Monday, February 26, 2007

Birmânia







"A única prisão real é o medo.
E a única liberdade real é a liberdade de não ter medo."
Aung San Suu Kyi



Fazendo uma busca num sebo, na seção das hoje desprezadas fitas de video VHS, costumo encontrar raridades, filmes cults ou filmes praticamente desconhecidos, alguns não alardeados pela midia, mas enfim, preciosidades.

Assim encontrei MUITO ALÉM DE RANGUN (Beyond Hangoon), com Patricia Arquette no papel feminino principal, interpretando o papel de uma médica norte-americana, que ao perder de forma brutal o marido e o filho, resolve viajar pelo Oriente, fugindo da vida.

Na Birmânia, envolvida pela situação de guerrilha, abuso dos militares e a luta do povo, ela encontra novos motivos para acreditar na vida e, principalmente, exercer sua profissão.
Direção de John Boorman, produção de 1994.

Assistindo a esse filme, você pode ter uma idéia da situação política da Birmânia (que não está muito diferente na atualidade) e também conhecer a figura carismática de Aung San Suu Kyi, a líder do povo birmanês, Prêmio Nobel da Paz de 1991.

Aung San Suu Kyi (Rangum, 19 de Junho de 1945) foi premiada com o Nobel da Paz em 1991, líder da oposição, ativista dos direitos humanos.
Filha de Aung San, o herói nacional da independência da Birmânia que foi assassinado quando Suu Kyi tinha apenas dois anos de idade.
Depois de ter vivido em Londres, regressou ao seu país em 1988, por altura da morte da mãe.

O seu retorno à Birmânia, entretanto denominada Myanmar, coincidiu com a eclosão de uma revolta popular espontânea contra vinte e seis anos de repressão política e de declínio econômico no país. Em pouco tempo, Suu Kyi tornou-se a líder do movimento de contestação ao regime militar.
Nesse ano de 1988, morreram 10.000 pessoas em consequência das medidas de repressão adoptadas pelo regime. Após o seu partido (a Liga Nacional para a Democracia) ter obtido uma vitória esmagadora nas eleições de 1990, Suu Kyi viu-se remetida a prisão domiciliária pela junta militar que governa o seu país. A Birmânia continuou a ser dirigida pelo general Ne Win num regime ditatorial, mas a luta pela democracia ganhava crescente visibilidade e apoio internacional.
Em 1990, Aung San Suu Kyi ganhou o prêmio Sakharov de liberdade de pensamento, e em 1991 foi ganhadora do Prêmio Nobel da Paz.
Em 1995 o regime militar decidiu levantar a pena de prisão domiciliária imposta a ela, como sinal de abertura democrática dirigido à comunidade internacional. As liberdades individuais de Suu Kyi, porém, continuam muito limitadas.




Phonm Penh, 18/04/2006(IPS) - Uma recente visita de parlamentares da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) a um campo de refugiados na fronteira talandesa-birmanesa nos permitiu ter uma pungente visão de um país devastado pela violência e a repressão.
Agressões militares, trabalhos e deslocamentos forçados, assassinatos e torturas, cuja responsabilidade cabe ao governo militar da Birmânia, levaram milhares e milhares de birmaneses a fugirem para países vizinhos, bem como para a miríade de campos de refugiados que se alinham próximo das fronteiras. Estima-se que cerca de 700 mil birmaneses fugiram de seu país e vivem na Tailândia, Malásia, Bangladesh e Índia.

O trabalho e o deslocamento forçados são praticados para permitir o controle militar sobre a atividade econômica. Muitas pessoas são desalojadas de suas terras para realizar plantações comerciais e extração de recursos naturais, tais como exploração florestal e tubulações de gás e petróleo. A sistemática violência sexual cometida por pessoal militar contra mulheres de diferentes etnias é endêmica e está amplamente documentada pela Comissão de Direitos Humanos da ONU e por várias organizações femininas.

Os parlamentares da Asean, que visitaram o campo de refugiados, ficaram, como eu, profundamente preocupados pela situação na Birmânia, que o governo militar rebatizou de Myanmar. O atual nível de violência seguiu-se à chegada ao poder dos integrantes da linha dura, depois da purga do ex-primeiro-ministro general Khin Nyunt, no final de 2004.
Desde então, o regime ameaçou sufocar de uma vez por todas todos os grupos de oposição e insinuou, inclusive, que até grupos que declararam cessar-fogo não estão a
salvo.

Como muitos campos ao longo da fronteira, o que visitamos, e cujo nome não darei por razões óbvias de segurança e políticas, abriga mais de 20 mil refugiados, incluindo crianças mulheres e homens. A guerra e a opressão militar têm um efeito devastador sobre a vida das pessoas, já que deixa as vítimas em estado de angústia, depressão e aflição. Essas pessoas desenvolvem um sentimento de desesperança sobre sua própria incapacidade de mudar sua situação e reconduzir seu futuro. Conscientes de que havia parlamentares da Asean visitando seus lares provisórios, os refugiados, que pertencem a diferentes comunidades étnicas, aproveitaram a oportunidade para nos lembrar o quanto nossa missão era urgente e necessária.

Nos disseram que precisavam de nossa voz para que falássemos em seu nome, já que suas próprias vozes foram violentamente silenciadas e oprimidas ao serem obrigados a viver em um campo de refugiados e ficarem privados de meios de comunicação. Nos pediram para dizer ao mundo que eles querem liberdade e Justiça, bem como poder retornar aos seus verdadeiros lares. Eu, que sou do Camboja, um país que ainda se recupera da devastação causada pelo genocídio ocorrido durante o regime de Pol Pot, senti profunda tristeza ao saber pelos refugiados que, entre as muitas trágicas semelhanças entre nossas nações, está a utilização de crianças como soldados.

Na Birmânia, inclusive crianças de 11 anos são freqüentemente retiradas à força de suas casas pelos militares e alistadas como soldados no exército. Segundo recente informe das Nações Unidas, a Birmânia tem, atualmente, o maior número de crianças-soldado em todo o mundo, estimado em 70 mil. Inclusive aquelas crianças que conseguem escapar do serviço militar são freqüentemente escravizadas para fazer trabalhos forçados. Como conseqüência desta situação, aos jovens freqüentemente não resta outra opção senão a de fugir com suas famílias para as selvas e evitar ameaçantes "serviços" que, com freqüência, levam à tortura e à morte.


O garoto na foto tem apenas 13 anos.


O Camboja está tentando, há mais de 15 anos, se recuperar de seu horrível legado.
A Birmânia, entretanto, não muda há mais do que essa quantidade de anos.
A inaceitável utilização na Birmânia de crianças como soldados e para a realização de trabalhos forçados deve ser enfrentada com grande urgência.
Não podemos permitir que as crianças continuem vendo a guerra e suas atrocidades como um componente normal de suas vidas.
Não podemos permitir que sejam perdidas gerações em meio ao medo, à cólera e ao desespero. Não devemos permitir que se empane o fraco brilho de esperança que ainda há em seus olhos. (IPS/Envolverde)

Son Chhay é parlamentar cambojano. (FIN/2006)



Friday, February 23, 2007

Lavando a louça por lavar

Segundo o Sutra da Mente Desperta enquanto se lava a louça, deve-se somente lavar a louça, o que quer dizer : enquanto se está lavando louça, deve-se estar totalmente cônscio do fato de que se está lavando louça. A princípio pode parecer uma tolice : por que dar tanta importância a coisa tão simples?
Se ao lavarmos a louça ficarmos com o pensamento voltado apenas para a xícara de chá que saborearemos a seguir, a tarefa se torna um fardo. Procuraremos automaticamente limpar a louça às pressas para nos livrar da chateação e não estaremos "lavando a louça por lavá-la".
E mais, nós não estaremos vivos durante o tempo em que a estivermos lavando.
Estaremos na verdade sendo incapazes de reconhecer o milagre da vida enquanto à beira da pia. E se não somos capazes de lavar a louça por lavar, é pouco provável igualmente que seremos capazes de saborear o chá a seguir.
Pois ao tomar o chá, estaremos com o pensamento voltado para outras coisas, inconscientes do fato de que temos uma xícara nas mãos. Dessa forma estaremos sendo sugados para fora da realidade presente – e incapazes de viver em totalidade um minuto sequer.
Extraído do livro: "PARA VIVER EM PAZ: O MILAGRE DA MENTE ALERTA" de Thich Nhât Hanh
Tão simples, tão complexo... como a vida! Estar presente no presente.

Thursday, February 22, 2007

GRÁVIDA

Uma das melhores épocas da minha vida: terceira gravidez, terceira vivência de maternidade, aventura sempre repleta de emoções, as mais variadas.



Passei por essa experiência com mais de 40 anos e garanto que me saí muito melhor nas minhas funções maternas do que aos 20...

A mãe fotografada acima, certamente, não pensa igual a mim sobre as delícias e alegrias da maternidade. Mas ela, certamente, quer que seu filho sobreviva, desejo de qualquer mãe, até das irracionais. Apesar da quase ausência de energia nos olhos de ambos, eles estão vivos, existem.

Daria para conversar com essa mãe sobre aleitamento materno, fraldas descartáveis, vacinação? Coisas que para uma grande parte das mães é um assunto básico, para ela é tema inexistente...

A desigualdade que nos separa é a chave para entender nossa sociedade atual: minha bem nutrida aparência de capitalista x sua disforme figura de marginal do sistema.


Mãe aos 14 e aos 40, fenômeno da desigualdade

Em Recife, aos 14 anos, Amanda Carla da Silva deixou de brincar de queimado porque, grávida, tem medo de machucar a barriga. Espera o primeiro filho. No Rio, a professora Maria Alice Nogueira foi mãe de Letícia aos 39, depois de estudar e se estabilizar profissionalmente. Num Brasil em que as mulheres, maioria na população, estão tendo menos filhos, cresce o número de mulheres que são mães nos extremos da fase fértil: dos 10 aos 14 anos, numa explosão de gravidez adolescente que preocupa as autoridades de saúde, ou, num fenômeno dos centros urbanos, dos 40 aos 49, na chamada "última juventude".
O perfil das mães brasileiras divulgado pelo IBGE com base no Censo 2000 alerta que, de 1991 a 2000, o número de jovens de 10 a 14 anos que foram mães pela primeira vez quase duplicou: subiu 93,7%. O segundo maior aumento foi na faixa de 15 a 19 anos, 41,5%. As brasileiras estão tendo filhos mais cedo e a idade média das mulheres que foram mães pela primeira vez caiu de 22 anos, em 1991, para 21,6 anos, em 2000. Segundo o IBGE, 32,5% dos bebês nascidos em 1991 eram filhos de mães com idades entre 10 e 19 anos. Em 2000, a taxa chegou a 38%.
No outro extremo da idade fértil, as quarentonas também têm histórias para contar nesta véspera de Dia das Mães. Na faixa de 35 a 39 anos, o número de mães pela primeira vez subiu 46% de 1991 a 2000. O crescimento também foi expressivo dos 40 aos 49 anos: 26,9%.
Gravidez aos 14 e aos 40 é um fenômeno que fala sobre a desigualdade como marca social brasileira e precisa ser interpretado a partir de um conjunto de fatores, diz Juarez de Castro Oliveira, gerente de Estudos e Análises de Demografia do IBGE:
"A gravidez adolescente está muitas vezes associada à baixa escolaridade e à baixa renda. Alerta também para o despertar mais precoce da sexualidade. Já as mulheres com mais de 40 anos têm situação financeira estável e escolaridade alta. É uma mulher que optou por estudar e trabalhar, deixando para mais tarde a opção de ter um filho".
Das mães de 10 a 14 anos, mais de 80% engravidaram no ensino fundamental: 30,2% tinham de um a três anos de estudo e 53,19% tinham de quatro a sete anos de estudo. Um quarto (25,29%) não tinha rendimento algum, e 52% vêm de famílias com renda mensal de até três salários-mínimos.
Oliveira alerta para o fato de, para muitas adolescentes, a gravidez ser resultado não apenas da falta de informação sobre métodos contraceptivos, mas da busca por auto-estima. Muitas vezes, para uma jovem que não se interessa pela escola nem tem perspectiva de crescimento profissional, ser mãe é uma forma de encontrar seu lugar no mundo e ter relativa independência em relação aos pais.
Outro dado que chama a atenção dos pesquisadores é o fato de 54,74% das garotas de 10 a 14 anos terem dito que vivem ou já viveram em união, um termo que abrange casamentos "no papel e na Igreja" ou não, as chamadas uniões estáveis: "O que é "viver em união" para quem tem menos de 14 anos? Relações céleres, rápidas, como namoro rápido ou simplesmente ficar estão sendo encaradas de forma surpreendente. A gravidez adolescente é um problema sério, e vale lembrar que é também de alto risco para a mãe e o bebê " diz Oliveira.
Tão preocupante que, em Alagoas, em 2000, 18,5% das mães de 10 a 14 anos tinham ao menos dois filhos nascidos vivos. Em outros estados do Nordeste e do Norte - Sergipe, Bahia, Pernambuco, Amapá, Rondônia e Acre - o quadro da maternidade precoce se repete.
O perfil da mãe de mais de 40 anos é outro: 79,03% vivem ou viveram em união; 58,81% são economicamente ativas; 25,73% vivem em famílias com renda superior a dez salários-mínimos e 59,07% têm mais de oito anos de estudo. Esse tipo de gravidez também é considerado de risco. Mulheres que passaram pela gravidez perto dos 40 falam da mudança que o filho causou no foco de vida. É o caso de Maria Alice Nogueira, hoje com 40:
"Sou de uma geração de mulheres que se dedicaram muito ao trabalho e ao estudo. Viajei, morei fora. Até que pensei, ufa! Está na hora de pensar em ter filho. Vejo que foi no tempo certo, depois de ter vivido muitas coisas que eu queria e conhecido a pessoa certa".
"Era o trabalho acima de tudo. Depois do filho, é o filho em primeiro lugar. Eu gostaria de ter outro, mas, quando vejo pelo lado da idade, não dá mais."
Para as mães de mais de 40 que se preocupam em não ter saúde para ver os filhos crescerem, o IBGE tem uma boa notícia. Em relação ao início do século XX, quando a mulher tinha de ter filhos bem cedo porque morria jovem, a expectativa de vida era de 34 anos; a esperança de vida dobrou: a brasileira vive hoje em média 72,6 anos.

(O Globo) maio de 2005

Wednesday, February 21, 2007

Monsanto & Embrapa


Monsanto & Embrapa


Monsanto doa R$ 800 mil à Embrapa para fundo de biotecnologia


Publicada em 13 de novembro de 2006 - Brasília


A aplicação dos recursos será feita por meio de um comitê gestor, composto por membros das duas empresas.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) recebeu hoje (10) da Monsanto R$ 800 mil, que será usado na formação de um fundo para financiar projetos de biotecnologia no Brasil.

A aplicação será feita por meio de um comitê gestor, composto por membros das duas empresas. A doação ocorreu durante cerimônia em que estavam presentes o presidente da Embrapa, Sílvio Crestana, e o da Monsanto, Alfonso Alba.As companhias também assinaram um contrato de cooperação técnica para o desenvolvimento de culturas de algodão com uso da tecnologia Roundup Ready Flex (RRF), que já é utilizado nos Estados Unidos, país que concorre com o Brasil nessa produção.

De acordo com Crestana, o produto reduz de dez para três a quatro anos os resultados da produtividade. O presidente da Embrapa disse que inovações em técnicas agrícolas vêm sendo aplicadas no Brasil de acordo com a legislação, "em termos de procedimentos científico, tecnológico e de biossegurança"."

No caso de produtos transgênicos, eles só são adotados depois de aprovados pela Comissão Nacional de Biotecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia", acrescentou.

*Por Redação do IDG Now!, com informações da Agência Brasil.

A Embrapa mantém uma parceria com a Monsanto desde 1997 (com vigência até 2012) para o desenvolvimento de tecnologias para soja transgênica. 

COMENTÁRIO: Dá para manter a isenção nas pesquisas com um patrocínio destes? Eles já nem disfarçam, as alianças são escancaradas...

Uma empresa que aposta todas as suas fichas na transgenia financiando uma empresa que pesquisa alimentos: 1 + 1 = 2

Pq Fora do Manual!

São ovelhinhas...





NÃO...


aproxime-se, olhe mais perto...



Esse BLOG foi assim denominado em homenagem a uma das minhas comunidades no orkut, que tem o seguinte perfil:

Devemos confiar em todas as informações divulgadas na mídia oficial, sem questioná-las?
Cientistas são deuses, que nunca falham?
Os interesses das grandes empresas no lucro podem estar acima da ética?
Será que sabemos TUDO sobre o que consumimos ou há muita sujeira escondida sob o tapete?

ALGUMAS DÚVIDAS: Os alimentos transgênicos afetam o equilíbrio do meio ambiente?
A soja pode ser consumida diariamente, sem que isso cause prejuízos à nossa saúde?
Flúor, remédio ou veneno?
Cozinhar com microondas é prático, porém, causa "algo diferente" nas substâncias aquecidas?
Vacinas são seguras ou possuem efeitos colaterais graves?
O uso do sutiã seria um dos fatores que desencadeia o câncer de mama?
A panela, conforme o material de que é feita, transfere metais tóxicos para a comida?

Se você procura informação diferenciada, achou a comunidade certa: aqui estão textos e notícias que não costumam estar nas primeiras páginas dos jornais, nem aparecem nos programas de domingo na TV.

Basicamente, esse é o teor do blog, apenas terá mais comentários pessoais, poderei "soltar mais as tranças ao vento"...
Tenho outras comunidades, que falam sobre alimentação natural, crianças e mães naturebas, amores bobos, o veneno do leite e o veneno das vacinas... mas, FORA DO MANUAL é a "menina dos meus olhos", talvez pq acabe abraçando os tópicos das outras, sendo uma comunidade amálgama.

Sou jornalista, adoro investigar, pesquisar, enfim, ir atrás do conhecimento, principalmente quando ele teima em esconder-se ou anda por aí disfarçado, usando fantasias vistosas e irreais.
Dizem que a "curiosidade matou o gato", mas ele deve ter se divertido bastante e além do mais, tem 7 vidas...

Seja bem-vindo a espiar o que está debaixo do tapete, se é que você não se importa com a sujeira e a escuridão...