Tire a venda dos seus olhos e aproxime-se! Leia nas entrelinhas e procure ver através do brilho da ilusão, pois vivemos como mansas ovelhas agrupadas em um rebanho comandado por meia dúzia de pastores. Atreva-se a mudar sua posição, pois a Verdade não é aquela que nos mostram e obrigam a viver, através das mais variadas artimanhas e armadilhas. Faça diferente! (Vera Falcão)
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
"A Monsanto não é confiável"
Essa é uma questão beeeeeeeem antiga, já comentei sobre ela várias vezes, aqui no blog e também nas minhas comunidades do orkut.
Quem leu a história dessa corporação, sabe disso; só que a verdade vem à tona aos poucos, conforme pessoas pesquisam e denunciam as falcatruas escondidas sob o tapete da sala...
É o caso da documentarista e jornalista francesa, Marie-Monique Robin, que já publicou livros denunciando uma rede internacional de tráfico de órgãos e a prática da tortura na Guerra da Argélia e agora lançou O Mundo Segundo a Monsato, contando como uma indústria de químicos virou a maior companhia mundial de sementes geneticamente modificadas (transgênicas) e uma das empresas mais influentes do planeta, segundo a revista Business Week.
Marie relata como a empresa produziu durante 50 anos um isolante elétrico conhecido por PCB (bifenil policlorado), um produto banido dos EUA na década de 80 e foi condenada por contaminar o meio ambiente e o sangue dos cidadãos.
“Quase já não existem mais sementes naturais na agricultura do mundo”, diz Marie. “Será mesmo confiável deixar todo esse poder nas mãos de uma empresa como a Monsanto?”
“O Mundo Segundo a Monsanto” virou um documentário feito pela agência de cinema do Canadá. Para investigar a história, a jornalista passou cinco anos levantando 500 mil páginas de documentos e viajando para Grã-Bretanha, Índia, México, Paraguai, Brasil, Vietnã, Noruega e Itália.
Leiam a entrevista que ela deu à revista ÉPOCA:
ÉPOCA – Existem outras companhias que também desenvolvem a biotecnologia e possuem patentes sobre sementes. Por que fazer um livro exclusivamente sobre a Monsanto?
Marie-Monique Robin - Há cinco anos, quando trabalhava em três documentários sobre biodiversidade e os organismos geneticamente modificados - e ainda acreditava que eles não teriam problemas - eu acabei viajando muito. Fui para o Canadá, México, Argentina, Brasil e Índia, e em todas essas regiões eu sempre encontrava denúncias contra a Monsanto. Foi quando eu decidi buscar quem é essa companhia que é agora a maior produtora de biotecnolgia e de alimentos geneticamente modificados do planeta.
ÉPOCA – E como seria o mundo segundo a Monsanto?
Marie - Cheio de pesticidas. Cerca de 70% dos alimentos geneticamente modificados são feitos para serem plantados com uso do agrotóxico Roundup. Ao comer uma transgênico, a pessoa está praticamente ingerindo Roundup. E, ao contrário do que propagou a Monsanto, esse pesticida não é bom ao meio ambiente e muito menos biodigradável. Ele é muito tóxico. Tenho certeza que nos próximos cinco anos ele vai ser proibido no mundo, tal como aconteceu com outro produto da companhia, o DDT. O mundo segundo a Monsanto também é dominado por monoculturas. O que é um problema para a segurança alimentar, pois concentra a produção de alimentos na mão de poucos. Também considero arriscado deixar a alimentação mundial na mão de companhias que no passado produziam venenos e armas químicas como agente laranja, despejado por tropas americanas no Vietnan.
ÉPOCA – A história do Vietnam foi há 30 anos, e a opção por usar armas químicas foi do governo americano, e não das companhias. Por que culpar a Monsanto?
Marie - Mas os danos acontecem até hoje, e ninguém que lucrou com a venda desses produtos quer se responsabilizar. A venda de agente laranja para o governo americano foi um dos negócios mais lucrativos da Monsanto. Quando visitei o Vietnâ, vi hospitais repletos de crianças deformadas que nasceram assim por causa do agente laranja. Eles nascem deformados até hoje, porque o ambiente continua contaminado. Além do agente laranja, também usaram bifenil policlorado (um produto banido no mundo) nas misturas jogadas no país, que a própria Monsanto sabia serem tóxicas desde 1937. Nem os soldados americanos foram alertados. Muitos ganharam na justiça o direito de indenização sobre as deformações, câncer e outras doenças adquiridas pelo bombardeio químico feitos durante a guerra. E não é só no Vietnã. Há lugares no Canadá, na França e até no Brasil. O problema é que empresa sabia da toxidade desses produtos e optou continuar lucrando com eles. Como acreditar agora que o Roundup e os transgênicos são seguros?
ÉPOCA – Como a senhora pode provar que a Monsanto sabia que estava vendendo algo tóxico?
Marie - Na cidade americana de Annistion, no Alabama, estava uma das maiores plantas de produção de químicos do Monsanto. Em 2002, os moradores conseguiram comprovar a toxidade dos PCBs. A Monsanto foi condenada a pagar US$ 700 milhões de dólares pela contaminação causada ao meio ambiente e as pessoas da cidade. Eu tive acesso a documentos da companhia, com testes de toxidade feitos pela própria empresa. Eles sempre souberam. O pior é que a Monsanto continua a afirmar em seu webiste que não há ligação entre os PCBs e o câncer. Existem mais de cem estudos publicados que fazem essa comprovação. Até a Agência Americana de Meio Ambiente faz a ligação entre os PCBs e o câncer.
ÉPOCA – Se a empresa é tão perigosa, como seus produtos conseguem aprovação e clientes em vários países do mundo?
Marie - A Monsanto é uma companhia influente porque usa seu poder econômico para pressionar governos e também infiltra seus ex-funcionários em cargos políticos.
ÉPOCA – Onde estão as comprovações científicas contra os produtos da empresa? A senhora já sofreu alguma ameaça ou perseguição após a publicação do livro?
Marie - Os cientistas que testemunharam no meu livro foram afetados por campanhas difamatórias movidas pela Monsanto. Alguns perderam seus laboratórios, equipes, e nos piores casos, o emprego. Arpad Pusztai, que era pesquisador do Instituo Rowett, na Inglaterra, foi acusado de distorcer uma pesquisa que comprovava a toxidade das batatas transgênicas. O fato foi desmascarado por uma comitiva de cientistas internacionais e publicadas na primeira página do jornal The Guardian, em 1999. Outro caso foi do professor da universidade americana de Berkeley, Ignácio Chapela. Ele detectou a contaminação de milhos naturais pelas variedades trasngênicas, no México. Chapela sofreu a mesma campanha difamatória contra os resultados de sua pesquisa, chegou a ser demitido da universidade, mas conseguiu voltar ao posto após uma ação judicial.
ÉPOCA – Qual é o objetivo da empresa?
Marie - Eles querem controlar a produção de alimentos no mundo. Isso já aparece de várias formas. Primeiro, pela lei de patentes, que lhes dá direito sobre as sementes. Depois, eles usam a manipulação genética para criar plantas estéreis que não produzem sementes. Isso obriga os fazendeiros a comprarem sementes da empresa todos os anos. E por último, há os royalities cobrados após a colheita dos fazendeiros que foram obrigados a comprar sementes, adubos e agrotóxicos da Monsanto. Esse processo já acontece até no Brasil. Após a liberação da venda dos geneticamente modificados, a empresa começou a comprar todas as grandes produtoras de sementes do mundo. E hoje, a Monsanto é a maior empresa de sementes do planeta. O resultado é que se um fazendeiro quiser mudar sua produção de transgênicos, e voltar ao tradicional, daqui a alguns anos, provavelmente ele não vai conseguir. Pois só vão existir sementes transgênicas. E da Monsanto. Essa já é uma realidade dos Estados Unidos, onde quase não há mais produção livre de transgênicos. Na Índia não existem mais sementes de trigo que não sejam transgênicas também. Um dos problemas que intensifica esse processo é que a produção de transgênicos contaminada a tradiconal. A prática de imposição dos seus produtos é tão séria que nos EUA já existem processos contra a Monsanto por monopólio, algo similar ao que aconteceu com a empresa de tecnologia Microsoft.
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