays de cabelo e inseticidas. Essas embalagens contêm clorofluorcarbonos.

32. Preferir produtos de limpeza biodegradáveis, ajudando, assim, a diminuir o acúmulo de resíduos tóxicos nos rios e mares.

33. Utilizar sacola de pano ou juta para fazer compras. As de plástico poluem o solo e o mar e liberam meta e gás carbônico.

34. Sempre que possível andar a pé ou de bicicleta, ou utilizar um transporte coletivo (ônibus, metrô, etc.).

35. Ao trocar de carro, escolher um modelo menor e menos poluente.

36. Não deixar o bagageiro em cima do carro, pois o peso extra aumenta o consumo de combustível.

37. Manter o seu carro regulado, com os pneus calibrados, fazendo-lhe revisão de acordo com as instruções do fabricante, para que seu carro polua menos.

38. Lavar o carro a seco.

39. Economizar CDs e DVDs: um CD leva aproximadamente 450 para decompor-se. Utilizar mídia regravável, tais como: CD-RW, drives USB ou FTP para carregar ou partilhar os seus arquivos.

40. Desligar o computador quando ficar mais de duas horas sem utilizá-lo, e o monitor depois de 15 minutos. Dar preferência ao monitor de LCD, que é mais econômico - o maior responsável pelo consumo de energia de um computador é o monitor.

41. Usar a internet para participar de ações virtuais de conscientização e mobilização.

42. Economizar toalhas e lençóis em casa e nos hotéis, para poupar água e energia.

43. Economizar energia elétrica, usando com mais freqüência as escadas aos elevadores.

44. Proteger as florestas.

45. Recuperar, consertar, renovar e reciclar.

46. Utilizar lixo orgânico (pó de café, cascas de ovos, cascas de frutas e legumes, etc.) como adubo em vasos de planta.

47. Regar sempre as plantas à noite ou de manhã bem cedo, com o objetivo de impedir que a água se perca na evaporação.

48. Instalar uma válvula na descarga para regular a quantidade de água liberada no vaso sanitário.

49. Se necessitar de lentes de contato, dar preferência às lentes duráveis, evitando as descartáveis.

50. Não jogar o óleo de cozinha diretamente na pia ou no lixo, pois isso contamina lençóis subterrâneos de água e pode entupir o sistema de esgoto. Entre em contato com ONGs que desenvolvam a coleta desse material para transformá-lo em sabão, o que, além do benefício ecológico, pode constituir-se em fonte de renda para as classes mais pobres.

FONTE: Mundo Verde

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Os transgênicos e a razão política



A Alemanha decidiu, nesta semana, seguindo a Áustria, a França, a Hungria, a Grécia e Luxemburgo, proibir o cultivo do milho transgênico da variedade MON810, produzido pela Monsanto. A medida contraria a Comissão Europeia, que se empenhara antes em pressionar a Áustria e a Hungria a rever a proibição. No México, o país de maior consumo humano do milho, os transgênicos já foram vetados.

É significativo que a Alemanha assuma o combate a uma das variedades transgênicas, porque o país sempre esteve na vanguarda das experiências bioquímicas. Se, como assegura a ministra Ilse Aigner, a decisão é técnica, e não política, podemos ter a esperança de que o bom senso prevaleça na discussão do tema.

Seria insensato deixar de pesquisar as combinações genéticas. Elas sempre existiram na natureza, em processos aleatórios naturais, o que explica a evolução das espécies, no decorrer de milênios ou de milênios de milênios. Uma coisa seria a aceleração desse processo, mediante a ciência; outra é a introdução na gênese da planta de vetores estranhos, portadores de elementos também a ela estranhos, a fim de torná-la resistente a herbicidas produzidos pela mesma indústria que altera as sementes. Além do desequilíbrio da biodiversidade, com o extermínio de todas as plantas naturais na terra atingida, os agrotóxicos envenenam o solo, as águas e os homens.

O que assusta, nestas experiências, é o fato de que elas se fazem sobretudo por empresas capitalistas, com objetivos apenas de altos lucros. Não há nelas nenhum objetivo altruísta, como a de matar a fome do mundo.

A indústria química se desenvolveu, no século 19, a partir da Bayer, fundada em 1863, em Wupertal e instalada depois em Leverkusen. Sua pretensão sempre foi a de se tornar um sucedâneo lucrativo da natureza.
Talvez não haja ambição de poder maior do que o da bioquímica aplicada, porque ela o disputa com as leis do universo.
O que aterroriza no desempenho da indústria bioquímica é a sua associação ao poder político.
A Bayer, como sabem todos os historiadores do século passado, foi a cabeça do consórcio IG-Farben, sustentáculo e xifópago do nacional-socialismo.
Sua principal concorrente é a Monsanto, cuja história não é muito diferente. Foi fundada em 1901, em St.Louis, nos Estados Unidos, para produzir inicialmente sacarina e cafeína. Entre outros crimes de que foi cúmplice, a Monsanto produziu o agente laranja (composto de dois herbicidas, o 2,4D e o 2,4,5-T), cujos efeitos sobre os seres humanos no Vietnã perduram até hoje, com o nascimento de crianças com os órgãos genitais no rosto, sem pernas, sem olhos. Tanto para a Bayer quanto para a Monsanto – e empresas menores – o cultivo dos transgênicos só tem um objetivo, o de produzir grandes lucros, com as sementes e os agrotóxicos. A experiência demonstra que, a cada geração de cultivares transgênicos, cresce o volume do herbicida aplicado na terra, para obter o mesmo resultado.

No próximo sábado, a Comissão Nacional de Biotecnologia deverá reunir-se, com o propósito, já decidido, de liberar o cultivo de 50 variedades transgênicas.
Seu presidente é o médico Walter Colli, que se identifica como “um cientista de muita reputação”, e confirma, orgulhoso, ser “muito respeitado” conforme declarou ao Estado de S.Paulo.
A Comissão, com o apoio do Parlamento, movido pelo agronegócio, mudou o quorum de deliberação, de dois terços para maioria simples, a fim de permitir o cultivo de transgênicos, sobretudo do milho Liberty Link, da Bayer, rejeitado em 2006.
O senhor Colli tanto se esmera na “modéstia” com que se apresenta quanto na arrogância com que ameaça as organizações defensoras do meio ambiente, interessadas – conforme admite a lei – em assistir às deliberações do órgão.

Para impedi-las disso, ele suspendeu a última reunião da entidade e ameaça suspender a próxima.
O presidente Lula está empenhado em lutar contra a praga do sistema financeiro internacional e em conter a ganância dos juros altos. Os danos do sistema financeiro podem ser revertidos mediante a forte intervenção do Estado e o controle monetário, mas a violação dos códigos da natureza será irreparável. É preciso que se coloque a coleira da razão sobre os ilustres cientistas que participam da Comissão Nacional de Biossegurança.
O povo brasileiro deve ser ouvido. Só ele tem legitimidade para tratar de um assunto de tal seriedade que coloca em risco a vida de todos. Um plebiscito não seria demasiado.

(e-Campo/AEN/PR) 19/04/09

Se não me falha a memória, o presidente Lula, em promessas de campanha, disse que o Brasil seria um país livre de transgênicos... promessa é dívida, confere, senhor Presidente? ah, esqueci que esse aforismo não vale para políticos...

sábado, 18 de abril de 2009

Filmes biodegradáveis de quinoa


Patrícia Araújo Farro, pesquisadora

Estudo inédito desenvolvido na Unicamp resultou na obtenção de filmes biodegradáveis a partir de derivados do grão de quinoa, pseudocereal originário da América do Sul andina.
Os biofilmes obtidos pelo método de casting apresentaram boas propriedades mecânicas e resistência a solubilidade.
Foi uma experiência exploratória, mas que abre a perspectiva do uso desses derivados de quinoa em biomateriais no futuro, substituindo os filmes convencionais de plástico, que protegem os alimentos, mas poluem o meio ambiente.


A peruana Patrícia Cecília Araujo Farro trouxe seis das centenas de variedades de grãos de quinoa existentes em seu país, optando por estudar a variedade Real (Chenopodium quinoa Willdenow) para a tese de doutorado apresentada na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), orientada pela professora Florência Cecília Menegalli e co-orientada pelo professor Paulo José de Amaral Sobral.

A autora da tese explica que a elaboração de biofilmes é um processo de transformação que implica, inicialmente, conhecimento das características físico-químicas de suas matérias-primas, como amidos, proteínas, lipídios e aditivos ao processo com agentes plastificantes. O amido é o mais estudado na literatura, devido a sua abundância no reino vegetal e à elevada degradabilidade.


“O grão de quinoa é uma fonte muito rica de amido – macromolécula que permite a formação de filmes – e de proteínas e lipídeos. Há muitas pesquisas sobre suas propriedades nutricionais, como farináceos e aminoácidos, mas este é o primeiro estudo exploratório relacionado com biomateriais”, informa.


Patrícia Araujo Farro escolheu a quinoa Real por seu maior conteúdo de amido, 73%, contra 12,8% de proteínas e 6,3% de lipídeos. A partir deste grão, ela extraiu três matérias-primas: a farinha integral, obtida por moagem seca do grão; a farinha por extração úmida, parcialmente desengordurada e desproteinizada; e o amido, processado de forma a danificar pouco o grânulo.


“Da farinha integral de quinoa, chegamos a um filme de coloração amarelada e brilhante, propriedades ópticas que foram atenuadas na farinha por extração úmida. Já o amido resultou em filme de transparência comparável com a do polipropileno”, explica a pesquisadora.


Segundo ela, os biofilmes apresentaram características boas em termos de barreira (permeabilidade ao vapor de água e a gases), mecânicas (em testes de tração e perfuração) e solubilidade. “Mostramos que os derivados de grão de quinoa, realmente, podem formar biofilmes que merecem ser testados para uso em setores como os de alimentos, agrícola e farmacêutico”.


A aplicação mais comum dos filmes é na cobertura e embalagens de alimentos, podendo conter antioxidantes, antimicrobianos ou aditivos que visam retardar a taxa de deterioração do produto. “Os biofilmes que elaboramos podem ser inclusive comestíveis, mas isto exigiria outras condições de preparação que não testamos”, diz a autora do estudo.


Mas o trecho que achei mais interessante foi este:

O grão de quinoa passou a ser mais conhecido no Brasil apenas recentemente, por conta do enaltecimento de suas propriedades nutricionais pela mídia que se dedica a temas sobre a qualidade de vida. Por enquanto, porém, a quinoa ainda é servida como iguaria em pouquíssimos restaurantes e com preços à altura – em Campinas, a caixa com 200 gramas de grãos é vendida a quase R$ 20.

“Tenho ouvido muitas declarações de que o grão de quinoa e o amaranto, outro pseudocereal, são muito consumidos em meu país, o que é mentira. Se fosse verdade, teríamos a população menos desnutrida do mundo, pois a qualidade nutricional do grão é bastante elevada”, afirma Patrícia Araujo Farro, que é peruana.

Segundo a pesquisadora, em termos de proteínas, a quinoa contém todos os aminoácidos essenciais para consumo humano e apresenta uma resina superficial externa chamada saponina, que tem propriedades antifúngicas e também hipocolesterimizante.

“O grão de quinoa é consumido por uma população andina bastante restrita, de campesinos, sendo conhecido até pejorativamente como ‘comida de índios’. A literatura da Espanha, na época do descobrimento, refere-se ao ‘arrozinho-de-índio’ ou ‘arroz das Américas’. Ao longo do tempo, o grão foi muito esquecido pelo grosso da população”, explica Patrícia Araujo Farro.

De fato, quando cozido, o grão de quinoa abre-se feito arroz, até duas vezes o seu diâmetro. Mas os andinos também misturam quinoa com carne de lhama ou de alpaca, usando-o também para sopas e doces.

A pesquisadora acha importante destacar que o grão de quinoa é dificilmente adaptável a outros solos fora do berço andino – formado por Bolívia, Peru, nortes da Argentina e do Chile, e serras do Equador e da Colômbia. “Ao menos no Peru, o grão pode ser cultivado desde o nível do mar até 5 mil metros acima, sendo resistente aos solos áridos e ao ar rarefeito. Aliás, a melhor qualidade do grão é obtida a altitudes elevadas”.

Ela comemora o interesse pela quinoa no exterior, principalmente na Europa e na América do Norte, que compram o grão semi-processado para consumi-lo na forma de barra de cereais ou em flocos. “Sinto muita alegria diante da disseminação do grão lá fora, mas também tristeza porque dentro do Peru não existe apoio para diversificar seu processamento, seu consumo e sobretudo sua cultura”.

Patrícia Araujo Farro ressalta o crescimento importante do cultivo a partir dos anos 1970, em função da exportação, mas assegura que a escala poderia ser bem maior. “Nesse sentido, o que eu busco com este trabalho, pessoalmente, é promover a aplicação do grão de quinoa em outros produtos que possam interessar também às indústrias, começando pela de biomateriais”.

Texto na íntegra:
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/marco2008/ju388pag04.html

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A Vaca do Futuro


Essa notícia conseguiu fazer meu queixo cair, coisa bem difícil de acontecer, já que dificilmente me espanto com as besteiras que o ser humano consegue articular.

A indústria de laticínios dos Estados Unidos quer fazer a "vaca do futuro", para que ela passe a produzir menos gases, um projeto que visa cortar as emissões da indústria em 25% até 2020.
O projeto vaca quer reduzir a quantidade de metano intestinal, o maior componente da pegada de carbono da indústria de laticínios, disse Thomas P. Gallagher, chefe executivo da U.S. Dairy and Dairy Management Inc.'s Innovation Center.

Uma área a ser explorada é a modificação da alimentação das vacas leiteiras de maneira que elas produzam menos metano, disse Rick Naczi, líder da iniciativa.

"Agora, há algum trabalho sendo feito em aditivos de óleo de peixe e algumas outras coisas", disse. "A vaca é responsável pela maioria dos gases estufa produzidos na fazenda. Nós sabemos que há maneiras que podemos encontrar de cortar ou reduzir essa produção."

Outra possível solução é atacar os micróbios no sistema digestivo da vaca, disse Naczi. "Você pode mudar a composição da mistura de bactérias presentes nos alimentos ruminados e mudar a produção de metano desta forma."

Ele espera que as pesquisas produzam alguns resultados em um ano.

As emissões de gases estufa são culpadas pelo aquecimento global. Cortar as emissões da indústria de laticínios em 25% poderia equivaler a remover 1, 25 milhão de carros das estradas norte-americanas todos os anos, disse Gallagher.

A Universidade do Arkansas estima que essa indústria contribua com menos de 2% do total das emissões de gases estufa dos Estados Unidos. No entanto, consumidores exigem cada vez mais produtos feitos de maneira sustentável, disse Gallagher. (Fonte: Estadão Online)


Não sei se acho engraçado ou começo a chorar... a exigência de "produtos feitos de maneira sustentável" vai criar mais projetos bizarros... aguardem!

Os campeões em agrotóxico



O pimentão foi o alimento que apresentou o maior índice de agrotóxico entre 17 variedades de produtos comuns na mesa dos brasileiros analisados em 2008 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

De 101 pimentões coletados em supermercados para o exame toxicológico, 65 (64,36%) continham agrotóxicos em quantidade muito superior ao que é permitido - um miligrama por quilo, com exigência de 14 dias entre a aplicação e o consumo, de acordo com a legislação internacional, adotada pelo Brasil.

Não foi só isso.

Chamou a atenção da Anvisa o uso de agrotóxicos não permitidos em todas as culturas analisadas.
Ingredientes ativos banidos nos países desenvolvidos, como o acefato, o metamidofós e o endossulfam, foram encontrados de forma irregular em abacaxi, alface, arroz, batata, cebola, cenoura, laranja, mamão, morango, pimentão, repolho, tomate e uva.

- Desde 2008, o Brasil é o país que mais consome agrotóxico no mundo - disse o gerente de toxicologia da Anvisa, José Agenor.


Ao todo, a Anvisa analisou no ano passado 1773 amostras de 17 alimentos.
Desde 2001 é feito o monitoramento, mas no começo da experiência, poucos Estados participavam e eram coletados apenas nove tipos de produtos.
No ano passado, o controle passou a ser feito em todo o país.

Os campeões

Pimentão - 64,36%
Morango - 36,05%
Uva - 32,67%
Cenoura - 30,39%


A popular dupla arroz e feijão, pela primeira vez monitorada, está com índices baixos: 4,41% e 2,91%, respectivamente.
O índice do tomate caiu de 44,72% para 18,27%.
A batata inglesa também teve uma queda acentuada na contaminação por agrotóxico: de 22,2%, em 2007, para 2%.
A banana, que em 2007 tinha 6,53%, em 2008 ficou com 1,03%.

FONTE: Zero Hora de 16/04/09

Nesse tópico do blog, "Como evitar o consumo de agrotóxicos", dicas para diminuir o consumo deles na nossa alimentação:

Como diminuir a ingestão de agrotóxicos

terça-feira, 14 de abril de 2009

O Dia em que a Terra Parou


Assisti hoje ao DVD dessa refilmagem, cuja tônica é a mesma do original: nossa raça é a causa da devastação da Terra; somos uma espécie predadora e destrutiva. Não compreendemos a repercussão global do que fazemos com o nosso planeta.

No primeiro filme, recebemos um aviso e o alienígena vai embora, após deixar sua mensagem.
Na atual versão, Klaatu chega para uma rápida missão; cria várias Arcas de Noé, que colecionam espécies terráqueas em esferas espalhadas pelo planeta e após esse cuidado, parte para o extermínio da raça humana - para a liga interplanetária que ele representa, a raça humana já abusou do direito de estragar a Terra e merece desaparecer.

Ecologia - o filme está centralizado nessa palavra.

Mas o que me levou a escrever esse post foi um dos itens que encontrei nos extras, que pode ser estratégia de marketing da FOX, a produtora do filme, mas acaba sendo também uma estratégia ecológica a ser seguida por outras empresas envolvidas com o cinema.

O cinema é uma indústria extremamente anti-ecológica que usa e abusa de materiais não-recicláveis, consome, descarta sem cuidados, cria cenários enormes e os destrói sem piedade, enfim, procedimentos que hoje são considerados causas do estado lastimável em que se encontra o planeta.
Mas essa atitude está mudando e conforme diz a FOX, seria a primeira filmagem envolvendo cuidados relacionados com a ecologia - inclusive com a contratação de dois profissionais da área, que acompanham tudo de perto, aconselhando, observando, prestando a assessoria necessária.
Como afirma uma das participantes da equipe técnica: antigamente, quando eu recebia um roteiro digitado nos dois lados da folha, achava que era pão-durismo. Hoje, é uma atitude necessária e louvável.

Algumas mudanças: na cozinha, não usam mais pratos e talheres descartáveis e o lixo é separado e reciclado; aboliram o consumo de papel utilizado nas impressoras, adquirindo monitores de alta definição para que a equipe acompanhe detalhes da produção no PC, sem necessidade de imprimir; locação de carros híbridos; utilização de madeira proveniente de árvores que tombaram em temporais, sem precisar derrubá-las; evitam, ao máximo, o uso de plástico.
Muitas medidas têm custo mais alto, como o aluguel dos carros híbridos, mas a ideia é que com a demanda, os fornecedores encontrem maneiras de baratear esse custo.

Um interessante exemplo a ser seguido - antes que viajantes vindos de outra parte do Universo aterrisem em alguma de nossas áreas verdes e decidam exterminar os exterminadores... para salvar o que ainda estiver resistindo à devastação.

sábado, 11 de abril de 2009

HEMP MILK

Já tínhamos comentado aqui no blog sobre a excelência do leite feito com sementes de hemp ou cânhamo/kanhamo, mais conhecida aqui no Brasil como "maconha" - essa palavra costuma fazer a ligação droga/bandido para a maioria das pessoas...

Vejam os links:

Little boxes 2

Little boxes (nos comentários)


Esse termo, com toda a carga negativa que carrega consigo, já afasta o interesse das pessoas - por isso mesmo, prefiro manter a denominação HEMP MILK - porque a força das palavras é muito grande e pode prejudicar, com o preconceito, a adoção de uma ótima fonte de alimento, que, infelizmente só é produzida no exterior - mas pode-se comprar pela internet, tanto o leite quanto as sementes para fazê-lo.




Segundo artigo na FolhaOnline, de 25/03/09, o produto - um leite vegetal orgânico com leve sabor de nozes e rico em aminoácidos essenciais e ômega 3 e 6 - teria tudo para atingir mercados mundiais de orgânicos, não fosse um detalhe: ser feito a partir de Cannabis sativa L.

Mais: "O hemp milk tem saído tão bem quanto o leite de soja e pais me dizem que o sabor baunilha é perfeito para as crianças", diz Marcus Amies, gerente da loja de produtos naturais Jimbo's, num subúrbio de San Diego, Califórnia (EUA).
Após seis décadas de proibição no Canadá por seu uso recreativo, o cultivo comercial do cânhamo reiniciou-se em 1998.
Os EUA, que forçaram o vizinho à criminalização nos anos 1930, abocanham hoje 59% das exportações. Lá, o litro do leite de cânhamo custa US$ 4,99; a garrafa de 457 g de azeite, US$ 14,99; e barrinhas energéticas, US$ 2,29. No Brasil, os produtos não estão disponíveis.

Nutrientes

"Como sementes de outras plantas, a maconha tem constituintes nutritivos", diz o psicofarmacologista Elisaldo Carlini, da Universidade Federal de São Paulo. Segundo ele, não há risco de sentir "barato" ao ingerir esses produtos.

"Nas sementes não se encontra quase nada de THC [tetrahidrocanabinol, sua molécula psicoativa]", afirma.

A substância concentra-se na resina excretada pelas flores da planta fêmea, não usada nos alimentos. Ademais, o cânhamo industrial tem concentração de THC de 0,5%, contra mais de 5% da cepa usada para fins recreativos.

Seu óleo é rico em ácidos graxos essenciais -ômega 6 e ômega 3. Embora não sejam sintetizados pelo organismo, são necessários, por exemplo, para a transmissão de impulsos nervosos, síntese de hemoglobina e divisão celular.

"O que chama a atenção não é apenas a quantidade, mas sua proporção", diz a nutricionista Samara Crancio, do Conselho Regional dos Nutricionistas de ES, MG e RJ.

O óleo do cânhamo apresenta uma razão de três partes de ômega 6 para uma de ômega 3 -dentro da ideal, entre 2:1 e 3:1, proposto por pesquisas, diz Crancio. "O mais próximo disso é o óleo de canola, mas o do cânhamo é melhor. Já uma razão muito elevada favoreceria o desenvolvimento de doenças alérgicas, cardiovasculares e inflamatórias."

As proteínas da semente fazem dela uma boa opção vegetariana, segundo a nutricionista. "Poucos alimentos vegetais têm proteínas de alto valor biológico, e entre eles estão as sementes de soja e de cânhamo."

Enquanto a soja é indicada especialmente para mulheres que entram na menopausa ou que precisam fazer reposição hormonal, por conta das isoflavonas -fitoesterol que "imita" o hormônio feminino estrogênio-, o cânhamo é bom para pacientes com deficiência de ácidos graxos essenciais, crianças e atletas, diz Crancio.

Em 100 g de semente ainda estão presentes mais de 100% da recomendação diária de vitamina A e quase o suficiente de B1 e B2. Como sua produção não exige herbicidas nem fertilizantes, sua maior parte é certificada como orgânica, segundo o Departamento de Agricultura do Canadá.

Seria então o alimento perfeito? Ainda é cedo para dizê-lo. "Geralmente, alimentos têm componentes bons e ruins, e o importante é oferecer um que seja seguro. Ainda não encontrei estudos científicos que comprovem que essa semente seja livre de compostos antinutricionais", diz Jocelem Salgado, professora de Nutrição Humana da Esalq-USP e presidente da Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais.



Produto de exportação


O negócio ainda é pequeno. Segundo a Aliança Comercial Canadense do Cânhamo, o mercado de qualquer nova variedade agrícola demora de 15 a 50 anos para se desenvolver. O cultivo legal do cânhamo mal alcançou uma década.

Ainda assim, as exportações vêm crescendo. Segundo o Departamento de Estatística canadense, o país exportou em 2007 US$ 2,1 milhões em sementes, comparados a US$ 1,3 milhão no ano anterior.

A americana Living Harvest produz o leite de cânhamo há dois anos e, nos próximos meses, lançará o sorvete Tempt. Como o cultivo é ilegal nos EUA, precisa importar toda a matéria-prima do Canadá. Já a Manitoba Harvest, que produz o leite Hemp Bliss, é canadense, mas exporta 65% de sua produção -60% para os EUA.

Mike Fata, presidente da empresa, quer espalhar o leite pelo globo. "Estamos nos mudando para uma fábrica muito maior. [Vamos] aumentar nossa capacidade, dar conta da demanda norte-americana e expandir nossos mercados. Já entramos em contato com empresas no Brasil e vamos lançar produtos aí quando for a hora."

Não será fácil. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proíbe sua importação, seja como matéria-prima, seja como produto semielaborado ou seja como produto acabado, embora a semente já entre no Brasil em rações para aves da família dos psitacídeos (como papagaios).

Jocelem Salgado, que alimenta seus pássaros com esse tipo de ração, crê que as prateleiras brasileiras não receberão cedo os alimentos de cânhamo. "Nossa legislação é mais séria. É necessário muita pesquisa."


Nossa legislação é MAIS SÉRIA que a norte-americana? rs...