Sunday, December 28, 2008

Parto de cócoras



Médico Moysés Paciornik morre aos 94 anos

O corpo do médico Moysés Paciornik, que morreu sexta-feira (26) de parada cardíaca em São Paulo, será enterrado neste domingo (28), em Curitiba . Ele estava com 94 anos e ficou conhecido em todo o país como um dos maiores defensores do parto de cócoras.

Nos anos 70, Paciornik percorreu aldeias e descobriu que as índias, mesmo com mais filhos, tinham uma musculatura mais firme. Tornou-se, então, entusiasmado defensor do parto de cócoras. Era reconhecido em todo o mundo por suas descobertas científicas e foi também um dos primeiros médicos do país a começar o trabalho de prevenção contra o câncer ginecológico.


Para o presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Paraná (Sogipa), Hélvio Bertolozzi Soares, a morte de Moysés Paciornik representa uma perda irreparável para a medicina paranaense. “O professor Moysés era uma pessoa brilhante, desde o campo médico até as Letras”, diz. “Ele sempre deixou uma grande lembrança por onde passou e, por isso, vai fazer muita falta.”

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Matéria veiculada na Gazeta do Povo

O paranaense Moysés Paciornik era um médico reconhecido internacionalmente por suas descobertas. Na década de 70, percorreu o sul do país e através de estudos científicos descobriu que as índias da tribo caingangue tinham uma constituição física melhor que as mulheres da cidade, mesmo tendo mais filhos.
Para ele, o estilo de vida moderno, com o repouso constante em bancos e cadeiras, causava mais envelhecimento e por isso as índias levavam vantagem quando o assunto era musculatura pélvica e boa saúde. Daí surgiu a defesa do parto de cócoras, em 1975.

Paciornik nasceu em 4 de outubro de 1914 em Curitiba e se formou em Medicina na Universidade Federal do Paraná em 1938. Foram mais de 70 anos dedicados à profissão. Após a faculdade, especializou-se na área de Ginecologia e Obstetrícia e foi trabalhar no Hospital de Crianças. Quinze anos depois fundou a Casa da Saúde Moysés Paciornik.
Foi um dos pioneiros na luta contra o câncer ginecológico e ajudou a fundar o Centro Paranaense de Pesquisas Médicas, que estudava a doença. Também foi professor universitário e fundou na Universidade Federal do Paraná a cadeira de Higiene Pré-Natal, em 1952.

Na década de 60 o Centro Paranaense de Pesquisas Médicas passou a fazer exames de prevenção de câncer do colo do útero e Paciornik e sua equipe encontravam muitas mulheres que tinham preconceito e vergonha de fazer o exame papanicolau. Na época, o câncer era uma das principais causas da mortalidade feminina. Com a difusão do exame, o número de mortes caiu.

O médico era conhecido por sua inseparável gravata borboleta e sempre estava com roupas brancas. Ele foi colunista dominical da Gazeta do Povo por vários anos e as crônicas renderam a publicação de oito livros, além de dois inéditos, prontos para publicação. Há quinze anos ingressou na Academia Paranaense de Letras ocupando a cadeira número 35. Entre os principais títulos estão Brincando de Contar Histórias, Histórias da Terra, Erros Médicos, Aprenda a Nascer com os Índios, Aprenda a Viver com os Índios, Mafiosos de Branco e Conflitos Psicossociais em Consultório Médico.

Até os 90 anos de idade Paciornik subia e descia as escadas de seu prédio, intercalando os exercícios da “ginástica índio-brasileira” se agachando e levantando diversas vezes. Eram 19 andares. Nos últimos anos a saúde permitia que ele “somente” descesse. Sempre praticou caminhadas e tinha uma dieta alimentar especial, sem açúcar e gorduras.

Recebeu diversas homenagens em vida, entre elas o título de Cidadão Benemérito do Paraná e Destaque em Prática Médica da Associação Médica do Paraná. A última foi o prêmio Estado do Paraná, no início de dezembro, em comemoração aos 155 anos da Emancipação Política do estado.

Apesar de criticar bastante a medicina alopática, para ser imparcial tenho que elogiar alguns de seus praticantes, que procuram adicionar aos métodos tradicionais a inventividade Fora do Manual... Parabéns, doutor, pela vitalidade e pelo diferencial que plantou em vida!


Thursday, December 25, 2008

São tantas emoções...



É brega, é meloso de tão romântico, é careta, caricato e convencional: são algumas das críticas que pode-se ouvir sobre o tradicional e global show de Natal de Roberto Carlos, o mito.
O espetáculo é apresentado todo dia 25 de dezembro e isso é tão certo quanto 2 e 2 são quatro e o sol vai nascer amanhã de manhã.
O real é que o artista, ex-Rei da Jovem Guarda, é sucesso após tantos anos de carreira e lota qualquer lugar em que se exiba: estádio, salão ou transatlântico.
É inegável a existência do seu carisma e do seu talento como compositor e intérprete.
E as mulheres seguem apaixonadas por ele, as balzaquianas e as garotas, fãs da nova safra - qualquer uma sonhando em pegar uma das rosas vermelhas que ele atira para o público no final das apresentações.

Pois é. Esse ano senti algumas mudanças.
Não teve rosa lançada para a platéia.
Não teve Erasmo e Wanderléa.
Não teve nenhuma musa vestida de branco.

ROBERTO CARLOS INOVOU!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Bem, ele já tinha dado alguns sinais de mudança ao fazer shows e gravar com Caetano Veloso, um projeto relacionado com os 50 anos da Bossa-Nova.

Caetano, no seu look terno-de-executivo-despojado, marcou presença no evento natalino.
Neguinho da Beija-Flor trouxe uma fatia do elenco da Escola para cantar samba-enredo com Roberto, meio nervoso e deslocado, lendo a letra do samba (parecia coisa pra inglês ver...).
Rita Lee arrasou com rock malicioso e brejeiro, mas o maridão e o filhote ficaram na sombra.
Zezé Di Camargo e Luciano deram o toque rural.
Esqueci de alguém?

No final, músicas religiosas (afinal, é Natal, não?), mas na medida certa, sem aquele ranço missionário que Roberto vinha apresentando nos últimos anos.
Milagrosamente, Roberto Carlos inovou (repito...).
Devido a esse fenômeno, aumenta minha esperança de que outras coisas que pareciam imutáveis e estáticas também possam sofrer alterações.
Amém!


Confesso: sou fã do Rei! hehehehehehehehe

Sunday, December 14, 2008

Feliz Natal e Próspero Ano Novo!

Essa mensagem não é a mensagem típica natalina...
Não está ligada ao consumo desenfreado que leva às visitas perdulárias aos shopping centers, em busca de um presente, muitas vezes sem significado espiritual, mas como uma obrigação social.
Não está ligada ao exagero de comida e bebida, quando tantos passam fome.
Não está ligada a um sentimento que se manifesta apenas uma vez por ano e se dilui, aos poucos, nos outros 300 e tantos dias.
É uma mensagem de "boas festas" Fora do Manual.


"A renovação do nosso espírito, e a satisfação da vida material, se dá com o nascer do sol: com uma planta que nasce, com o brotar da flor, com o aparecimento do fruto, com cada folha que renova, com o canto dos pássaros, com as matas povoadas de animais, com o encanto das florestas, com os rios, lagos, ou lagoas cheios de peixes, com o barulho das cachoeiras, com a água pura que mata a nossa sede, e que nos banha, com as nossas roças produzindo alimentos, para saciar nossa necessidade de perpetuação, com o entardecer, com a lua que surge para nos encantar, com as estrelas, que servem para nos guiar, com o novo amanhecer, com o nascer de uma criança, com o respeito e, o cuidado com os nossos semelhantes, com o direito de viver, e, com a nossa partida para o mundo espiritual. Enfim, com o amor e a proteção que nos relacionamos com a Mãe Natureza.

Somos parte da Terra, pedaços de torrões!

Não queremos um Natal e Próspero Ano Novo, que é medido de ano em ano, onde as pessoas são levadas a acreditarem que é só nesses momentos, que o espírito precisa de renovação e paz, que se redime de todos os tipos de atrocidades cometidos ao longo de um ano, que deve se colocar a melhor roupa, o melhor sapato, ter o melhor alimento, amar, sonhar, tolerar, perdoar, presentear, reunir os membros da família, e que depois de passado surgem as incertezas, o desespero, o egoísmo, o orgulho, a prepotência, a vaidade, o rancor, o ódio, a desesperança, a ganância, a sede do poder, a cegueira, a desilusão etc..;. Que transforma o homem, em um ser avilte.

Não queremos um Feliz Natal, e um Próspero Ano Novo de quem faz parte de um Sistema, ou aceita ser dominado por conveniência, e que deixa seus próprios irmãos: com fome, com sede, sem teto, sem pátria, sem direito a uma boa educação, à saúde, a um trabalho digno, sem acesso ao conhecimento dos direitos e deveres de cidadania, sem rosto e sem voz, que fomentam a guerra (a disputa e a discórdia),

Queremos sim, comungar sempre, com aqueles, que enxergam a humanidade como um todo, que não precisam de retórica, e nem se dizem intelectuais para seduzir e enganar seus irmãos, que não possuem olhos vendados, e que tem a plena consciência de que somos todos iguais perante a Natureza. A diferença é unicamente cultural. E, acima de tudo possuem a consciência de que precisamos preservar e cuidar do meio em que vivemos, se deseja para nossas futuras gerações uma vida digna!"


Yakuy Tupinambá

Auere!
Yakuy Tupinambá
yakuy@indiosonline.org.br

Tuesday, December 9, 2008

Morte pela Medicina
























O Sistema Médico Norte-americano no Banco dos Réus

"Morte pela Medicina" (Death by Medicine) é um trabalho para abrir os olhos daqueles que acreditam que o futuro da medicina está na alta tecnologia.
Foi publicado em março de 2004 na Life Extension, um revista mensal dedicada a cobertura dos últimos avanços médicos e científicos ao redor do mundo.
Como o título agressivo sugere, o artigo explora os perigos de medicina convencional nos Estados Unidos, analisando a literatura relacionada às lesões e mortes atribuídas à medicina.

Em sua apresentação, os autores anotam: "Nunca foram apontadas estatísticas completas das múltiplas causas de iatrogênese em um artigo. Ciência médica acumula dezenas de milhares de artigos anualmente – cada um destes mostram um pequeno fragmento do quadro todo.
Cada especialidade, cada divisão da medicina, mantém seus próprios registros e dados como pedaços de um quebra-cabeça. Nós agora completamos o trabalho esmerado de revisar milhares e milhares de estudos. Finalmente, ao terminar de compor o quebra-cabeça, nos deparamos com algumas respostas perturbadoras."

As respostas perturbadoras que os cinco pesquisadores descobriram são uma autêntica acusação ao sistema médico norte-americano:

"O número total de mortes causado pela medicina convencional é surpreendente: 783.936 por ano."

"O número das pessoas hospitalizadas que apresentam reações adversas a medicamentos prescritos pelos médicos 2.2 milhões por ano."

"Em 1995, o número de antibióticos prescritos desnecessariamente para infecções virais era 20 milhões. Em 2003, o número chega à casa das dezenas de milhão."

"O número de procedimentos cirúrgicos desnecessários anualmente é 7.5 milhões."

"O número das pessoas hospitalizadas desnecessariamente anualmente é 8.9 milhões."

"É evidente que o sistema médico americano é a principal causa de morte e lesões nos Estados Unidos."

Os autores revelam uma outra preocupação: “cerca de 20% dos atos iatrogênicos jamais são informados."

Eles também projetam que os custos associados com mortes causadas por intervenções médicas somam aproximadamente 282 bilhões de dólares por ano, e a estimativa de custo para procedimentos médicos e hospitalizações desnecessárias somam 16.4 milhões de dólares por ano.

Como se esta informação não bastasse, o artigo ainda discute o mundo da indústria farmacêutica. Os autores discutem os perigos de muitos tipos de drogas e como seu uso excessivo afeta nossa saúde e nosso ambiente. Em seguida, discutem os perigos dos procedimentos cirúrgicos, a falta de relatório dos erros e das hospitalizações desnecessárias. O artigo termina com uma discussão sobre como as mulheres são maltratados pela medicina, e os perigos que esperam os idosos: "Um total de 20% de todas mortes de todas causas ocorre em asilos."

Leia o texto completo (em inglês): www.lef.org/magazine/mag2004/mar2004_awsi_death_01.html
Mais de 150 referências e um apêndice extenso apoiam as conclusões apresentadas pelos autores.

O link acima leva ao site da TAPS, que é um dos mais confiáveis na internet com referência a fatos pouco conhecidos do grande público - são informações preciosas.

Referência:

1. Gary Null, PhD, Carolyn Dean, MD ND, Martin Feldman, MD, Debora Rasio, MD, Dorothy Smith, PhD. "Death by Medicine." Life Extension March 2004 (Web exclusive).

Tuesday, December 2, 2008

Batique e violência

Domingão ensolarado, marcando mais de 30º no termômetro, saí animada para visitar a BioNat, uma exposição de empresas e produtos naturebas montada no Cais do Porto, na área central da cidade.
A animação também era por conta de uma oficina de batique e tye-die da qual iria participar. Já tenho algum conhecimento dessa técnica mas estava particularmente interessada porque iríamos aprender a usar somente corantes e fixadores naturais, como cúrcuma, urucum, erva-mate, beterraba, couve, cana-de-açúcar, pata-de-vaca...
Ficamos quase três horas recebendo informações, teóricas e práticas e me sentia ansiosa para adquirir o material e fazer minha produção personalizada.
A professora, simpática, os participantes, interessados, o tempo correu depressa.
Para encerrar, um suco de couve com limão me deixou nas alturas e instalada nessa dimensão, fui caminhando de volta para casa.
Estava desplugada do momento real, relembrando o que tinha aprendido, pensando nos materiais que usaria, o suco verde me inebriando e quando percebi, um cara muito alto se postou na minha frente dizendo "me dá essa bolsa agora!".
Nesse momento, desci da minha nuvem distante e aterrisei, violentamente, nos paralelepípedos.
Dois caras enormes atracaram-se comigo numa luta feroz pela posse da minha bolsa e, obviamente, como não sou treinada em artes marciais nem em defesa pessoal, tive que largar a dita para não ter meu braço quebrado.
Saí gritando atrás dos assaltantes e o estardalhaço atraiu a presença da cavalaria (que, geralmente, chega uma fração de segundos atrasada...). Porém, gentilmente, me levaram no dorso de seu corcel branco a rodar pelas vias onde, talvez, os sujeitos estivessem trafegando e pudesse identificá-los.
Mas, era dia de passe livre nos ônibus e algum evento na Usina do Gasômetro trouxera centenas de pessoas para a região e assim, seria o mesmo que procurar uma agulha perdida no palheiro - sou fã de citações clássicas como esta - logo, vou usar mais uma: vão-se os anéis e ficam os dedos!
E tenho que me conformar com esse aforismo, pois ser assaltada e perder alguma coisa, que você obteve dispendendo esforço e energia, para um estranho que pratica a lei do menor esforço, é regra no meio urbano - banalizou.
Como disseram os policiais que me ajudaram: "ainda bem que não estás morta nem gravemente ferida..." - isso vai ter que me servir de consolo, talvez até interceda pelos agressores nas minhas preces diárias, visto que, bondosamente, me deixaram a vida intacta.
Lastimo que a "Operação Papai Noel" tenha começado somente hoje no centro da capital, com o aumento do contingente repressor à ação dos bandidos, para que os portoalegrenses possam fazer calmamente suas compras de Natal...
Poderia ter começado no domingo e então eu teria direito a sair pelas ruas, caminhando com a cabeça nas nuvens, tranqüilamente, sem ter que enxergar um monstro atrás de cada sombra que se move.
Um pequeno prazer que já não podemos desfrutar: caminhar sem lenço e sem documento.
Ontem, uma amiga estava fazendo isso no Parque Marinha e teve que voltar para casa calçando meias, pois os tênis que usava... o meliante levou!
Seria cômico, se não fosse trágico (uma última citação, para não perder o hábito).
Mas o que, inesperadamente, me fez rir, aconteceu quando fui registrar a ocorrência na delegacia e o escrevente anotou na folha o seguinte: "furto mão grande consumado." Achei hilária a descrição do ocorrido...