sábado, 7 de abril de 2012

Presídio Central de PoA/RS: vergonha!


Só tenho uma palavra pra descrever a situação do Presídio Central de Porto Alegre (considerado o mais superlotado do Brasil): degradante... as imagens que foram mostradas anteontem em telejornal, em nível nacional, além de indicar o descaso da administração e dos vários responsáveis (que ficam atirando o problema de mão em mão, como uma batata quente), denunciam a nojeira das instalações em que vivem os presidiários (aliás, estes não apareceram nas imagens, foram transferidos para outra galeria durante a captação delas). Ok, ninguém está querendo instalações de luxo para cidadãos que estão acertando suas contas com a lei, mas um mínimo de dignidade e higiene caíram bem, concordam?
Foto de Daniel Marenco/ZH, em matéria realizada em 2008, quando a situação já era catastróficaPresídio Central - uma vergonha revelada

Mais sobre a novela do Presídio Central de Porto Alegre (uma novela que não dá a mesma audiência das transmitidas pela Globo nem é ficcional): Depois da pressão exercida pela mídia, o país inteiro ficou a par da nossa vergonhosa instalação carcerária (sim, a mídia também comete boas ações, se bem que sempre desconfio que por trás delas exista algum joguinho político, um acerto de contas, um desafeto sendo punido... paranóica, eu? hehe) e a Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre decidiu interditar, temporariamente, o Presídio Central.
A medida foi anunciada ontem e entra em vigor em 1º de maio. E, pasmem, essa medida já havia sido definida em 1995, mas só agora vai ser cumprida! MAS... senta que lá vem a má notícia!
A Susepe definiu que os presos conduzidos ao Central serão encaminhados à Penitenciária Modulada de Charqueadas ou à Penitenciária Estadual de Charqueadas... Obviamente, o prefeito de Charqueadas, Davi Gilmar de Abreu Souza, recebeu de forma negativa a transferência de detentos condenados para o complexo prisional do seu município (disse que governos anteriores já tinham "desrespeitado" a população ao determinar o envio de mais apenados).
"O governo acha que Charqueadas é terra de ninguém", desabafou. Informou também que vai mobilizar a cidade para tentar reverter a situação, solicitando uma audiência pública para debater a questão. (Informações editadas do CP/RS de hoje)



2 comentários:

Anônimo disse...

Olá,
Muito boa matéria, sou estudante de Direito e por uma pesquisa de imagens sobre o sistema carcerário, acabei no teu blog, que é muito interessante. Sobre o texto, gostaria de acrescentar, que como de costume, os únicos culpados não são os políticos que passam a batata de quente de mão em mão como tu muito bem se referiu, mas acredito que o presídio central seja o reflexo do pensamento senso comum que temos em relação ao que queremos que aconteça com o apenado. é engraçado como não gostamos de pessoas sujas, maltrapilhos, os empurramos para zonas periféricas para que lá morram e constantemente confundimos o acusado com o crime, ele é o crime, e não apenas o cometeu. A opinião da maioria é ainda reforçada pelas mídias em massa que exaltam a tortura e a morte através de programas sensacionalistas que só fortalecem nossa cultura inquisitorial e o resultado de tudo isso é o Presídio Central e um sistema carcerário falido. O problema é social, muito maior que uma instalação precária e com certeza degradante. o Brasil é um dos únicos países que nunca reformou seu código penal determinsta e até ditatorial, necessitamos de mudanças e tem que começar por nós mesmos. E mais acho que tu não estás paranóica, quanto mais nos informamos, lemos e adquirimos conhecimento, mais nos distanciamos do senso comum e somos taxados como paranóicos, porque nossa cultura é isolar quem está PENSANDO. Um abraço! e obrigada pelas ótimas leituras que realizei no blog. Vanessa.

Vera Falcão disse...

Olá, Vanessa, fiquei super satisfeita por teres aproveitado publicações aqui do blog! É verdade que por pensarmos claramente sobre os fatos nos faz enxergar através dos veús e isso pode ser perigoso, ou no mínimo, nos tornar personae non gratae. Porém, quando se tem uma forte convicção de que não podemos ser hipócritas e fingir que o rei não está nu, só nos resta segui-la. O que muito me indigna é que algumas pessoas recebem tratamento especial quando são encarceradas e os demais, a ralé, vive nesse chiqueiro destinado a humanos. Provavelmente, se eles fossem obrigados a compartilhar dessa sujeira, as coisas mudariam de forma mais rápida. Sabemos que as diferenças sociais sempre irão existir (utopicamente, um dia, elas vão desaparecer), mas mesmo que pessoas sejam tratadas de formas diferentes não há justificativa para que seres vivos habitem a sordidez, que não tenham um mínimo de dignidade no seu cotidiano. Se a pessoa não consegue sentir isso por um desconhecido, que ela julga um bandido, tente imaginar então alguém de sua família, alguma pessoa a quem ela muito ame, tendo que habitar essas nstalações, porque ninguém está livre de acabar aí dentro: o futuro é imprevisível. Certamente, não iríamos querer nossos amados chafurdando na lama, e quando a coisa torna-se pessoal, parece que os olhos abrem-se e nos tornamos sensíveis ao próximo. Volte sempre, um grande abraço!