domingo, 8 de março de 2009

Aquecimento global: tem gente que não acredita


Na última sexta-feira, dia 6 de março, ZH/POA publicou matéria de duas páginas sobre o tema e enfatizou a divisão entre os céticos e os chamados alarmistas, que acreditam que a intervenção humana está influenciando o clima do planeta e seguem os relatórios publicados pelo Painel Intercontinental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), principal divulgador dos riscos de colapso ambiental.

Quem estará com a razão a seu lado?

Uma conferência que iniciou nesse domingo, dia 8/03, em Nova York/EUA, promete elevar a temperatura da controvérsia entre cientistas que acreditam no aquecimento global e a crescente corrente que nega os efeitos da ação humana sobre o clima planetário.

Independente de quem esteja coberto de razão, estamos presenciando as mudanças climáticas, o degelo progressivo, a ausência das quatro estações definidas e outras alterações que qualquer um pode perceber - se é que isso não vai contra seus interesses...

O que pensam os dois lados

Sobre a temperatura global

Céticos
Há duas vertentes principais: uma acredita que o mundo de fato está se aquecendo, mas não por interferência humana. Parte dessa corrente acredita ainda que em pouco tempo esse aquecimento temporário terá fim.
Os céticos mais radicais, porém, são contrários à própria tese de que as temperaturas
estão em elevação. Para esses especialistas, o mundo já se encontraria em um
período de resfriamento – demonstrado pelo fato de 2008 ter sido mais frio do
que os três anos anteriores.

Painel Intercontinental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
O consenso dos relatórios é de que a ação humana intensifica o ciclo de mudanças
climáticas no planeta – o que inclui a tendência de aumento médio na temperatura.
Os cientistas alinhados com o IPCC explicam que essa tendência não é linear – pode haver uma sequência de anos um pouco mais frios sem que isso contradiga a teoria. Além disso, quando se fala em clima, leva-se em consideração um período de pelo menos 30 anos.
Essa análise aponta que 2008, mesmo sendo mais frio que os anos anteriores, foi o 10º
mais quente desde meados do século 19.

Emissões de CO2

Céticos
De maneira geral, consideram que a capacidade humana de interferir no clima
global por meio da emissão de CO2 é mínima. Seria tão pequena que os instrumentos
modernos nem sequer teriam condições de medi-la.
Uma corrente significativa considera que, em vez do gás carbônico, o vapor d’água é mais importante para a manutenção da temperatura.
A maior parte dos céticos aponta ainda a variação na atividade solar e os ciclos de
aquecimento do Oceano Pacífico como razões naturais e normais para sucessivas
variações climáticas de aquecimento e resfriamento.

Cientistas alinhados com o IPCC
Os cientistas alinhados admitem que o vapor d’água cumpre papel importante no
clima, e os atuais modelos informatizados estão tentando incluir este dado em seus
cálculos. Porém, isso não descaracterizaria o fato de que os gases estufa – dos
quais o CO2 é um dos principais expoentes – respondem pelo aumento da temperatura
global ao represar o calor devido a suas propriedades naturais.
A tese do IPCC não é de que a ação humana responde sozinha pelas variações climáticas, mas de que está intensificando a tendência de aquecimento por meio da
emissão excessiva de CO2.

Degelo na Antártica e no Ártico

Céticos
Sustentam que, no norte do globo, o derretimento não está afetando a Groenlândia.
No sul do planeta, observam que o derretimento do gelo se limita à Península
Antártica, a região mais próxima do continente americano, devido à passagem
de correntes marítimas um pouco mais aquecidas. Por outro lado, apontam que
há um acréscimo na queda de neve em 98% do interior do continente. Isso anularia
a teoria de que as calotas polares estão comprometidas pelo aquecimento.

IPCC
O glaciologista gaúcho Jefferson Simões confirma que o gelo diminui apenas
na Península Antártica e neva mais no interior do continente. Argumenta, porém,
que o aquecimento atual é insuficiente para derreter o gelo continental antártico
– e isso não invalida o consenso do IPCC sobre as mudanças climáticas.
É o bastante, porém, para derreter o gelo no sul da Groenlândia.
Segundo Simões, a avaliação de que essa ilha não está sendo afetada é inverídica.

Aumento do nível dos oceanos

Céticos
Entendem que o progressivo aumento no nível dos oceanos é um fenômeno natural e sem qualquer relação com a ação humana e a tese de aquecimento global. O principal indicador disso é que vem ocorrendo há pelo menos 18 mil anos em um ritmo que até o momento não deve ser motivo para preocupação.

IPCC
Há concordância com o fato de que o aumento no nível do oceanos é verificado
há milênios. Porém, sustenta que as observações realizadas nos últimos 140
anos permitem dizer que o ritmo desse aumento se intensificou. A razão para isso
é o derretimento das geleiras em terra, cuja água corre para o mar.

Nem todos os céticos acham que o aquecimento global não existe. Mesmo entre eles, há opiniões divididas – o que os une é a discordância em relação ao alarmismo em torno do problema.

Há basicamente três tipos de céticos:

1. RADICAL
Não acredita que o mundo esteja esquentando. Alguns afirmam
até que a Terra está prestes a enfrentar uma nova era glacial.

2. DESCRENTE
Aceita que a temperatura global está subindo, mas não que o
homem seja o culpado. Segundo ele, as emissões de dióxido de
carbono (CO2) não estão relacionadas com o aquecimento da Terra.

3. MODERADO
Acredita que o aquecimento global existe e que seja causado
pelo homem, mas não concorda com o alarmismo da mídia e de
alguns cientistas ao falar sobre o problema, que não seria tão grave assim.

Para aprofundar-se na questão, assista, leia e depois escolha o seu lado:

Uma Verdade Inconveniente (2006)
O documentário apresentado pelo ex-vice-presidente americano Al Gore se tornou um dos filmes mais populares e comentados do mundo. Nele,são mostradas evidências e prejuízos provocados pelo aquecimento global.
O engajamento ambiental de Gore levou-o a receber um prêmio Nobel da Paz em 2007.

A Grande Farsa do Aquecimento Global (2007)
Também no formato de um documentário, The Great Global Warm Swindle (A Grande Farsa do Aquecimento Global) – produção veiculada pelo Channel 4 britânico – procura contestar as informações de Al Gore e do IPCC sobre o aquecimento global. A tese apresentada é de que as mudanças no clima são fruto de fenômenos naturais, como variações na atividade solar.

Cool It – Muita Calma Nessa Hora – O Guia de um Ambientalista Cético Sobre o Aquecimento Global
Escrito por Bjørn Lomborg, um dos principais nomes das correntes céticas em
todo o mundo, o livro sustenta que muitas das ações caras e complexas em consideração para parar o suposto aquecimento global não são baseadas em evidências científicas, custariam bilhões de dólares e teriam pouco efeito.
Ele diz: "Sou contra a forma como a mídia trata o aquecimento global, que é muito exagerada e parcial. Também acredito que está errado dizer que o aquecimento global não é real."
Editora Campus, 201 páginas.

O Aquecimento Global – Causas e Efeitos de um Mundo Mais Quente
Escrito por Fred Pearce e publicado pela coleção Mais Ciência, mostra as
mudanças climáticas provocadas pela atividade humana – sobretudo pela
emissão dos gases que provocam o efeito estufa - e traz opiniões de pesquisadores, ilustrações e gráficos.
Publifolha, 72 páginas.

Importa quem está com a razão?
Creio que importante é obter um consenso sobre quais medidas devem ser tomadas e agir para que elas realmente aconteçam - e a tempo...

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