sábado, 31 de janeiro de 2009

Medicina personalizada


Era dos tratamentos "tamanho único" pode chegar ao fim
DNA indica melhor droga para cada paciente


Andrew Pollack escreveu para o “New York Times” - publicado na Folha de São Paulo (12/01/09)

Durante mais de dois anos, Jody Uslan tomou o medicamento tamoxifeno na esperança de evitar a reincidência de um câncer de mama. Até que um novo exame sugeriu que, por causa da sua composição genética, a droga não lhe fazia nada bem.

"Eu estava devastada", disse Uslan, 52, que parou de tomar tamoxifeno e agora avalia tratamentos alternativos. "Você descobre que tomou esse medicamento por todo esse tempo e que não tinha benefício algum."

A situação dela é bastante comum -e não só entre centenas de milhares de usuárias de tamoxifeno nos EUA.

Especialistas dizem que a maioria das drogas, para qualquer doença, só funciona em cerca de metade dos pacientes. Isso significa um desperdício de aproximadamente US$ 300 bilhões por ano em remédios nos EUA, além de inúmeros pacientes sendo expostos a efeitos colaterais desnecessários.

É natural, portanto, que se depositem tantas esperanças na chamada "medicina personalizada", em que um rastreamento genético e outros exames auxiliam os médicos a determinar um tratamento sob medida -ou seja, qual droga é melhor para cada paciente-, em vez de continuar tratando todos de forma igual, na esperança de beneficiar uns poucos felizardos.

Os medicamentos Erbitux e Vectibix, contra câncer do cólon, por exemplo, não funcionam em cerca de 40% dos pacientes cujos tumores têm uma mutação genética específica. A FDA (órgão dos EUA que regulamenta drogas e alimentos) realizou recentemente uma reunião para discutir a conveniência de examinar os pacientes de modo a restringir o uso dessas drogas, cujo custo é de US$ 8.000 a US$ 10 mil por mês.

Um exame genético poderia, também, ajudar os médicos a determinarem a melhor dose de warfarina, um anticoagulante usado por milhões de americanos. Dezenas de milhares deles são hospitalizados todos os anos por causa de hemorragias internas provocadas por superdosagens ou por coágulos após doses insuficientes.

"Se você poupar uma internação para cada cem novos usuários de warfarina, você mais do que compensa o custo de testar todos os cem", disse Robert Epstein, executivo-médico-chefe da Medco Health Solutions, que administra planos empresariais de assistência farmacêutica. Esse exame custa entre US$ 100 e US$ 600.

Apesar de todo esse potencial, os especialistas veem alguns obstáculos formidáveis no caminho da terra prometida da medicina personalizada.

"Vai levar 20 a 30 anos para que tudo isso fique claro", disse Gregory Downing, que comanda os programas de incentivo à saúde personalizada no Departamento de Saúde dos EUA.

Os obstáculos incluem os laboratórios farmacêuticos, que podem relutar em desenvolver ou estimular exames que afinal limitariam o uso das suas drogas. Os planos de saúde podem não bancar os exames, cujo custo pode chegar a milhares de dólares. Para os fabricantes dos testes, que apostam num grande crescimento do setor, o principal empecilho pode ser provar que seus produtos são precisos e úteis.

Ao passo que é possível submeter as drogas a testes clínicos antes de comercializá-las, não há um processo geralmente reconhecido para a avaliação dos exames genéticos, muitos dos quais podem ser vendidos pelos laboratórios sem a aprovação da FDA.

A Genentech, que desenvolve drogas contra o câncer, solicitou recentemente à FDA que regulamente esses testes. O laboratório apontou "riscos à segurança dos pacientes, já que mais decisões sobre o tratamento se baseiam total ou parcialmente em afirmações feitas pelos fabricantes de tais testes".
Apesar de todos os obstáculos, a medicina personalizada virá. Mesmo os laboratórios, que temem a redução nas suas vendas, estão começando a perceber que seus remédios podem não ser aprovados ou comprados se não houver mais evidências de que funcionam de fato.

No ano passado, por exemplo, as autoridades europeias disseram que o Vectibix, do laboratório Amgen, não fornecia aos pacientes benefícios que justificassem sua aprovação. Então a Amgen reanalisou os dados do seu teste clínico. Como os resultados mostravam que o Vectibix funcionava melhor em pacientes cujos tumores de cólon não tinham uma mutação num gene chamado Kras, a droga foi aprovada apenas para esses pacientes.


Para mim, a medicina personalizada já existe há muito tempo... chama-se HOMEOPATIA...
Será que ainda vão levar de 20 a 30 anos para perceber algo que está diante do nariz de todos mas não é "visto"?
Cegueira - quando vamos despertar?
A propósito, assistam ao maravilhoso filme - Cegueira, de Fernando Meirelles - que mostra que a realidade é uma questão de ponto-de-vista. Ou leiam Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago. Melhor ainda: absorvam ambas as obras.

Nenhum comentário: