quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Visitando o Iberê Camargo


Inaugurado em maio de 2008, o Museu Iberê Camargo, construído às margens do Guaíba em Porto Alegre, não tinha recebido ainda a minha visita (já notaram que turistas costumam visitar lugares interessantes com mais frequência do que os moradores desses locais?).
Fomos minha filha, eu e um amigo de SP (o André), aliás, a mola propulsora, aproveitamos a presença dele como motivação para a ida até o Iberê.
A construção do próprio museu é impressionante e como define seu criador, o arquiteto Álvaro Siza, é "quase uma escultura", primeiro projeto dele no Brasil e primeiro também a utilizar concreto aparente.
A imensidão branca e arredondada causa impacto desde sua entrada e ao subirmos as rampas onduladas que vão nos transportando aos diversos andares.
Nos encantamos com as paredes e o teto alvos, a madeira clara e brilhante do chão e, principalmente, com as aberturas envidraçadas que mostram uma linda visão da cidade: o rio, os prédios distantes, a chaminé do Gasômetro e o céu, que estava particularmente lindo, com nuvens desenhadas pelo grande arquiteto do Universo, jamais superado pelas obras humanas.

Vejam só essa beleza:


Havia uma exposição de artistas abstratos que, decididamente, pouco me emocionou e, sei lá se apreciar arte tem a ver mais com emoção ou com a razão, mas me lembrou aquela história do "rei está nu" e para mim, o rei estava nu! Se dar uns rabiscos numa tela ou atirar gotas de tinta numa delas - ou pior ainda, pintar um pedaço de madeira compensada com uma única cor - e expor isso como arte, motiva alguém a sensibizar-se, sinto muito, então sou uma pedra e não sinto absolutamente nada, ou melhor, sinto tédio...
Guardar e mostrar os rascunhos do autor, que o levaram à obra final, pode ser interessante até certo ponto, pois ver um pedaço de papel rasgado com dois riscos vermelhos não me acrescentou nada, por exemplo.

Não estou aqui para desconstruir a Arte moderna e/ou abstrata ou simplesmente avacalhá-la, mas, convenhamos que pegar um toco de madeira, fincar ali um prego e nele amarrar um pedaço de arame é o tipo de "manifestação artística" que não me atinge - sou burra, desinformada ou apenas gosto de ver manifestações mais elaboradas? Há pouco tempo estava no ar uma novela onde um pintor fazia grande sucesso com suas telas, que eram "pintadas" por um macaco... um tanto exagerada a metáfora, mas ajuda a pensar a respeito de conceituações sobre o que é arte.
Me intriga também porque o artista fica anos fazendo cursos de arte, alguns até no exterior, para depois pegar uma tela e pintá-la, em toda sua extensão, com uma só cor e expô-la? Não terá a mesma significação de um pintor de paredes que faz o mesmo, apenas trocando a tela por uma parede?
Aliás, as cadeiras do museu são belíssimas, obras de arte que me chamaram mais a atenção do que algumas que estavam expostas como tal.

Resolvemos criar algumas instalações próprias dentro de uma instalação catalogada como pedagógica; foi divertido inventar dentro daquele lugar fantástico que é o prédio do Museu Iberê Camargo! Esqueçam tudo que falei a respeito das exposições, vão lá visitar e teçam suas próprias opiniões...

Bala Perdida I


Andorinhas no Varal II


Férias na Côte d'Azur III


Isso é e não é

2 comentários:

Andre de P.Eduardo disse...

Os melhores críticos de arte eram os guardinhas do museu...
Beijão pra ti e pra Isoca! vai pro meu arquivo emocional - muito amor pra vc´s, sempre!
(DeCcO!)

Vera Falcão disse...

Tens muito do nosso carinho também! Foram passeios muito legais e divertidos nesses dias, valeu, Andrééééé!