Na edição de ZH de ontem, sexta-feira, 29, vem encartado um guia da Expointer 2008 - leia-se um guia para o circo de atrocidades contra animais - entre elas, um "leilão do bem":
"Na quinta-feira, 4 de setembro, às 19h30min, a Casa RBS será palco de uma noite solidária.
É o Leilão do Bem - Desfile de Moda em Couro.
O evento é uma parceria entre o Canal Rural, a estlista Liliane Richter e a Fenac. Na passarela, grandes nomes do jornalismo do Grupo RBS vão desfilar a coleção de inverno e tendências da moda em couro para o verão 2009. As peças serão leiloadas e a renda destinada a instituições de caridade.
Tânia Carvalho (foto) e Tatata Pimentel apresentarão o evento. As vendas serão comandadas por Alexandre Crespo."
Detalhe da foto (não registrada aqui) : a apresentadora veste um casaco feito com couro e tem um bicho (?) enrolado no pescoço (aparenta ser uma raposa...). Como jornalista, a referida senhora deveria estar mais bem-informada sobre a tendência mundial de evitar o uso de peles, que são literalmente arrancadas dos corpos dos animais, causando-lhes enorme sofrimento; não justifica-se o uso de peles para aquecer o pescocinho das madames num inverno nem tão rigoroso assim... mas é tão chic, não?
Pode ser até que ela venha com aquela manjada desculpa de que a pele é sintética, mas o casaco tenho certeza de que é do mais puro couro bovino (muuuuuuuuu!).
A notícia me levou a pensar sobre a incoerência de fazer caridade para uns utilizando a dor e o sofrimento de outros.
Tal Feira perpetua a cultura do uso e abuso de animais e as crianças, que adoram admirar as vaquinhas e os boizinhos nesse evento, será que permaneceriam saltitantes e sorridentes se os pais mostrassem a elas o que ocorre num matadouro, ou seja, como aqueles bichinhos fofos viram comida no prato? Lembro que quando era pequena e comia meu bife a milanesa, não tinha a menor idéia de como aquele alimento chegava à nossa mesa, aliás, nem pensava nisso, já que minha mãe escolhia o que julgava o melhor para a minha alimentação e eu, simplesmente... comia!
Ingenuamente, as crianças absorvem o ensinamento de que os animais são matéria prima para os hamburgers e milkshakes, sem nenhuma noção de ética embutida na lição.
Hamburgers e milkshakes são os principais itens do cardápio do McDonald's e a maioria das crianças são apaixonadas por eles - sem saber que o sofrimento das vacas proporciona a existência desses petiscos, também desconhecem o excesso de gorduras e aditivos artificiais que vêm como ingredientes das McDelícias.
E hoje, sábado, 30, circulando por um shopping center, vi que era um McDia Feliz, quando a renda obtida com a venda do Big Mac é revertida para instituições que tratam de crianças com câncer.
Como nossa civilização chegou ao ponto de ter um número tão grande de crianças doentes?
A resposta caberia em muito mais espaço do que esse post, mas uma parte dela seria que empresas como esta são causadoras de problemas de saúde que afligem a infância e a adolescência no mundo inteiro, já que o vírus mcdonaldiano foi exportado dos EUA para o resto do planeta, criando uma epidemia que ninguém pensa em extingüir.
Sabe-se que uma das principais causas de câncer é o junky food, nos moldes do disseminado por essas lancherias, sendo que há crianças que batem pé e só aceitam tal tipo de dieta.
Essa espécie de benemerência soa como tapar o sol com a peneira... ou desvestir um santo para vestir outro (dizia minha avózinha).
E, para minha surpresa, vejo no interior dessa lancheria, num palco improvisado, com cara de sono e a indefectível touca de lã, Nei Lisboa, incentivando o público a consumir muitos bigmacs, apadrinhando a campanha com melodias que as crianças não identificavam, mais interessadas nos balões e outros artifícios para atrair sua fugaz atenção.
Porque o espanto ao deparar com a cena?
1) vejo o cara que gravou Pra viajar no Cosmos não precisa Gasolina e Carecas da Jamaica, de repente ali, cercado por balões, cantando pra incentivar um projeto manipulador de uma multinacional sacana que vende lixo - ficou visível demais minha decepção?
2) pra quem não conhece o sujeito, uma vaga idéia ouvindo a crítica: "o nome de Nei Lisboa vem carregado de lendas, de histórias e de uma força quase mítica. O veterano trovador, que faz de Porto Alegre a principal personagem de suas canções, pode ser classificado, sem medo de errar, como uma espécie de Bob Dylan do Sul."
Não gostei de ver o Bob Dylan do Sul trovando no Mc Donald's... tá certo, ele pode alegar que é benemerente, assim como o desfile de casacos de couro é por uma boa causa, então, o que fazer se os fins justificam os meios?
Um comentário:
Vera,sou eu Mary,do orkut,sempre passo por aqui...hoje é o Blog Day,então todos os blogueiros do mundo inteiro estão indicando 5 blogs diferentes em conteúdo dos seus...e indiquei o teu ok? se quiser fazer o mesmo,pega as instruções no site do blogday.org....bjos
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