quinta-feira, 5 de abril de 2012

Se ama uns, porque é cruel com outros?

Fui ao Mercado Público comprar chocolate, na área central da cidade (Porto Alegre) e lá estava montada a Feira do Peixe, dezenas de balcões com peixes e crustáceos expostos, aquele cheiro forte e característico espalhando-se pelo ar e, subitamente, parei quando vi dois tanques grandes, cheios de águas e de... carpas! Vivas, nadando num espaço exíguo, belíssimas e enormes, cheias de vida e desespero! O povo aglomerava-se na cerca de metal em volta dos tanques, esperando, divertindo-se com o nado das carpas em cativeiro... Fiquei também esperando para ver como as vendiam: um rapaz retirava a carpa da água, pesava na balança e colocava-a numa sacola de rede plástica e depois, numa sacola maior... dava pra perceber a agonia do bicho lá dentro! Como se notasse minha aflição, uma senhora ao meu lado, começou a contar sobre sua experiência do ano passado, quando comprou uma carpa, levou-a pra casa (disse que ela não sossegou durante o percurso do ônibus) e de como seguiu as instruções para matá-la da melhor forma, segundo um funcionário: encher o tanque de roupas com água, colocar a carpa lá dentro, pegar um martelo ou ferramenta pesada e dar com ela, usando toda a força possível, bem no meio da cabeça da coitada... logo após, esvaziar a água do tanque. A senhora disse não ter tido coragem, uma amiga foi a executora. Mas descreveu as receitas suculentas que fez com o animal... matar, não, mas comer, sim! Esse espetáculo me deprimiu, me fez chorar em silêncio e pensar que as pessoas perderam, definitivamente a sensibilidade...

 E o mais triste mesmo é que nenhuma ONG protetora de animais vai fazer alguma coisa por esses bichos, nenhuma entidade que abomina a crueldade contra os animais vai manifestar-se, enfim, as carpas vão continuar presas num tanque para diversão da platéia, serão vendidas vivas e mortas nas casas dos consumidores, pra virar comida da Sexta-Feira Santa... santa?


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