Sunday, November 28, 2010

Reality show in Rio


A mídia tem o poder de transformar tudo em espetáculo!

Banaliza, esconde fatos, mostra os que lhe interessam, monta o circo para divertir (leia-se "informar") o consumidor.

A invasão da favela do Alemão (rebatizada de Complexo do Alemão) está sendo transmitida como um show fantástico...

A questão do tráfico de drogas instalado em zonas de pobreza é antiga, cresceu como um câncer que não foi tratado no início, quando as células doentes eram poucas e ainda não haviam se espalhado tomando conta do organismo. Agora, está sendo necessária a utilização de tratamentos violentos e de choque, uma quimioterapia intensa, que causará danos e não tem garantia de sucesso.

O filme Tropa de Elite serviu com uma catapulta para que essa operação acontecesse, além da óbvia proximidade dos eventos da Copa e das Olimpíadas. É preciso criar ações para os gringos verem... certamente, o mundo está de olho no Rio!

Não esqueçam que o show está sendo editado e só mostram o que pode ser mostrado, o que realmente está acontecendo por lá só os envolvidos sabem... Mortos, feridos, abusos, balas perdidas, execuções sumárias, civis inocentes com sangue e tripas expostas ficam nos bastidores.

Quando surgiu um boato de que os traficantes estariam fugindo pela rede de esgoto, imediatamente uma autoridade pulou, informando que não há rede de esgoto no Complexo do Alemão! Incrível que em pleno século XXI, pessoas ainda vivam sem esse requisito básico - elas têm televisão, iPod, laptop, armas sofisticadas mas não têm rede de esgoto!

Então, estrangeiros podem vir para a cidade maravilhosa que a repressão ao tráfico dessa vez tá valendo!

Thursday, November 11, 2010

Defensivo agrícola, não! Agroveneno!


Seguindo nossas postagens sobre os perigos do uso de agrotóxicos nos alimentos que consumimos, aí vão dois ótimos artigos escritos pelo jornalista Gabriel Brito, no Correio da Cidadania.

Agrotóxicos, motor da agroindústria e do latifúndio, são escondidos do debate nacional
18-Set-2010

Uma das grandes ameaças da atualidade à saúde do povo brasileiro, os agrotóxicos foram tema de seminário na Escola Nacional Florestan Fernandes, localizada em Guararema, interior de São Paulo, e inaugurada em 2006, a partir de esforços empreendidos pelos movimentos populares do campo. Com a participação de profissionais da ANVISA e professores de universidades federais, o encontro serviu de alerta para um retrato praticamente invisível de nossa agricultura.

"Antes de tudo, devemos colocar as coisas no devido lugar. A definição correta para os produtos que se têm utilizado na agricultura é agroveneno. Nada de ‘defensivo agrícola’ ou mesmo ‘agrotóxico’ como estamos acostumados, pois nem sempre dão a idéia exata do que significam", introduziu Frei Sergio, liderança do Movimento dos Pequenos Agricultores. "Temos de reconhecer que o marketing desse setor é muito bom. Do início de sua expansão, quiseram chamá-lo de ‘agrobusiness’, o que não pegou, por um estranho resquício de nacionalismo nosso. Agora é a mesma coisa em relação a esses venenos", completou.

Numa detalhada análise de conjuntura, os convidados do seminário trataram de todos os pontos da cadeia que envolve este proeminente setor da economia nacional, não somente em sua produção e comercialização, como também acerca dos tipos de atores que comandam de forma hegemônica o agronegócio – que no Brasil significou a progressiva decadência da agricultura familiar, cujos resultados podem ser verificados também nas cidades, com suas apinhadas e precárias periferias.

Leia o artigo na íntegra aqui:
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/5027/9/

Bloqueio informativo e órgão regulador corrompido blindam os agrotóxicos
22-Out-2010

Na continuação da matéria a respeito da utilização dos agrotóxicos na agricultura brasileira, o Correio da Cidadania foca o implacável monopólio na cadeia produtiva brasileira e também o criminoso bloqueio que as gigantes do setor impõem a estudos e diagnósticos mais aprofundados acerca de seus efeitos, tanto no meio ambiente como na saúde dos seres vivos.

"As intoxicações têm acarretado em diversos casos de suicídio. Mas a empresa acusa o trabalhador de uso inadequado dos venenos e a ANVISA não consegue provar o nexo de causalidade entre as intoxicações e as mortes. Mas já se verificou em cidades onde o uso de agrotóxicos é intenso uma maior taxa de suicídios de agricultores em relação às outras pessoas, uma vez que causam distúrbios psíquicos e afetam o sistema nervoso", disse Rosany Bochner, professora da Fiocruz. "Por isso é importante fazer denúncias e notificar a ANVISA em caso de intoxicação", alerta.

Como se vê, o poder político dessas transnacionais encontra pouca resistência no país, até pelo fato de empresas como a Monsanto terem aparelhado a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), que de alguns anos para cá tem aprovado todas as sugestões das empresas para a aprovação de novos venenos, além da liberação dos transgênicos, questão envolta em muita polêmica e críticas de especialistas da área de saúde. Como evidência, basta lembrar o caso de Lia Giraldo, pesquisadora também da Fiocruz, que pediu demissão do órgão por desistir de defender suas posições em um ambiente "pró-transgênicos".

E quem comprova o quão crescente tem sido a presença dessas substâncias em nossas vidas é a própria Associação Nacional das Empresas de Defensivos Agrícolas, eufemismo que os agentes do setor empregaram aos venenos que utilizam, tendo elevado o Brasil ao posto de maior consumidor mundial de agrotóxicos.

Entre os anos de 1999 e 2007, o crescimento do consumo de herbicidas, inseticidas, fungicidas, acaricidas e outros venenos foi de 4,67% ao ano, sendo os estados de Mato Grosso, Paraná, São Paulo, Goiás e Minas Gerais, na ordem, os principais utilizadores. Já no período 2003-2007 (auge do crescimento econômico brasileiro nos anos Lula), esse mercado movimentou cerca de 21 bilhões de dólares no país. Nos últimos dois anos, os valores atingem 14 bilhões de dólares, o equivalente a cerca de 734 milhões de toneladas de venenos comercializadas.

"Todas as grandes empresas tiveram altos índices de crescimento, sendo que três delas detêm 90% do mercado, testando cerca de 200 mil substâncias por ano na tentativa de desenvolver um novo agrotóxico, enquanto nos anos 50 esse número não superava 1200", revelou Letícia Silva, da Anvisa.

Dessa forma, e com toda a anuência do governo brasileiro, a agricultura dos grandes monocultivos avança impiedosamente sobre aquela de caráter familiar, que comprovadamente gera mais emprego por hectare e, ainda por cima, produz a maior parte do alimento que chega às mesas dos brasileiros, uma vez que tais extensões de terras das grandes multinacionais do setor servem às demandas internacionais por nossas commodities.

Leia o artigo na íntegra aqui:
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/5144/180/